Conscientização ambiental ainda está amadurecendo no Brasil

A Profa. da FATEC-SP, Regina Pacca Costa, narra sobre a falta de conhecimento sobre conscientização ambiental no País, e o porquê de, ao mesmo tempo, haver evolução.

O uso consciente de recursos naturais, poluição, saneamento básico e drenagem, geração de lixo e sustentabilidade, são temas que vêm ganhando relevância entre ambientalistas, autoridades e indústrias em todo mundo.

O estudo das ciências do ambiente tem ganhado também a atenção de profissionais e de estudantes de engenharia interessados em compreender e aplicar conceitos favoráveis à preservação do meio ambiente na prática profissional. O livro Ciências do Ambiente, de autoria de Regina Pacca Costa, vem para contribuir com esses estudos.

Escrito em linguagem simples e amplamente ilustrado, a publicação da editora Oficina de Textos discute educação ambiental e desenvolvimento, apresenta os conceitos da ecologia, discute a gestão das águas no Brasil, traz os fundamentos do saneamento básico e como é organizada sua estrutura, além de abordar drenagem urbana, a relação da sociedade com a geração de resíduos sólidos urbanos e o controle de poluentes.

Debate sobre conscientização ambiental no Brasil

Regina Pacca, que é pesquisadora e professora há mais de 40 anos, acompanha desde o começo de sua carreira as discussões em torno da preservação do meio ambiente. Sobretudo, os avanços no campo de saneamento básico, que é sua área de especialização.

Segundo ela, a sociedade está, finalmente, discutindo a conscientização ambiental de forma ampla e aprofundada. “Este é um momento em que se fala em marco regulatório do saneamento, em economia circular, na compreensão do valor monetário dos resíduos”, explica.

Apesar dos avanços nas discussões e do engajamento da sociedade, a autora acredita que ainda falta aceitação da população brasileira em relação à agenda ambiental. Isso se deve à imaturidade nas discussões estabelecidas no país, que, em muitos casos, não chegam à população de forma completa e em linguagem acessível.

Antes, a população achava que só era responsável pelo consumo. Hoje, está entendendo que é responsável também pelo descarte”, lembra Regina. “Mesmo assim, só estamos considerando as duas pontas do processo”. Isto porque o abuso do consumo e o descarte desenfreado não são os únicos problemas que precisam ser solucionados, segundo ela.

“Até chegar na fase de consumo, há uma cadeia produtiva enorme em funcionamento, que começa na extração da matéria prima de um produto e vai até o abastecimento da indústria, passando pelo comércio e por fim pela população, que consome e descarta”, ressalta. “E é nesse processo que estamos criando mais impacto ambiental”.

Nesse sentido, se o nosso jeito de viver propõe cada vez mais conforto e mais pessoas querem usufruir disso, também somos obrigados a pensar na origem de tudo o que consumimos para que consigamos alcançar a famosa sustentabilidade.

Ou seja: precisamos estabelecer uma relação em que o nosso consumo se sustente pelo tempo que queremos, sem que faltem recursos no futuro e sem grandes impactos ao ambiente.

Regina P. Costa

O País evoluiu para preservar ou obter algum ganho?

Além disso, Regina acredita que as discussões no Brasil sobre os impactos ambientais gerados pela cadeia produtiva acontecem por motivos financeiros – e não em prol da preservação do meio ambiente, como seria o correto. “A maior parte da evolução do país em relação ao tema foi impulsionada por exigências do mercado internacional”, afirma.

“O mercado internacional passou a entender a importância do estudo do meio ambiente e começou a exigir ações de grandes parceiros. Os gestores de grandes empresas vão procurar certificações ambientais porque estão lidando com negócios, não porque eles concordem com isso”.

Para ela, isso reflete a falta de conhecimento sobre o tema e a necessidade de uma ampla educação ambiental que leve a população a cobrar de autoridades públicas e da indústria ações coerentes com a preservação de recursos.

“Hoje o mundo discute meio ambiente e responsabilidade e temos muitas iniciativas ambientais. A sociedade pode ainda não entender muito bem, achar que os piores cenários são muito hipotéticos, mas quem está estudando e discutindo isso hoje sabe que não há alternativas para nossa sobrevivência senão pela conscientização ambiental e a prática de projetos sustentáveis”, enfatiza a autora. “Por isso é preciso mais conscientização, mais compartilhamento de saberes”.

Confira abaixo a entrevista com a autora.

Entrevista com Regina Pacca Costa sobre o livro “Ciências do Ambiente”, concedida em 2022 (Vídeo: Reprodução/YouTube/@ofitexto)

Saiba mais sobre ciências do ambiente

Oferecendo o recente contexto histórico, Ciências do ambiente explica a política ambiental e sua organização, a legislação ambiental vigente e conceitos e limites dos padrões de qualidade exigidos. Os princípios e inter-relações da Ecologia, que devem fazer parte da formação de todo o público desta obra, são logo expostos no capítulo dois.

Os capítulos seguintes, Água, Esgoto, Drenagem Urbana, Resíduos Sólidos Urbanos e Poluentes Atmosféricos, são os desafios que engenheiros, tecnólogos, técnicos, gestores ambientais, entre outros, terão ao longo de sua vida profissional: investigar, projetar, construir, monitorar, manter e restaurar, mediante processos adequados, a fim de cuidar com respeito e melhoria da qualidade ambiental.

Confira a degustação da obra aqui.

Capa do livro “Ciências do ambiente”, publicado em 2021 pela Editora Oficina de Textos

Capa do livro “Ciências do ambiente”, publicação da Editora Oficina de Textos

Sobre a autora Regina Pacca Costa

Regina Pacca Costa

Professora de ensino superior, Regina Pacca Costa ministra aulas na área de hidráulica e saneamento ambiental, no Departamento de Hidráulica e Saneamento da FATEC-SP há mais de 40 anos. É responsável por algumas disciplinas da área, mas especialmente da disciplina Ciências do Ambiente, a qual resultou no livro homônimo.