Mesmo após dois volumes da coleção de plantas daninhas, o tema ainda não se esgotou. Pelo contrário, a ciência aplicada das plantas daninhas está em constante evolução, conforme mais descobertas são feitas acerca dos mecanismos de sobrevivência das plantas que têm o infortúnio de se tornar indesejáveis na produção agrícola.
Nesse contexto, Plantas daninhas: avanços tecnológicos explora algumas temáticas mais recentes dessa área, nunca perdendo de vista o principal objetivo do produtor: manter a produtividade da cultura de interesse e controlar a presença das plantas daninhas de maneira sustentável.
Os herbicidas são uma das mais importantes ferramentas no controle das plantas daninhas na agricultura moderna, e são aplicados com tanta frequência que tanto plantas-alvo quanto as não alvo estão constantemente expostas a doses subletais desses produtos no campo. Apesar desse efeito negativo, ainda é possível utilizar essa tecnologia de forma benéfica. Baixas doses de qualquer herbicida podem ser usadas para modular proveitosamente o crescimento, o desenvolvimento ou a composição da planta, devido ao efeito estimulador conhecido como hormese ou hormesis, objeto de estudo do primeiro capítulo desta obra.
Destaca-se, no segundo capítulo, a introdução das culturas geneticamente modificadas (GM) no mercado, que possuem resistência específica a determinados herbicidas, de forma a barrar uma das grandes limitações no uso desses produtos: a não seletividade de determinadas culturas ou a semelhança botânica entre a cultura e as plantas daninhas. As culturas GM propiciaram a aplicação desses produtos em pós-emergência das plantas de interesse sem causar injúrias à cultura. Após o surgimento de biótipos de plantas daninhas resistentes, nessas culturas resistentes a herbicidas também se elevou a possibilidade de rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, permitindo, assim, um manejo mais eficiente das plantas daninhas.
Comparações de plantas de milho que expressam a proteína DMO duas semanas após tratamento com dicamba. Imagem retirada do capítulo 2 do livro Plantas daninhas: avanços tecnológicos. Todos os direitos reservados
O terceiro capítulo aborda as várias possibilidades de interações entre herbicidas, ou mesmo com outros produtos aplicados em mistura no tanque do pulverizador, como inseticidas, fungicidas, fertilizantes foliares e adjuvantes. Essas interações podem gerar resultados positivos e negativos na eficácia do controle das plantas daninhas e na seletividade às culturas, portanto, devem ser estudadas com atenção, para que possam ser exploradas de forma benéfica à produção de interesse.
Tecnologia fundamental para a modernidade, a agricultura de precisão, detalhada no quarto capítulo, permite a visualização de atributos de interesse de forma espacializada de uma cultura, a partir de sensoriamento remoto, auxiliando na tomada de decisão sobre o manejo da lavoura, principalmente no que diz respeito às aplicações de herbicidas em pré- e pós-emergência para o controle de plantas daninhas.
Como já destacado no volume anterior, apesar de o controle químico das plantas daninhas ser altamente eficiente, o uso extensivo e impróprio dos herbicidas nas culturas promove grande impacto no ambiente, no solo e em organismos não alvo. Com o objetivo de melhorar esse cenário, o quinto capítulo explora as formas de remediação de solos contaminados por herbicidas, que se propõem a reduzir a toxicidade a partir da capacidade inerente de plantas e microrganismos em degradar ou imobilizar os herbicidas. Ambientalmente eficaz e com menor custo, a biorremediação de solos oferece a possibilidade de eliminar ou processar contaminantes orgânicos usando atividade biológica natural.
Apresentando várias tecnologias modernas referentes ao controle dessas plantas, Plantas daninhas: avanços tecnológicos é destinado a estudantes de graduação, pós-graduação, técnicos, professores, produtores rurais e a todos com interesse nessa área.
Esse texto consta do prefácio da obra, escrito pelo Prof. Dr. Kassio Ferreira Mendes.
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