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Engenharia CivilGeologia e MinasGeotecnologias

GEOMORFOLOGIA? E A RODOVIA DOS TAMOIOS COM ISSO?

5 meses atrás
4 min de leitura

As úteis trilhas indígenas

No século XVI, portugueses e quem mais por cá se aventurasse, deslocavam-se do litoral para continente adentro por trilhas indígenas e via fluvial, onde possível. Várias trilhas indígenas ligavam o planalto ao litoral, vindo a rodovia dos Tamoios a ser parcialmente construída sobre uma das trilhas, possivelmente usada pelos Tamoios que habitavam o Litoral Norte Paulista e Litoral Fluminense. Até 1935 o acesso era exclusivo para tropeiros. A rodovia trafegável foi inaugurada em 1957.

A animada geomorfologia regional

A região da Serra do Mar onde se dá a ligação entre São José dos Campos e Caraguatatuba, Estado de SP, é uma face orográfica que recebe elevada precipitação de chuva. Aliada ao clima tropical, desenvolve espessos mantos de solo cuja estabilidade é um delicado equilíbrio que conta com a ação da vegetação. As raízes formam uma rede de reforço do solo e as copas e folhas reduzem a quantidade de água que se infiltraria no solo. O solo insaturado também confere uma parcela de resistência ao solo que, todavia, desaparece se ele for saturado.

Contudo, um lento rastejo é inerente às encostas e com certa recorrência, em períodos mais chuvosos, o delicado equilíbrio se rompe e escorregamentos ocorrem, visíveis pelas cicatrizes de solo ou rocha exposta que deixam no local.

Não é difícil de prever que a ação humana, modificando a geometria com terraplanagem, removendo a vegetação que vem a permitir a franca entrada da água para saturação e perda de resistência do solo e o aumento da carga sobre o talude, potencializa e acelera a dinâmica latente pré-existente da encosta.

Foi o caso da rodovia dos Tamoios construída nesse frágil equilíbrio da encosta. A Geomorfologia não subsidiava os projetos de engenharia. A dinâmica geomorfológica era desconhecida e por conseguinte, totalmente desconsiderada pelos projetistas de estradas, assim como a Mecânica dos Solos insaturados. Para agravar a condição de equilíbrio, a prática de construir à meia encosta, formando a plataforma da via com a dupla ‘corta o talude e joga o solo para baixo’ era uma solução econômica que reduzia o transporte de material seja para bota-fora, seja trazer de área de empréstimo. Receita para o desastre naquela região, ilustrado no esquema a seguir.

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O esquema de construção à meia encosta com corte do talude e lançamento do solo em aterro para formar a plataforma da via.

Por consequência, o talude original, com a escavação, ficou mais íngreme e sem a vegetação de proteção: ficou mais instável. O solo lançado à direita, para formar a plataforma da via, representa uma sobrecarga para a parte inferior do talude que também fica mais instável.

O que aconteceu com a rodovia dos Tamoios nos 60 anos seguintes?

A catástrofe de Caraguatatuba

Dez anos depois, em março de 1967, com intensas precipitações, acima de 400 mm no dia 18, ocorreu uma catástrofe na serra de Caraguatatuba. Logo pela manhã começaram a cair barreiras e às 13h uma gigantesca massa do solo da encosta fluidificou, correndo em forma de avalanche que trouxe pedras, árvores e lama, causando estragos inomináveis, arrastando pessoas e animais. Mais informações e interpretação do ocorrido em Caraguatatuba, em 1967, você encontra no livro Debris flow na Serra do Mar.

Diferentes cientistas estimaram o volume de material que foi movimentado pelos escorregamentos e os números atingem mais de 7 milhões de toneladas. A cidade ficou parcialmente destruída, ilhada e sem qualquer comunicação. A Rodovia dos Tamoios na Serra praticamente desapareceu. Foram necessárias obras de reconstrução e pavimentação, entretanto, as melhorias e o reestabelecimento da operação da rodovia, não mudaram seu contexto geomorfológico.

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Portanto, a Tamoios continuou com os mesmos problemas de origem. Nos 50 anos seguintes, era raro o ano em que não caíssem barreiras durante a estação chuvosa, interrompendo o tráfego e obrigando à permanente construção de contenções e estabilizações dos mais diversos tipos.   

É tudo culpa da rodovia? Como evitar?

Com o acervo atual de conhecimento, tanto pelo entendimento do meio natural, como pelo avanço na tecnologia de projeto e construção de rodovias, é possível introduzir uma nova via em região serrana, com impacto reduzido. As lições foram aprendidas e a nova Imigrantes e a nova duplicação da Tamoios interferiram ao mínimo nas encostas e na vegetação, lançando mão de túneis e viadutos que minimizam as modificações que podem alterar o delicado equilíbrio das encostas e acelerar ou deflagrar escorregamentos. Melhor ainda é quando for possível ajustar o traçado da rodovia para as faces mais estáveis da Serra.

Para entender melhor as encostas, seu equilíbrio e ocupação, recomendamos o livro Encostas que, pela primeira vez, integra de forma muito feliz, conhecimentos de Geomorfologia, Geologia e Geotecnia. Assim dá para fazer um trabalho bem feito!    

Livro Encostas: evolução, equilíbrio e condições de ocupação – 2ª ed. – por José Antonio Urroz Lopes.

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