Entre as propostas de divisão territorial que já surgiram no Brasil, a de São Paulo levanta debates sobre equilíbrio federativo e representatividade, mas também desperta reflexões sobre identidade regional, desenvolvimento e os impactos de uma transformação tão profunda na estrutura administrativa brasileira.
Qual é a proposta de dividir o Estado de São Paulo?
Entre as diversas propostas polêmicas para divisão dos Estados brasileiros, como as de Pará e Mato Grosso, uma delas se destaca pela ousadia: dividir o Estado de São Paulo, que é, economicamente, o mais forte do País.

Regiões administrativas do Estado de São Paulo (Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento)
Segundo o geógrafo José Donizete Cazzolato, autor do livro Novos Estados e a divisão territorial do Brasil, o Estado de São Paulo seria composto pelo:
- litoral;
- vales do Paraíba e do Ribeira;
- além da Região Metropolitana de São Paulo.
Seria criado, então mais um Estado: o Interior Paulista, com a capital em Campinas. A divisão territorial proposta no livro busca aprimorar o equilíbrio da Federação e leva em conta área, população e municípios, reconhecendo também a identidade caipira.
Para o geógrafo, então, a nova divisão do Estado impulsionaria o desenvolvimento econômico e social dos dois novos Estados, e aumentaria a representatividade dos paulistas no Congresso – seriam o dobro de deputados e senadores.
O autor aplica os critérios da geografia propostos, além disso, constrói um possível cenário com 37 Unidades da Federação, dos quais 33 Estados e 3 Territórios Federais.
Projetos anteriores sobre o desmembramento de São Paulo, sugeriram, sem sucesso, a criação de “São Paulo do Leste” e “São Paulo do Sul”. Cazzolato esclarece que, de fato, há ao menos 30 projetos para criação de novos Estados, nas cinco regiões do País.

Como seria o possível novo Estado com capital em Campinas?
O projeto de divisão do Estado de São Paulo propõe que o Interior Paulista se torne uma nova unidade federativa, com Campinas assumindo o papel de capital.
A escolha da cidade não é aleatória, pois Campinas já possui:
- infraestrutura consolidada;
- grande relevância acadêmica e tecnológica;
- além de uma localização estratégica que conecta diferentes regiões do interior.
Ao analisar essa ideia, percebe-se que Campinas já funciona como um polo de influência dentro do estado. Universidades de renome, centros de pesquisa e a presença de empresas multinacionais fazem da cidade um verdadeiro motor de inovação.
Além disso, o Aeroporto de Viracopos e a proximidade com rodovias importantes reforçam seu papel estratégico.
Se transformada em capital estadual, então, a cidade teria condições de organizar uma administração moderna, próxima das necessidades da população interiorana, sem depender tanto da metrópole paulistana.
Impacto cultural e simbólico da escolha
Além da estrutura econômica e logística, Campinas carrega simbolismo histórico e cultural que poderia sustentar sua posição como capital.
A cidade tem tradição na luta política, em movimentos sociais e também no desenvolvimento científico. Tornar-se sede administrativa do novo Estado reforçaria esse papel de protagonismo, além de valorizar a identidade cultural interiorana.
Quais critérios justificam a divisão do Estado de São Paulo?
Os principais critérios que justificam a divisão do Estado de São Paulo são a população, a área territorial e a identidade regional.
A análise parte do pressuposto de que São Paulo, por ser o estado mais populoso e economicamente relevante do país, concentra excessiva representatividade em comparação a outros estados.
Criar uma nova unidade federativa permitiria distribuir melhor essa representatividade e dar voz às regiões que muitas vezes não conseguem disputar espaço com a capital.
O território paulista é imenso e reúne realidades muito distintas. No litoral, por exemplo, a economia gira em torno do turismo e do comércio; já no interior, o agronegócio e a indústria têm papel central.
Essa diversidade dificulta uma administração homogênea, e a divisão territorial poderia facilitar a gestão e o atendimento das demandas regionais.
Assim, Campinas como capital do Interior Paulista se tornaria símbolo da descentralização e da busca por maior equilíbrio na federação.
Para compreender melhor os motivos que sustentam essa proposta, vale detalhar os três critérios fundamentais:
- população: São Paulo concentra mais de 40 milhões de habitantes, o que dificulta a representatividade justa no Congresso;
- área territorial: a grande extensão geográfica do estado gera desafios administrativos e desigualdades regionais;
- identidade regional: o interior possui cultura própria, fortemente marcada pelo espírito caipira e pela vida rural.

O peso da população na representatividade política
O tamanho populacional de São Paulo é, ao mesmo tempo, força e desafio. Apesar de sua relevância econômica, o estado tem apenas três senadores, como qualquer outro.
Com a divisão, então, o Interior Paulista teria sua própria bancada, dobrando a presença no Congresso e ampliando a força política da região.
A fragmentação também facilitaria a gestão de políticas públicas em saúde, educação e segurança, ao permitir ações mais específicas para cada realidade.
Grandes estados sofrem com a centralização e deixam áreas distantes da capital em desvantagem.
A área territorial como obstáculo à administração eficiente
As dimensões de São Paulo dificultam a uniformidade administrativa e ampliam desigualdades. Regiões distantes carecem de investimentos e atenção do governo.
Dividir o território permitiria governos mais próximos, capazes de atender demandas locais e impulsionar setores específicos. Experiências internacionais mostram que novas unidades federativas podem melhorar a gestão pública.
No caso paulista, por exemplo, o interior teria condições de equilibrar desenvolvimento e governança, fortalecendo a federação.
A identidade regional como fundamento cultural
O interior de São Paulo construiu ao longo dos séculos uma identidade própria, marcada pelo estilo de vida caipira, pela música sertaneja e pelas tradições rurais. Assim, essa cultura raramente tem espaço nas decisões centralizadas da capital.
Com a criação de um novo estado, a identidade regional ganharia visibilidade institucional, políticas públicas poderiam valorizar tradições locais e o turismo cultural seria fortalecido. O reconhecimento cultural reforçaria o senso de pertencimento da população.
Mas e você, leitor? É a favor ou contra a divisão de São Paulo?
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Resumo desse artigo sobre São Paulo
- A proposta de divisão de São Paulo sugere a criação do Estado do Interior Paulista, com capital em Campinas;
- Campinas foi escolhida pela infraestrutura, localização estratégica e relevância acadêmica e econômica;
- Os critérios para justificar a divisão são população, área territorial e identidade regional;
- A nova configuração aumentaria a representatividade política dos paulistas no Congresso;
- A identidade caipira e a cultura interiorana seriam valorizadas como elementos centrais do novo Estado.