O correto é impermeabilizar durante a construção
Impermeabilizar para prevenir e recuperar estruturas danificadas pela umidade é fundamental, já que mais de 50% das manifestações patológicas surgem por causa da umidade. Entre elas estão corrosão, fungos (mofo e bolor), fissuras, desplacamento de revestimentos e manchas de umidade.”
Entretanto, com um trabalho cuidadoso de impermeabilização, é possível conter e prevenir os referidos processos de degradação potenciais, de resto previsto na NBR 15575 – Edificações Habitacionais: Desempenho. Um bom princípio a seguir é conceber sempre a dupla: impermeabilização seguida de drenagem. Não queremos que a água entre, mas, se entrar, queremos drená-la para fora.
A fim de fazer um bom projeto de impermeabilização, há de se conhecer e considerar diferentes aspectos:
- Preocupação com os detalhes construtivos;
- Os condicionantes externos da edificação: vento, temperatura e chuva (figura abaixo);
- Condicionantes técnicos visando identificar interferências de elementos estruturais ou sistemas prediais com a impermeabilização; e
- O sistema e técnicas construtivas da edificação.

Tipos de impermeabilização
Segundo a ABNT NBR 9575, define-se o sistema de impermeabilização como o conjunto de insumos construídos em camadas ordenadas que promoverão estanqueidade para uma construção.
Em geral, os sistemas de impermeabilização são classificados como rígidos ou flexíveis, de acordo com a movimentação da construção. Por isso, o sistema rígido serve para estruturas estáveis, sem movimentação térmica. Por outro lado, o sistema flexível funciona melhor em estruturas sujeitas à movimentação por variação de temperatura.
Contudo, há variadas formas de classificar os sistemas de impermeabilização, pois a disponibilidade de materiais e métodos executivos é ampla. Assim, classificamos os sistemas de impermeabilização, além da rigidez, em:
- Quanto à aderência, aderentes ou independentes;
- Quanto ao método construtivo, em moldados in loco a frio ou a quente, e os pré-fabricados;
- Quanto ao material, em poliméricos, asfálticos, cristalizantes, cimentícios, entre outros.
Em resumo, o projeto de impermeabilização detém-se em cada elemento da edificação, da fundação à cobertura, das paredes externas aos peitoris das janelas, às juntas de movimentação e de dilatação, sem descuidar de terraços e banheiros, entre outros.
Mas, eis que manifestações patológicas surgem, causando desde danos estruturais até ambiente insalubre e desconforto aos usuários do imóvel. O que fazer?
Recuperação de alvenarias afetadas por umidade
Como começar?
Inicialmente há de se destacar se a construção a recuperar é antiga, caso substancialmente diferente de construção mais recente. Edificações antigas possuem raras informações e inconsistentes, não dispõem do projeto e, em geral, se há, o executado difere do projeto.
Nessas condições, os profissionais precisam trabalhar com o desconhecido. Isso vale para a construção, para os componentes construtivos e materiais utilizados, bem como para os danos aparentes ou ocultos. Já em edificações mais recentes, a maioria das informações da fase construtiva estão disponíveis. Os levantamentos formarão uma documentação que deverá incluir:
- Os desenhos compreendendo plantas baixas, cortes, fachadas;
- Documentação fotográfica;
- Descrição dos danos, indicando posicionamento, tipo e abrangência.
Com base nessas informações, os profissionais planejam a caracterização da deterioração nas etapas seguintes:
- Preparação dos exames, em base das informações disponíveis;
- Medidas in situ, compreendendo inventário dos danos e retirada de amostras;
- Análises de laboratório e interpretação dos resultados; e
- Relatórios e projetos de recuperação.
É surpreendente conhecer o grande leque de possibilidades e tecnologias ora disponíveis para a realização de diagnósticos precisos e fundamentados, tanto para os testes e medidas in situ, quanto para as análises em laboratório.
Tecnologias de Recuperação de Alvenarias Afetadas por Umidade e Sais
Há séculos, proteger as edificações contra a umidade preocupa a humanidade. Por exemplo, na antiga Grécia empregava-se alcatrão para vedação contra a umidade. Da mesma forma, na índia adicionava-se aditivos à argamassa para a vedação contra a umidade. Atualmente. entre os vários tratamentos disponíveis, o profissional escolhe aquele mais adequado para cada caso. Sendo assim, é fundamental realizar corretamente o diagnóstico da origem e do processo de degradação.
Por isso, na prática, os processos típicos podem ser:
- Processos mecânicos;
- Processos químicos (injeções);
- Processos eletroquímicos.
Nesse contexto, os tratamentos horizontais de vedação de paredes englobam processos mecânicos por seccionamento e introdução de uma vedação horizontal, como a substituição de segmentos de parede na figura abaixo. Além disso, quando a intervenção envolve um elemento estrutural, o profissional deve selecionar o processo mecânico mais adequado, como a cortina de obstrução por furos contíguos, entre outros.

Para saber mais, consulte os livros na livraria Ofitexto:
Alvenarias afetadas por umidade e sais – por Hélio Greven e Jörg Seele
Impermeabilização: construindo o conhecimento – Por Maraysa Woloszyn