O Brasil abriga uma das maiores riquezas naturais do planeta, com ecossistemas que se destacam pela imensa biodiversidade e pelas diferentes formas de vida que sustentam.
Cada região do país reúne condições específicas de clima, solo, relevo e vegetação, dando origem a paisagens únicas que se interligam e formam um verdadeiro mosaico natural.
O que são ecossistemas no Brasil?
Os ecossistemas no Brasil são conjuntos de interações entre organismos vivos e o ambiente físico, formando cenários ricos em biodiversidade e cultura.
A imensidão do território brasileiro favorece a presença de biomas únicos e variados, que incluem:
- florestas tropicais úmidas;
- áreas semiáridas;
- regiões costeiras.
Ao observar essas diferenças, percebemos como o país abriga uma verdadeira coleção natural de ecossistemas interligados.
A realidade de cada ecossistema não se resume apenas à vegetação ou aos animais, mas também à relação direta com comunidades humanas que dependem da natureza para sobreviver.
Povos ribeirinhos, comunidades tradicionais e cidades inteiras moldam suas vidas em sintonia com essas paisagens, criando uma riqueza cultural que anda de mãos dadas com a diversidade ambiental.
Quais são as características que tornam os biomas e ecossistemas brasileiros tão diversos?
O Brasil é um País com dimensões continentais, muito vasto em território, e possui diversos contrastes no que diz respeito ao clima, à geomorfologia e aos solos.
Cada uma das porções físico-climáticas que compõem as cinco regiões é mais ou menos favorável a determinados grupos de animais e plantas, e estes se tornam responsáveis por caracterizar as paisagens e definir os ecossistemas brasileiros.
Nosso território é composto por seis biomas que apresentam características bastante distintas entre si, e mesmo dentro de um único ecossistema é possível observar diferenças entre as espécies que o habitam.
Estas formam o que chamamos de mosaicos de tipos vegetacionais, que são o que tornam os ecossistemas brasileiros tão diversos e nosso País tão múltiplo.
Nesta matéria, que foi retirada da obra Ciências do ambiente, de autoria de Regina Pacca Costa, apresentaremos as características dos principais ecossistemas brasileiros. Confira!

Biomas brasileiros (Imagem presente no livro Ciências do ambiente, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados)
Quais são os principais ecossistemas brasileiros?
O Brasil conta com seis ecossistemas diferentes, compostos por espécies animais e vegetais variadas. A diversidade e os contrastes presentes em cada região são o que tornam nosso País único.
Os principais ecossistemas brasileiros são a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal, a Mata Atlântica e os Pampas. A seguir, detalharemos cada um desses biomas.
Amazônia
A maior floresta tropical do mundo está presente em nosso País! Distribuindo-se entre Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, uma grande porção da Floresta Amazônica se localiza no Norte do Brasil, com uma grande diversidade de plantas e animais, além de abrigar comunidades de povos originários brasileiros.
A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, pois detém aproximadamente 20% de toda a água doce disponível.
Com clima quente e úmido, então, o bioma Amazônia ocupa 49% do território nacional. A temperatura anual média chega a 26 °C, e a pluviosidade é de 2.300 mm, podendo chegar, em alguns locais, a 3.500 mm.
No que diz respeito à vegetação, esta se divide em mata de terra firme em porções mais elevadas do território, mata de várzea (inundada em parte do ano) e igapó, quase sempre inundada.

A Amazônia é um dos mais importantes ecossistemas brasileiros (Fonte: MundoGeo)
O maior problema que a Amazônia enfrenta são os constantes desmatamentos, que revelam solos pobres, somente capazes de manter a fertilidade mediante constante ciclagem de nutrientes, promovida pela própria floresta.
Isso faz com que, devido ao seu solo arenoso, a manutenção da floresta nativa seja fundamental.
Sem ignorar a importância dos demais ecossistemas brasileiros, a existência e a manutenção do bioma Amazônia são fundamentais para o ciclo hidrológico, tendo efeitos essenciais em todas as regiões do Brasil e também em países vizinhos: as florestas, por meio da transpiração, fornecem o vapor de água necessário para manter o regime de chuvas no Norte, Sudeste e Centro-Oeste do País.
Caatinga
A vegetação desse ecossistema é genuína e unicamente brasileira. Localizada na região Nordeste, a Caatinga ocupa 11% do território nacional.
O clima do bioma é o semiárido, com temperatura média anual variando entre 25 e 30 °C e pluviosidade entre 300 e 800 mm por ano.
O solo, de modo geral, não favorece a agricultura ou a retenção de água por ser predominantemente raso e pedregoso.
No entanto, em algumas localidades é possível encontrar porções de solo profundo e fértil, mescla que proporciona diversidade de paisagens.

O nome “Caatinga” é de origem Tupi-Guarani e significa “mata branca”, que caracteriza bem o aspecto da vegetação na estação seca (Foto: Reprodução/Embrapa)
A vegetação deste bioma é composta por plantas arbustivas, de caules finos, tortuosos e emaranhados. Também com grande biodiversidade, mais de 1.200 espécies de aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes.
A Caatinga, no entanto, contém 62% de suas áreas suscetíveis à desertificação, o que representa um enorme risco às espécies animais e vegetais. Além disso, é crescente o desmatamento na região, já tendo chegado a 46% de sua região territorial.
Cerrado
Outro importante bioma entre os ecossistemas brasileiros, o Cerrado cobre cerca de 22% do território nacional, na porção interior do País, onde o clima é quente, com períodos bastante delimitados entre chuva e seca.
Com a umidade relativa do ar baixa, 80% do volume total de chuvas se concentram entre os meses de outubro e abril. A temperatura média anual da região varia entre 20 e 26 °C.

O Cerrado contém as nascentes das bacias hidrográficas Amazônica/Tocantins, São Francisco e Rio da Prata (Fonte: Rogean James Caleffi)
Os solos são profundos, porosos e muito ácidos, contendo alumínio, elemento tóxico às plantas e, portanto, pouco fértil.
Esse ecossistema possui um grande potencial hidrológico por conter as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul – Amazônica/Tocantins, São Francisco e Rio da Prata.
Já a vegetação se assemelha em muitas características às das savanas africanas e da Austrália, com pequenas árvores baixas e retorcidas, que possuem folhas grossas e raízes profundas.
Por ser um ecossistema muito vasto em território, o Cerrado possui outros tipos de vegetação, como as gramíneas e árvores altas, além de regiões com características florestais.

(Imagem presente no livro Ciências do ambiente, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados)
No que diz respeito à diversidade de espécies, o Cerrado é considerado a savana mais rica do mundo, com alto grau de endemismo (espécies exclusivas de determinada região).
No entanto, devido à urbanização e à agricultura e pecuária, as espécies estão sob ameaça de perda de hábitat.
Mata Atlântica
Ocupando 15% do território brasileiro, a Mata Atlântica é, ao mesmo tempo, um dos ecossistemas mais diversos em espécies animais e vegetais do mundo e um dos mais ameaçados.
Abrigando 145 milhões de pessoas em toda a área que abrange, esse ecossistema provê serviços ecossistêmicos essenciais, com clima predominantemente tropical úmido, extensos períodos de chuva e temperaturas elevadas.
Os solos desse bioma são ácidos e rasos, fator que, dados os altos índices de chuva, costumam acarretar processos erosivos e deslizamentos, sobretudo em regiões habitadas, como se vê com frequência nas áreas costeiras.
As formações vegetais nesse ecossistema são bastante variadas, caracterizadas por florestas ombrófilas e estacionais, além de ecossistemas específicos, como campos de altitude, manguezais e restingas.
O bioma Mata Atlântica compreende cerca de 20 mil espécies de plantas, sendo algumas delas existentes somente nessa região.

Mata Atlântica no Sudeste brasileiro, entre São Paulo e Rio de Janeiro (Fonte: Liliane Bello/Embrapa)
Apesar da riqueza e importância de um dos maiores ecossistemas brasileiros, infelizmente, desde os tempos da colonização portuguesa no País, a devastação na Mata Atlântica segue a passos largos.
Atualmente, apenas 15% da cobertura original da região prevalecem, distribuídos em paisagens esparsas.
Pampas
Também conhecidos como Campos Sulinos, os Pampas se localizam na região Sul do Brasil. Com o clima quente temperado e úmido, onde predomina o relevo plano, o ecossistema ocupa somente 2% do território do País.
Nessa região, as quatro estações do ano são bastante definidas, com temperaturas médias anuais variando entre 13 e 17 °C e chuvas entre 1.200 a 1.600 mm.
A vegetação dos Pampas é caracterizada pelos campos limpos, com grande presença de herbáceas, e os campos sujos, compostos por arbustos em meio a tapetes de herbáceas.

Serra do Caverá, entre Rosário do Sul e Alegrete, janeiro de 2010 (Fonte: O que é o Pampa?, Infoteca, Portal Embrapa)
Os Pampas possuem grande diversidade de espécies, sendo três mil de plantas, 500 aves e cem de mamíferos.
Assim como em outros ecossistemas brasileiros, esse bioma tem sofrido as consequências da progressiva introdução das atividades urbanas, bem como a pecuária extensiva, que prioriza o uso de espécies exóticas de capim para alimentação dos animais em detrimento das nativas.
Pantanal
Esse bioma compreende menos de 2% do território brasileiro, sendo considerado o menor do País. No entanto, é uma das maiores planícies alagadas do mundo!
Localizado na região Centro-Oeste, o clima do Pantanal é predominantemente tropical estacional. As temperaturas médias anuais atingem 25 °C, podendo chegar a 40 °C, e a pluviosidade varia entre 1.000 e 1.500 mm anuais.
A vegetação do Pantanal é diversa, composta por cerradões, florestas, cerrados e brejos, mas, predominantemente, vegetação rasteira.
Nas porções que permanecem inundadas durante a maior parte do ano, são observadas espécies aquáticas, sendo os peixes, assim como as aves, os principais representantes da biodiversidade local (263 e 463 espécies, respectivamente).

Vista aérea do Pantanal (Foto: © WWF-Brasil / A.Camboni/ R.Isotti-Homo Ambiens)
Além dessas, outras espécies que fazem parte do bioma Pantanal são 41 anfíbios, 113 répteis, 132 mamíferos e duas mil espécies de plantas. Atualmente, a principal ameaça a esse ecossistema é a atividade agropecuária.
Como funcionam os ecossistemas costeiros brasileiros?
Os ecossistemas costeiros brasileiros funcionam como zonas de transição entre ambientes terrestres e marinhos, abrigando uma impressionante variedade de vida.
São áreas frágeis, mas extremamente ricas, compostas por manguezais, restingas, dunas e estuários, todos conectados de forma única ao oceano. Esses espaços desempenham papel crucial na:
- manutenção de estoques pesqueiros;
- na proteção do litoral;
- regulação do clima.
Ao caminhar em um manguezal no Nordeste, por exemplo, nota-se como os caranguejos e aves dependem desse espaço para sobreviver, enquanto pescadores utilizam o ambiente de forma sustentável. Essa relação prova que a conservação não é apenas ambiental, mas também social.
Importância dos manguezais
Os manguezais são conhecidos como berçários naturais da vida marinha, já que muitas espécies de peixes e crustáceos passam ali sua fase inicial.
Essa função é essencial para a manutenção da pesca artesanal, que alimenta comunidades inteiras. Além disso, atuam como filtros naturais, retendo poluentes e garantindo a qualidade da água.
Em uma vila pesqueira no litoral do Maranhão, famílias contam que a fartura de camarão e peixe depende diretamente da saúde do mangue. Esse vínculo deixa claro como a proteção desse ecossistema impacta a segurança alimentar.
Restingas e sua função protetora
As restingas são formações vegetais típicas de áreas costeiras, formadas por plantas resistentes ao sal e aos ventos fortes. Essas áreas funcionam como barreiras naturais, protegendo cidades e vilarejos da erosão e do avanço do mar.
A perda de restingas representa um risco direto para a segurança das populações litorâneas.
Em algumas cidades do litoral paulista, a urbanização desordenada resultou na destruição de restingas, causando enchentes e deslizamentos. Esse exemplo mostra como a negligência com esses ecossistemas pode gerar tragédias ambientais e sociais.
Quais são os 3 ecossistemas marinhos brasileiros mais relevantes?
Os 3 ecossistemas marinhos brasileiros mais relevantes são os recifes de corais, os bancos de algas e as áreas de mar aberto, cada um com sua importância vital para a vida oceânica.
Esses ambientes sustentam cadeias alimentares complexas e garantem equilíbrio para espécies ameaçadas. Além disso, são espaços fundamentais para o turismo ecológico e para a pesquisa científica.
Ao mergulhar em um recife de coral na região de Abrolhos, é possível sentir a magnitude da biodiversidade marinha, com peixes coloridos, tartarugas e até golfinhos. Esses momentos de contemplação ajudam a compreender o valor da conservação marinha.
Recifes de corais: os jardins do mar
Os recifes de corais são conhecidos como ecossistemas extremamente sensíveis, mas de enorme biodiversidade.
Eles oferecem abrigo para milhares de espécies e funcionam como barreiras naturais contra a força das ondas. Infelizmente, mudanças climáticas e poluição estão colocando em risco sua sobrevivência.
Em destinos turísticos como Fernando de Noronha, mergulhadores relatam o encanto de observar recifes ainda preservados. Porém, também alertam para áreas já branqueadas, consequência direta do aumento da temperatura das águas.
Bancos de algas e sua produtividade
Os bancos de algas são fundamentais para o equilíbrio marinho, pois produzem oxigênio e servem de alimento para diversas espécies.
Sua importância vai além da ecologia, já que também possuem valor econômico e medicinal. A presença desses bancos garante a base de toda a cadeia alimentar nos oceanos.
Pesquisadores brasileiros desenvolvem estudos sobre o potencial farmacêutico das algas, explorando substâncias que podem ajudar no combate a doenças. Isso mostra como esses ecossistemas podem oferecer soluções inovadoras para a humanidade.
Mar aberto e sua imensidão
O mar aberto é o maior dos ecossistemas marinhos brasileiros e abrange áreas profundas de difícil acesso. Nele, vivem espécies migratórias, como baleias e tubarões, que desempenham papéis essenciais no equilíbrio ecológico.
Apesar de parecer infinito, esse ambiente também sofre pressões, como a pesca predatória e a poluição por plásticos.
Em expedições de pesquisa, cientistas relatam o desafio de estudar espécies em áreas tão vastas. Ainda assim, cada descoberta reforça a urgência de proteger esses ecossistemas para as próximas gerações.
Qual obra ler sobre os biomas brasileiros?
A saber, além do livro Ciências do ambiente, escrito por Regina Pacca Costa, Biomas brasileiros, de Leopoldo Magno Coutinho (in memorian), apresenta em cinco capítulos os conceitos que definem um bioma, tema controvertido na comparação de diferentes autores, focando zonas climáticas e zonobiomas, e descreve e caracteriza os 16 principais ecossistemas do País.
Aprofunda a Amazônia para quatro biomas, desde a floresta até a campinara, e descreve as florestas quente-temperadas, passando por sistemas complexos, como o Pantanal e os Campos Sulinos.
Ricamente ilustrado com mapas explicativos e fotografias coloridas da fauna e vegetação características de cada bioma, o livro apresenta de forma didática as informações mais importantes de cada um: clima, solos, flora e fauna, além de tratar de seu funcionamento e dinâmica.
Confira a degustação da obra aqui.
Capa do livro “Biomas brasileiros”, publicação da Editora Oficina de Textos
Resumo desse artigo sobre ecossistemas no Brasil
- O Brasil possui grande diversidade ambiental, com ecossistemas únicos em cada região;
- A Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Mata Atlântica e o Pampa compõem os principais ecossistemas brasileiros;
- Os ecossistemas costeiros brasileiros incluem manguezais, restingas, estuários e dunas, todos essenciais para a vida marinha e para populações humanas;
- Os 3 ecossistemas marinhos brasileiros mais relevantes são recifes de corais, bancos de algas e mar aberto;
- A conservação desses ambientes garante equilíbrio ecológico, segurança alimentar e qualidade de vida para comunidades locais.