Lita Proctor, doutora e pesquisadora de comunidades de bactérias que vivem no corpo humano pela Universidade de Nova Iorque, comprovou que as células bacterianas superam as outras em até 10 vezes e compõem de 1% a 2% da massa do nosso corpo.
Todas as bactérias são benéficas?
Apesar disso, nem todas essas bactérias são benéficas e muitas causam doenças que, sem tratamento, podem ser letais.
Segundo o site da WWF, organização não lucrativa de proteção ambiental, 70% das internações hospitalares do Brasil são causadas por doenças relacionadas à água, muitas vezes infectada por bactérias como vibrião colérico e leptospirose.
Nesta matéria, usaremos o Dicionário de Saneamento Ambiental, escrito por Ariovaldo Nuvolari, doutor em Saneamento pela Universidade de Campinas (Unicamp) e professor da Fatec-SP, para explicar um pouco mais sobre estes micro-organismos.
O que são bactérias?
As bactérias são seres unicelulares e estão entre os menores organismos conhecidos. Podem viver isoladas ou formar colônias e são encontradas em praticamente todos os lugares do planeta, incluindo o corpo de humanos e animais.
Esses pequenos seres podem viver na presença de oxigênio (aeróbias), na ausência de ar (anaeróbias) ou, ainda, serem facultativas e viver em ambientes com ou sem ar.
Fontes de alimentação
As bactérias podem se alimentar de duas maneiras diferentes, o que as classifica em dois grandes grupos.
Autotróficas
São as bactérias que produzem o próprio alimento por meio de fotossíntese (usando a luz solar, o dióxido de carbono e a água) ou da quimiossíntese (usando água, dióxido de carbono e produtos químicos como amônia).
Estas últimas são encontradas nas raízes de algumas plantas e classificadas como fixadoras de nitrogênio, por capturarem o composto e transformar em moléculas orgânicas.
Heterotróficas
Não produzem o próprio alimento, ou seja, utilizam matéria orgânica sintetizada por outros organismos como fonte de energia. É o caso das bactérias decompositoras.
Formas das bactérias
O Coco tem formato globular. Algumas delas podem causar doenças nos seres humanos, como pneumonia e meningite. Estão divididas em dois grupos: estreptococos e estafilococos.
Bacilo
São aquelas com formato bastonete. Também são responsáveis por algumas doenças, como cancro mole (provocado pelo Bacilo de Ducrey) e febre tifoide (provocada pelo Bacilo de Eberth).
Vibrião
Tem mobilidade e forma de bastonete recurvo, parecido com uma vírgula. Aliás, uma bactéria desse tipo causa cólera.
Espiroqueta
São bactérias em forma de saca-rolhas que se movem de forma ondulante, como uma hélice. Muitas espécies de espiroquetas também são agentes patogênicos nocivos ao homem.

O que são doenças causadas por bactérias?
As doenças causadas por bactérias são infecções provocadas por microrganismos patogênicos que invadem o corpo humano e desencadeiam respostas inflamatórias.
Essas doenças podem variar desde infecções leves, como uma dor de garganta, até condições graves como meningite ou septicemia. Em diferentes contextos, a gravidade da doença depende do:
- tipo de bactéria envolvida;
- da imunidade do paciente;
- rapidez no diagnóstico.
Por isso, compreender suas causas e efeitos é essencial para prevenção e tratamento adequados. Vale destacar, então, alguns exemplos de doenças bacterianas comuns que ajudam a entender a amplitude desse tema:
- pneumonia bacteriana;
- tuberculose;
- infecção urinária;
- meningite bacteriana;
- salmonelose.
Como ocorre a transmissão de bactérias patogênicas?
A transmissão bacteriana ocorre de várias formas, incluindo contato direto, bem como, inalação de gotículas respiratórias e ingestão de alimentos contaminados.
Muitos surtos de salmonela e cólera, por exemplo, são associados a práticas inadequadas de higiene alimentar e água imprópria para consumo.
Em ambientes hospitalares, por exemplo, equipamentos mal esterilizados também podem servir como veículo para a propagação de bactérias resistentes. Esses fatores explicam por que surtos costumam se espalhar rapidamente em comunidades vulneráveis.
O que são bactérias gram-positivas?
Bactérias gram-positivas são aquelas que, após o processo de coloração de Gram, retêm o corante violeta cristal devido à sua parede celular espessa de peptidoglicano.
Esse grupo inclui microrganismos de grande importância médica, como Staphylococcus e Streptococcus, que causam infecções respiratórias e de pele.
Muitas dessas bactérias vivem naturalmente no corpo humano, mas em situações de desequilíbrio, podem provocar doenças sérias. A compreensão dessa classificação ajuda médicos a definir o tratamento mais eficaz.
Essas bactérias são mais suscetíveis a alguns antibióticos tradicionais, como penicilina, embora muitas cepas tenham desenvolvido resistência.
Quais doenças estão associadas a bactérias gram-positivas?
As doenças mais conhecidas incluem, por exemplo, pneumonia, amigdalite bacteriana, infecções de pele e septicemia hospitalar. Infecções por Streptococcus podem levar à febre reumática se não tratadas corretamente, um exemplo clássico de complicação grave.
Já o Staphylococcus pode causar desde furúnculos até endocardite. Desse modo, essas ocorrências demonstram que uma simples infecção pode se tornar ameaçadora caso não seja diagnosticada a tempo.
O que são bactérias gram-negativas?
Bactérias gram-negativas são microrganismos cuja parede celular possui uma camada mais fina de peptidoglicano e uma membrana externa lipídica, o que dificulta a ação de muitos antibióticos.
Elas não retêm o corante violeta cristal no teste de Gram, assim aparecendo em tons avermelhados ou rosados. Essas bactérias incluem patógenos temidos, como Escherichia coli, Salmonella, Klebsiella e Pseudomonas.
Quais doenças estão ligadas a bactérias gram-negativas?
Entre as doenças mais comuns estão infecções urinárias graves, pneumonia hospitalar, meningite bacteriana e septicemia. A Escherichia coli, por exemplo, é uma das principais causadoras de infecção urinária em mulheres.
Já a Pseudomonas aeruginosa, por outro lado, é temida por sua resistência e por afetar pacientes em UTI. Esses exemplos revelam como bactérias gram-negativas representam uma ameaça crescente à saúde global.
Por que as gram-negativas são mais resistentes aos antibióticos?
A resistência está relacionada à membrana externa que dificulta a penetração de medicamentos e à presença de mecanismos genéticos que degradam antibióticos.
Além disso, muitas dessas bactérias trocam genes de resistência entre si, acelerando o problema. Como resultado, médicos enfrentam desafios diários para encontrar combinações terapêuticas eficazes.
O que são superbactérias e como surgem?
Superbactérias são cepas altamente resistentes a múltiplos antibióticos, geralmente surgindo pelo uso excessivo e inadequado de medicamentos.
Um exemplo são as enterobactérias resistentes a carbapenêmicos, que se espalham em hospitais pelo contato com superfícies contaminadas.
Esses casos demonstram, acima de tudo, a importância de políticas públicas e conscientização da população para frear o avanço da resistência bacteriana.
Qual obra ler sobre o assunto?
Quer conhecer mais alguns verbetes? O Dicionário de saneamento ambiental, de Ariovaldo Nuvolari (Unicamp), reúne 6.438 verbetes que foram pesquisados em inúmeras referências bibliográficas e consultados entre profissionais da área.
Você vai encontrar muitas informações sobre bactérias, bacias, reservatórios de água e muitas outras palavras usadas no estudo das diversas interfaces das Ciências Ambientais.
Capa do livro “Dicionário de saneamento ambiental”, publicação da Editora Oficina de Textos
Descubra como o fascinante mundo das bactérias se conecta diretamente com a preservação do meio ambiente e os desafios da sustentabilidade.
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Resumo desse artigo sobre bactérias
- Doenças bacterianas podem variar de simples infecções de garganta a quadros graves como meningite e septicemia;
- Bactérias gram-positivas e gram-negativas têm estruturas diferentes que impactam o tratamento;
- A presença de bactérias no sangue representa risco elevado e pode evoluir para sepse;
- Fungos também causam doenças, e coinfecções bacterianas e fúngicas aumentam a complexidade clínica;
- A prevenção está ligada a higiene, vacinação, uso correto de medicamentos e cuidados hospitalares.