A ONU declarou a Década de 2021 a 2030 como a de Restauração de Ecossistemas, cuja atividade essencial é o reflorestamento.
A iniciativa é um chamado global à proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o Planeta e destaca a existência de 2 bilhões de hectares de áreas degradadas com possibilidade de restauração no mundo. A meta inicial é restaurar 350 milhões de hectares degradados, até 2030.
O que é reflorestamento?
Reflorestamento é o processo de restaurar áreas que foram degradadas, desmatadas ou perderam cobertura vegetal original, mediante o plantio de árvores e a recuperação da vegetação nativa.
Ele atua como um mecanismo de regeneração ecológica e contribui para recuperar o solo, a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
Por exemplo, em região agrícola abandonada, o reflorestamento pode transformar o local degradado em corredor verde, beneficiando fauna, flora e comunidade circundante.
Esse tipo de iniciativa integra objetivos ambientais, sociais e econômicos, sendo cada vez mais reconhecido em políticas públicas e empresas.
Diferença entre reflorestamento e florestamento
Enquanto o reflorestamento refere‐se à recuperação de áreas previamente ocupadas por vegetação natural que foram degradadas, o florestamento corresponde ao plantio de árvores em locais que não tinham cobertura florestal originalmente.
O primeiro busca restaurar ecossistemas e a segunda cria novas áreas de vegetação. Em muitos programas, essas distinções ajudam a definir metas, escolher espécies e avaliar impactos ambientais.
Por que é tão importante o reflorestamento ambiental?
O reflorestamento desempenha papel central na mitigação das mudanças climáticas ao sequestrar carbono, na preservação da biodiversidade ao recuperar habitats, e na proteção de recursos hídricos ao estabilizar o solo e regular o ciclo da água.
Em um cenário onde vastas áreas estão degradadas por desmatamento e uso inadequado da terra, essa prática representa um caminho para recuperar o equilíbrio ecológico e proporcionar benefícios tanto para o planeta quanto para as comunidades
Qual é o panorama do reflorestamento no Brasil?
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do planeta e enfrenta desafios significativos na recuperação de áreas degradadas, o que torna o reflorestamento uma necessidade estratégica e urgente.
De fato, há projetos nacionais de restauração ambiental que mobilizam atores públicos, privados e comunidades locais com metas relevantes de restauração.
Situação atual e desafios
Apesar dos esforços, o Brasil ainda precisa avançar em muitos aspectos: a cobertura de áreas degradadas é grande, a regularização fundiária complexa, a manutenção dos projetos exige recursos e o monitoramento técnico nem sempre é contínuo.
Em muitos casos, projetos começam com entusiasmo e sofrem com falta de recursos para acompanhar o crescimento das árvores.
Exemplos de iniciativas relevantes
Uma das iniciativas marcantes é o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, que reúne diversos parceiros para restaurar milhões de hectares desse bioma até 2050. Outra é o Vale Florestar, que já plantou dezenas de milhares de hectares na Amazônia.
Esses projetos demonstram que, quando há articulação e compromisso, o reflorestamento ganha escala e impacto.
O papel das empresas e da sociedade civil
Empresas privadas, ONGs e comunidades estão engajadas em contratos de reflorestamento para compensar emissões de carbono, recuperar áreas degradadas pela atividade agrícola ou assegurar serviços ambientais.
Essa participação multiparte é crucial, pois alia técnica, recursos e mobilização social – elementos indispensáveis para o sucesso das intervenções.
Como usar esgoto tratado como fertilizante?
O lodo de esgoto, ou biossólido, tem seu descarte em aterros sanitários. A falta de espaços para deposição dos resíduos é um alarmante problema para os centros urbanos. Soluções que reduzam os volumes destinados aos aterros sanitários são necessárias e muito bem-vindas.
Entretanto, sua utilização é uma alternativa econômica, prática e ecológica para o reflorestamento da Mata Atlântica.
Foi o que revelou um estudo pioneiro realizado pela Embrapa Agrobiologia (RJ), em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em plantios de espécies nativas em áreas de restauração florestal.
A eficácia dessa prática pode se comprovar nos viveiros da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro (Cedae), que já produz mais de um milhão de mudas utilizando o material como substrato.
“Além de ser um recurso reciclável, o biossólido aumenta a possiblidade de sucesso do reflorestamento porque as plantas crescem mais rapidamente e têm maior taxa de sobrevivência e de crescimento”, declarou o pesquisador da Embrapa Guilherme Chaer.
Ademais, o uso do biossólido como insumo é especialmente em áreas de solos degradados, carentes de matéria orgânica e nutrientes, nos quais a taxa de sobrevivência das espécies costuma ser baixa.
Segundo o pesquisador, o lodo de esgoto cria condições para que a planta se desenvolva, pois, além de ser rico em matéria orgânica, condiciona o solo, proporcionando maior retenção de água para as plantas: um sucesso para o reflorestamento e a restauração dos ecossistemas respostas distintas à aplicação do lodo de esgoto.

O Angico-amarelo (Peltophorum dubium), por exemplo, aumentou em 100% sua altura e 30% o diâmetro de copa com o lodo de esgoto, comparado às plantas que não receberam o adubo.
A partir desses resultados, os pesquisadores concluíram que as doses devem variar e estabeleceram a quantidade ideal de biossólido para cada espécie.
Do esgoto ao reflorestamento: o biossólido como fertilizante ecológico
Atualmente a Cedae recicla 100% do lodo de esgoto produzido na estação de tratamento da Ilha do Governador, definida como modelo.
Todo biossólido no plantio de mudas florestais nativas da Mata Atlântica se destina à restauração florestal e arborização urbana. Por ano, ocorre a produção de 1,8 milhão de mudas de 204 espécies.
A prática de usar excrementos dos animais para fertilização das lavouras é milenar. Em seu livro Anarquistas graças a Deus, Zélia Gattai relata como trabalho das crianças, no início do século XX, na alameda Santos, em São Paulo, após a passagem de féretros puxados por cavalos, a coleta do estrume para a horta.
Uma ideia inteligente para as caixas de pizza como técnica no reflorestamento
Quantos milhões de caixas de pizza vão para o aterro sanitário?
Pois seu uso aumenta o sucesso no reflorestamento com mudas e com um custo até 50% menor em comparação aos métodos tradicionais. Trata-se do uso de papelão para controle do capim no coroamento (capina ao redor) de mudas em ações de reflorestamento.
O método já utilizado em lavouras, mas é novidade em ações de reflorestamento com espécies nativas.
Nos projetos de recomposição florestal, a maior parte dos custos está associada ao controle de plantas daninhas que prejudicam o crescimento e a sobrevivência das mudas. Cerca de dois terços do investimento é consumido pelo controle da chamada matocompetição.
“Temos várias soluções para isso. O uso de herbicida é a mais comum na agricultura, mas é pouco comum no setor florestal com foco ambiental, principalmente porque são áreas próximas a recursos hídricos”, explica o pesquisador Alexander Resende.
Como aplicar a técnica?
A técnica é simples e utiliza um disco ou placa de papelão, novo ou reutilizado. Isso para proteger a base das mudas de espécies florestais nos primeiros anos de plantio.
A proteção faz com que as gramíneas, que competem com as espécies de reflorestamento, não se desenvolvam. Com isso, o crescimento das mudas ocorre da mesma forma como se fosse feito o controle da forma tradicional com enxadas, foices e roçadeiras.
Mas o método tradicional exige muita mão de obra, com rendimento operacional baixo, o que onera os projetos de reabilitação ambiental.
Guilherme Chaer conta que os experimentos no campo mostraram que, além de impedir o crescimento das gramíneas, o papelão aumenta a taxa de sobrevivência das mudas.
Embora aumente a sobrevivência das mudas em campo, o papelão não afeta o crescimento das plantas em relação ao tratamento manual.
Ao contrário, o papelão pode diminuir em até 10º C a temperatura do solo superficial nos dias mais quentes. Também reduz a perda de água por evaporação.
“Isso faz uma diferença enorme para a planta, tanto para aliviar o estresse térmico como o estresse hídrico. Ao perder menos água, a planta se beneficia.

📝 Fonte: adaptado de matérias da Agência Embrapa.
Qual obra ler sobre o assunto?
A Livraria Ofitexto tem um catálogo com livros técnicos e científicos sobre:







