As cavernas são cavidades naturais rochosas que possuem um conduto de circulação de água entre a entrada (sumidouro) e a saída (fonte ou exutório).
Embora as cavernas possam ser classificadas de forma diferente, todas têm alguma importância científica e parte delas também representa um grande papel no turismo de aventura.
Quais processam originaram as cavernas?
Segundo o livro Geologia do Quaternário, escrito por Kenitiro Suguio, livre docente pela Universidade de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Geologia desde 1963 e sócio fundador e honorário da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, os processos que originam uma caverna são corrosão, erosão e colapso.
A abertura inicial dos condutos também pode ser atribuída à acidez do ambiente. Já a erosão acontece principalmente nas cavernas atravessadas por rios alogênicos, fator que modifica os condutos subterrâneos.
Outros fatores que influenciam a transformação da caverna são os planos de estratificações, as dilacerações, as corrosões, as dissoluções químicas e abrasões mecânicas.
Todo o processo de formação gera um tipo diferente de caverna, sendo as mais comuns de rocha carbonática, vulcânica ou marinha.
Confira abaixo uma breve descrição dessas cavernas, retiradas da obra Geologia do Quartenário:
Cavernas de rochas carbonáticas

Caverna do Diabo, em São Paulo
São conhecidas também como cavernas cársticas e surgem como diminutas cavidades ao longo dos planos de fraqueza das rochas do substrato, abaixo do lençol freático. O sistema dessa caverna é acessível para homens e animais a partir de aberturas superficiais.
Cavernas de lavas vulcânicas

Caverna Casa da Pedra, situada no Paraná
Quando um derrame de lava vulcânica de baixa viscosidade é resfriado, a superfície se solidifica e dá origem a um teto rígido com lava em seu interior. Após o fim das atividades vulcânicas, a lava é drenada e origina-se uma caverna pseudocárstica.
Cavernas marinhas

Caverna do Lago General Carrera, no Chile
São afeiçoadas pela energia das ondas, que atuam por meio de fragmentos de rochas de vários tamanhos, arremessados contra a porção basal da falésia marinha e causando o processo erosivo.
Como as cavernas vulcânicas, essas formações são pseudocrásticas e desenvolvem-se ao longo de planos de fraqueza. Normalmente, constituem nichos habitacionais para seres marinhos.
O que faz uma caverna ser uma das mais profundas do mundo?
A profundidade de uma caverna se dá pela diferença vertical entre sua entrada e o ponto mais baixo explorado, e um dos melhores exemplos reais dessa medida é a Caverna Veryovkina, na Geórgia, atualmente o sistema mais profundo do planeta com aproximadamente 2.212 metros.
Embora o número impressione, exploradores relatam que a descida envolve dias inteiros de rapel, passagem por sifões alagados e trechos tão estreitos que obrigam o corpo a se contorcer.
Além disso, cavernas profundas como Veryovkina e Krubera, também na Geórgia, resultam de milhões de anos de erosão em montanhas ricas em calcário.
Assim, a profundidade extrema nasce da combinação entre geologia, água, estrutura montanhosa e um tempo quase inimaginável.
Principais fatores que explicam profundidades extremas
A geologia do Cáucaso Ocidental, onde estão Veryovkina e Krubera, mostra por que essas regiões abrigam as cavernas mais profundas.
O calcário altamente solúvel formou galerias que se estendem em diferentes direções, e rios subterrâneos cavaram poços com centenas de metros de queda.
Explorações relatam que cada avanço exige montar acampamentos internos, instalar cordas e superar passagens inundadas.
Por isso, a profundidade não é apenas um número: é um desafio físico extremo que poucas equipes no mundo conseguem enfrentar.
Diferença entre profundidade e extensão
Muitas pessoas confundem cavernas profundas com cavernas longas, mas o exemplo clássico que resolve essa dúvida é o sistema de Mammoth Cave, nos Estados Unidos.
Ele é o mais extenso do mundo, com mais de 600 km de túneis, mas não é profundo. Em contraste, Veryovkina é extremamente profunda, mas não tem grande extensão horizontal.
Esse contraste mostra que profundidade está relacionada a poços verticais e quedas, enquanto extensão fala de redes horizontais de passagem.
Quando uma caverna é profunda, mas não extensa
A própria Krubera ilustra essa diferença: embora tenha trechos horizontais, sua principal característica é a sequência de abismos verticais que exigem horas de descida contínua.
Exploradores relatam que o trajeto até o ponto mais baixo é tão inclinado que certas áreas são percorridas apenas por rapel, com pouco espaço para caminhar. Isso demonstra que uma caverna pode ser impressionante mesmo sem centenas de quilômetros de túneis.
Quais são as cavernas e grutas mais impressionantes em formação, tamanho e história?
As cavernas e grutas mais impressionantes combinam beleza natural, formações raríssimas e relevância histórica, e um exemplo mundialmente conhecido é a Son Doong, no Vietnã, considerada a maior caverna em volume interno.
Em seu interior existe uma floresta própria, rios e aberturas que permitem a entrada de luz natural, criando um ecossistema único.
Além disso, cavernas como Jenolan, na Austrália, ou Carlsbad Caverns, nos Estados Unidos, destacam-se por formações gigantescas de calcário que se assemelham a cortinas, colunas e esculturas naturais.
Há também cavernas históricas, como Lascaux e Altamira, que guardam pinturas rupestres preservadas há milhares de anos. Assim, essas formações não são apenas belas; são testemunhos do planeta e da humanidade.
Formações que tornam grutas únicas
Grutas como Carlsbad Caverns exibem estalactites e estalagmites gigantescas que se formaram gota a gota ao longo de milênios.
Em Son Doong, há colunas tão grandes que receberam nomes como “O Coração da Caverna”, atraindo exploradores do mundo inteiro.
Cavernas usadas como moradia e proteção
Cavernas como Altamira, na Espanha, e Lascaux, na França, mostram como nossos ancestrais usavam esses espaços para abrigo, rituais e arte.
Pinturas de bisões, mãos humanas e símbolos abstratos confirmam que esses locais eram mais do que moradia: eram ambientes de significado espiritual.
Já em regiões da América do Sul, cavernas serviram como refúgio contra predadores e mudanças climáticas bruscas, mantendo temperatura constante durante o ano todo.
Arqueólogos encontraram ossos e ferramentas que revelam como antigos povos exploravam os recursos ao seu redor e transformavam grutas em abrigos estratégicos.
Qual obra ler sobre o assunto?
O professor Kenitiro Suguio fala mais sobre cavernas em seu livro Geologia do Quartenário e mudanças ambientais, disponível na nossa livraria técnica!
Geologia do Quartenário e mudanças ambientais, por Kenitiro Suguio




