Por um longo tempo, as estruturas ─ mas principalmente as construções ─ de concreto pré-moldado foram consideradas muito rígidas em relação ao projeto, tolhendo a liberdade dos projetistas. De fato, até o final dos anos 1970 houve uso intensivo de construções com muita repetição.
Em virtude de questionamentos provocados por essa arquitetura, os projetos foram se tornando mais flexíveis, e os fabricantes de COM têm procurado atender à demanda por projetos desse tipo. Além disso, o emprego dos recursos do CPM (concreto pré-moldado) arquitetônico leva a uma melhor aparência e possibilita personalizar as construções.
A imagem abaixo mostra dois exemplos representativos de projetos mais flexíveis: o Bella Sky Comwell Hotel, em Copenhague (Dinamarca), e o Le Saint Jude Residence, na região de Quebec (Canadá). Informações adicionais e detalhes podem ser encontrados em Verticalização… (2014), para o primeiro caso, e em Gaion (2016), para o segundo caso.
Exemplos de aplicação de CPM em projetos mais flexíveis. Fonte: cortesia de a) Ramboll e b) Stamp Painéis Arquitetônicos. (Imagem retirada do livro “Concreto pré-moldado – 2ª ed.”, publicação da Editora Oficina de Textos. Todos os direitos reservados).
Possibilidade de grandes vãos e grandes cargas
Os elementos pré‑moldados de concreto protendido podem ser utilizados em grandes vãos e grandes cargas sem problemas de deformação excessiva. Por serem feitos em fábricas, em pista de protensão, existem facilidades na sua fabricação.
Respeito aos gabaritos de transporte
Conforme adiantado, os pré‑moldados feitos em fábricas devem obedecer aos gabaritos de transporte. Dessa forma, no projeto com pré‑moldados de fábrica deve-se estar atento a essa restrição.
Adaptação à topografia e aos tipos de terreno
O uso do CPM pode ser mais difícil em topografias muito irregulares e, principalmente, em virtude das condições de acesso de equipamentos de montagem, que podem inviabilizar o seu emprego.
Elaboração de projeto
Os erros e ajustes na construção moldada estão mais à vista dos profissionais envolvidos em comparação com a construção com CPM. Em virtude disso e por envolver mais etapas, o projeto de CPM precisa ser mais bem detalhado do que o projeto de CML (concreto moldado no local). Essa tarefa tem sido facilitada pelos novos softwares ou pelas versões atualizadas de softwares já existentes para o projeto da construção.
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Nesse sentido, destacasse o building information modeling (BIM), com a geração e o gerenciamento das informações da construção durante toda a sua vida útil. Com o BIM, os projetos de arquitetura, estrutura e instalações seriam automaticamente compatibilizados, possibilitando ainda a integração do gerenciamento da fabricação dos componentes e da montagem.
Os benefícios para o emprego do CPM podem ser bastante significativos. De fato, o BIM traz benefícios para todos os tipos de construção, mas eles são potencializados em construções com CPM.
Eficiência estrutural
No concreto pré-moldado, pode ser viável o emprego de seções transversais, que levam a menor consumo de materiais, principalmente de concreto. Por exemplo, pode-se mencionar o uso de seção I em vez de seção transversal retangular, que é o padrão em CML. Também é possível a utilização de sistemas mais eficientes estruturalmente.
Por outro lado, a presença muito comum de ligações que não reproduzem o comportamento monolítico, típico do CML, pode fazer com que se imagine que as estruturas de CPM sejam menos eficientes. De fato, caso não se tomem as devidas precauções, pode-se ter estruturas mais deformáveis ou menos resistentes a sismos ou explosões.
No entanto, medidas podem ser tomadas para garantir rigidez equivalente à das estruturas de concreto moldado no local e adequada segurança contra sismos ou explosões. Mas pode-se ter deslocamentos laterais iguais, para o CPM e o CML, no topo da estrutura, aumentando apropriadamente a rigidez à flexão dos pilares.
Outra possibilidade seria com o projeto estrutural em CPM para se ter essencialmente o mesmo desempenho de uma estrutura de CML. Nesse caso, o projeto e o detalhamento seriam para emular a estrutura de concreto moldado no local, prática bastante comum no Japão e na Nova Zelândia.
Saiba mais sobre concreto pré-moldado
Conforme a apresentação da segunda edição do livro, realizada pelo Dr. Eng. Augusto Carlos de Vasconcelos, a intenção da obra permanece a mesma: esclarecer certas particularidades que não ocorrem no concreto armado executado no local, isto é, cura, transporte da peça pronta, montagem e execução das ligações.
As normas brasileiras atualizadas são explicadas e comentadas em cada item, facilitando o leitor a se familiarizar com elas. Além disso, foram acrescentados vários capítulos com assuntos antes não abordados, incluindo uma parte com exemplos numéricos.
O Cap. 5 aborda, como novidade não incluída na primeira edição, os casos especiais de estabilidade global, estabilidade lateral e tópicos esclarecedores para todos os engenheiros de décadas anteriores ainda não familiarizados com as alterações.
Enfim, trata-se de um livro útil não somente para as aplicações práticas, mas também para esclarecimentos das modificações introduzidas e das novidades descobertas. Em resumo, é um livro que todo profissional interessado no progresso deve ler com atenção e cuidado.
Confira a degustação da obra aqui.
Capa do livro “Concreto pré-moldado – 2ª ed.”, publicação da Editora Oficina de Textos