O bioma Cerrado apresenta condições adversas que obrigam suas plantas a desenvolverem capacidades de sobrevivências peculiares
As espécies de plantas do Cerrado que existem hoje – como ocorreu com os outros seres vivos – são sobreviventes de um longo período de evolução que, longe de ser estável, passou por diversas transformações: períodos glaciais e interglaciais, separação de continentes, alterações drásticas no relevo, surgimento e desaparecimento de barreiras naturais, como rios e montanhas.
Tudo isso resultou no que está aí hoje no meio ambiente e que ainda é um mosaico que reflete essas condições do passado e do presente.
Quais são as características das plantas do cerrado?
As plantas do cerrado apresentam adaptações especiais para sobreviver a solos pobres em nutrientes e longos períodos de seca. Uma dessas adaptações é a presença de raízes profundas, capazes de alcançar lençóis freáticos subterrâneos.
Além disso, muitas espécies possuem folhas grossas e recobertas por pelos, que reduzem a perda de água.
Outro traço marcante é a presença de troncos retorcidos e cascas grossas, que funcionam como proteção contra queimadas naturais e altas temperaturas. Essas características conferem às plantas uma aparência única, marcada pela rusticidade.
Explicando de maneira prática, é comum encontrar espécies que florescem logo após o fogo, transformando a paisagem castigada em um cenário colorido de renovação.
Como as raízes influenciam na sobrevivência?
As raízes profundas permitem que as plantas acessem água mesmo em épocas de estiagem prolongada.
Isso explica por que árvores do cerrado conseguem permanecer verdes quando outras regiões já enfrentam seca severa. Essa adaptação garante equilíbrio entre flora e fauna.
Quais são as plantas mais típicas do cerrado brasileiro?
O cerrado abriga uma grande diversidade de árvore, arbustos, flores e gramíneas. Muitas dessas espécies são endêmicas, ou seja, só existem nessa região.
Elas desempenham papéis essenciais na manutenção da biodiversidade, oferecendo alimento, sombra e proteção a diversas espécies de animais.
Entre as plantas mais conhecidas, destacam-se:
- pequi: árvore frutífera símbolo do cerrado;
- ipê-amarelo: árvore de flores exuberantes;
- baru: produtor de frutos nutritivos;
- cagaita: árvore com frutos utilizados em sucos;
- jacarandá-do-cerrado: madeira de grande valor ecológico.
O papel das flores no cerrado
As flores típicas do cerrado surgem como resposta às chuvas, colorindo a paisagem. Elas atraem polinizadores como abelhas, borboletas e pássaros, contribuindo para a manutenção do ciclo de vida das plantas.
Quais plantas do cerrado goiano se destacam?
Espécies como o pequizeiro, o baruzeiro e o jatobá são amplamente encontradas em Goiás. Além disso, o ipê-roxo é um símbolo da vegetação goiana, encantando moradores e visitantes com sua floração intensa.
Como Goiás valoriza suas plantas nativas?
O uso das plantas do cerrado goiano está presente na culinária, no artesanato e em projetos de paisagismo sustentável. Essa valorização fortalece a identidade cultural do estado.

Quais plantas do cerrado podem ser usadas em jardins?
Entre as espécies mais usadas estão ipês, baruzeiro, quaresmeira e murici. Além de ornamentar, algumas árvores oferecem sombra e frutos que atraem as aves.
Vantagens de usar plantas do cerrado em jardins
As vantagens incluem resistência a pragas, adaptação a climas secos e diversidade estética. Dessa forma, é possível criar ambientes belos e ecológicos, que refletem a riqueza do cerrado.
Exemplos de espécies ornamentais
Entre as opções ideais para jardins estão:
- ipê-amarelo e roxo: destaque pela floração;
- quaresmeira: beleza ornamental intensa;
- baruzeiro e cagaita: árvores frutíferas de fácil cultivo;
- murici: atrai pássaros e abelhas.
Como preservar as características das plantas do cerrado?
A preservação das plantas do cerrado exige políticas de conservação, uso sustentável e conscientização da população. Projetos de reflorestamento e jardins urbanos com espécies nativas são estratégias eficazes.
A importância da conscientização
Educar, portanto, sobre as características das plantas do cerrado ajuda a valorizar esse patrimônio natural. Escolas, comunidades e governos desempenham papel crucial na transmissão desse conhecimento.
Ações práticas de preservação
Entre as ações recomendadas estão, portanto:
- criação de áreas de proteção ambiental;
- incentivo ao cultivo de espécies nativas em jardins;
- programas de reflorestamento em áreas degradadas;
- restrições a queimadas descontroladas.
Quais são as transformações que moldaram as plantas do Cerrado?
“O cerrado se caracteriza por ocorrer em áreas com solo profundo e ácido, sujeito a um regime de chuva em que a época de estiagem é bem marcada, assim, ficaram apenas aquelas espécies que possuem características que permitam sua sobrevivência e reprodução a longo prazo”, explica Vinícius C. Souza, professor de Sistemática Vegetal na ESALQ/USP, e autor do livro A Flora do Cerrado, cujo tema já resultou até em webinar.

Olho-de-cabra (Ormosia sp.), planta trepadeira
Fogo inimigo
Nesse contexto, o fogo, um fenômeno natural no Cerrado, representa um desafio adicional à sobrevivência das plantas do Cerrado, assim como os meses sem chuva.
Sem poder escapar do fogo, as plantas encontraram, ao longo da sua evolução, diferentes soluções para esse problema, a fim de garantir sua sobrevivência, para na próxima estação florescer, frutificar e produzir novas sementes.
“Boa parte das gramíneas e outras ervas do Cerrado, por exemplo, são anuais e possuem um ciclo de vida muito rápido, germinando, produzindo flores e frutos durante as chuvas e morrendo na época seca. Quando a chuva volta, as sementes estão lá no solo, prontas para uma nova (e rápida) geração”, ressalta o professor.
A resistência das árvores do Cerrado diante do fogo
Outras plantas e pequenos arbustos possuem comportamento semelhante, mas não morrem como as gramíneas, mantendo-se vivos por meio de estruturas subterrâneas lenhosas, que podem alcançar grandes profundidades, verdadeiras árvores subterrâneas, muitas vezes.
Porém, enquanto algumas plantas possuem ciclo de vida curto e outras sobrevivem apenas com suas partes subterrâneas, como ficam as árvores?
“Estas apresentam troncos suberosos, com uma casca de cortiça grossa que, mesmo que seja severamente atingida pelo fogo, será afetada apenas superficialmente, mantendo as partes vivas do tronco intactas”, afirma Vinícius.
Pelo fogo, os brotos das árvores geralmente se queimam e perdem sua função, exigindo que outros sejam formados. Esse, então, é um dos fatores que faz com que as árvores do Cerrado sejam tão tortuosas.
O outro é a ausência de uma competição pela luz, pois diferente do que ocorre nas florestas, onde crescer rápido e verticalmente é um fator importante na competição pela luz.
Qual obra ler sobre o assunto?
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