Luis E. Sánchez (USP) esclarece dúvidas ligadas ao termos utilizados na área ambiental, como o conceito de “degradação ambiental”
A degradação ambiental não se limita ao meio ambiente, isso porque, ela afeta comunidades, economias e a saúde humana. Compreender isso, então, é o primeiro passo para repensar hábitos de consumo e buscar soluções que conciliem desenvolvimento e preservação.
Quais são os principais tipos de degradação ambiental?
A poluição atmosférica causa doenças respiratórias, cardiovasculares e aumenta o risco de câncer. Em grandes cidades, o ar poluído reduz a qualidade de vida e provoca mortes prematuras.
Além disso, gases poluentes intensificam o efeito estufa, gerando mudanças climáticas que afetam todas as regiões do planeta.
De que forma a contaminação da água prejudica comunidades?
A contaminação da água prejudica comunidades inteiras ao limitar o acesso à água potável e segura. Quando rios e aquíferos sofrem poluição por indústrias e agrotóxicos, o risco de doenças aumenta.
Isso obriga populações a depender de fontes alternativas muitas vezes impróprias, perpetuando desigualdades sociais.
Quais são os impactos do desmatamento e erosão do solo?
O desmatamento e a erosão do solo comprometem a fertilidade da terra, reduzem a capacidade produtiva e favorecem deslizamentos.
Quando o solo perde sua camada de nutrientes, os ecossistemas entram em colapso e agricultores enfrentam dificuldades para sustentar suas famílias. Esse ciclo amplia a insegurança alimentar.
Como a degradação ambiental se manifesta no Brasil?
Os biomas brasileiros mais afetados são a Amazônia e o Cerrado. Na Amazônia, o desmatamento é impulsionado pela mineração e pela pecuária. Já no Cerrado, a monocultura avança sobre áreas de biodiversidade riquíssima.
Esses processos resultam em perda de espécies, alterações no ciclo das chuvas e ameaças à segurança hídrica.
Como políticas públicas influenciam esse cenário?
Políticas públicas influenciam ao estabelecer limites de desmatamento, criar unidades de conservação e investir em fiscalização. Quando essas políticas são enfraquecidas, o resultado é um aumento rápido da degradação.
Já quando fortalecidas, elas mostram que é possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
O que caracteriza a degradação ambiental do Cerrado?
A degradação ambiental do Cerrado se caracteriza pela expansão da fronteira agrícola, desmatamento para pastagens e uso intensivo de agrotóxicos.
Esse bioma, considerado a “caixa d’água do Brasil”, tem perdido áreas naturais essenciais para o abastecimento de grandes bacias hidrográficas. A pressão econômica ameaça sua sobrevivência e a de comunidades tradicionais.
Quais são os efeitos sociais da degradação do Cerrado?
Os efeitos sociais incluem expulsão de comunidades tradicionais, perda de territórios indígenas e redução da diversidade cultural.
Além disso, a dependência da agricultura intensiva fragiliza pequenos produtores, que enfrentam dificuldade em competir com grandes corporações. Essa situação aprofunda desigualdades sociais.
Que medidas podem proteger o Cerrado?
Medidas de proteção incluem a criação de reservas legais, incentivo à agroecologia e combate ao desmatamento ilegal.
Também é essencial apoiar práticas que conciliem produção de alimentos e preservação, como sistemas agroflorestais. Sem esse equilíbrio, o Cerrado pode colapsar em poucas décadas.
De que forma o desmatamento intensifica a degradação ambiental?
O desmatamento intensifica a degradação ambiental ao eliminar cobertura vegetal essencial para regulação climática e conservação do solo.
Sem as florestas, há maior emissão de gases de efeito estufa e maior vulnerabilidade a enchentes e secas. Esse fenômeno impacta diretamente a biodiversidade e a qualidade de vida humana.
Quais são os impactos econômicos do desmatamento?
Os impactos econômicos incluem queda de produtividade agrícola no longo prazo, custos com recuperação de áreas degradadas e prejuízos ao turismo ecológico.
Além disso, países que não controlam o desmatamento enfrentam barreiras comerciais impostas por mercados internacionais preocupados com sustentabilidade.
O que o desmatamento significa para populações locais?
Para populações locais, o desmatamento significa perda de terras, redução de alimentos e exposição a eventos climáticos extremos.
Povos indígenas e comunidades tradicionais veem suas culturas ameaçadas quando florestas desaparecem, perdendo não apenas recursos materiais, mas também espirituais e identitários.
Como mitigar os impactos da degradação ambiental?
Ações individuais, por exemplo, incluem optar por transporte coletivo, reduzir o consumo de plásticos descartáveis e praticar reciclagem. Ao adotar hábitos conscientes, cada pessoa se torna parte da solução e contribui para desacelerar a degradação ambiental.
Qual o papel das políticas públicas?
O papel das políticas públicas é central, pois regula atividades econômicas e define prioridades nacionais. Incentivar fontes limpas de energia, criar áreas protegidas e fortalecer órgãos de fiscalização são, portanto, medidas que demonstram compromisso com a sustentabilidade.
O que diferencia a terminologia científica da utilizada na gestão ambiental?
Diversos ramos da ciência desenvolveram terminologia própria, procurando dar às palavras um significado o mais exato possível, eliminar ambiguidades e reduzir a margem para interpretações de significado.
A gestão ambiental, ao contrário, utiliza vários termos do vocabulário comum. Palavras como “impacto”, “avaliação” e mesmo a própria palavra “ambiente” ou o termo “meio ambiente” não foram cunhadas propositadamente para expressar algum conceito preciso, mas apropriadas do vernáculo, e fazem parte do jargão dos profissionais desse campo.
Por essa razão, é preciso estabelecer, com a maior clareza possível, o que se entende por expressões como “impacto ambiental”, entre outras.

(Fonte: Istoé)
O termo degradação ambiental
“Degradação ambiental” é outro termo de conotação claramente negativa. Seu uso na moderna literatura ambiental científica e de divulgação é quase sempre ligado a uma mudança artificial ou perturbação de causa humana – é geralmente uma redução percebida das condições naturais ou do estado de um ambiente.
A degradação de um objeto ou de um sistema é muitas vezes associada à ideia de perda de qualidade. Degradação ambiental seria, assim, uma perda ou deterioração da qualidade ambiental.
Qual é a definição da Política Nacional do Meio Ambiente
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente define degradação ambiental como “alteração adversa das características do meio ambiente” (art. 3°, inciso II), definição suficientemente ampla para abranger todos os casos de prejuízo à saúde, à segurança, ao bem-estar das populações, às atividades sociais e econômicas, à biosfera e às condições estéticas ou sanitárias do meio, que a mesma lei atribui à poluição.
Em outras palavras, degradação ambiental corresponde a impacto ambiental negativo. A degradação refere-se a qualquer estado de alteração de um ambiente e a qualquer tipo de ambiente.
Como identificar os diferentes graus de degradação ambiental?
O ambiente construído degrada-se, assim como os espaços naturais. Tanto o patrimônio natural como o cultural podem sofrer degradação, descaracterizados e até destruídos. Vários desses termos descritivos caracterizam impactos ambientais.
Assim como a poluição se manifesta a partir de um certo patamar, também a degradação é possível de perceber em diferentes graus.
O grau de perturbação pode ser tal que um ambiente se recupere espontaneamente; mas, a partir de certo nível de degradação, a recuperação espontânea pode ser impossível ou somente se dar a prazo muito longo, desde que a fonte de perturbação seja retirada ou reduzida. Na maioria das vezes, uma ação corretiva é necessária.
Qual obra ler sobre o assunto?
Avaliação de impacto ambiental – 3ª ed. traz várias menções aos Padrões de Desempenho Socioambiental da International Finance Corporation (IFC) e uma maior explicitação da noção de hierarquia de mitigação também está presente em vários capítulos.

Outros novos temas, como justiça ambiental, serviços ecossistêmicos e impactos sobre a saúde, também foram incorporados a esta edição.
Novos casos e exemplos reais são mencionados, ampliando a lista de EIAs de diversos países citados. Novas referências bibliográficas alertam os estudantes e profissionais da área para a importância de se manter atualizado.



