Inovações notáveis na agropecuária
Tecnologias que fazem História
Até 1920, a agricultura 1.0 era a praticada, com início há 10.000 anos. Homens e animais forneciam a força motriz para as operações: limpar, arar, plantar, colher e outras.

Com a mecanização, teve início a agricultura 2.0 cuja duração se estendeu de 1920 a 1990. Com máquinas, fertilizantes e defensivos e variedades melhoradas.

- Fonte: IBGE, Home | Agência de Notícias
A nova revolução que conduziu para a agricultura 3.0 veio dos laboratórios da Engenharia Genética: variedades melhoradas e diferentes insumos que melhoraram a produtividade.
Se no início do século passado, com os recursos da agricultura 1.0, um agricultor produzia alimentos para 4 pessoas, em 1960, com agricultura 2.0 ele produzia alimentos para 26 pessoas. Hoje, com agricultura 3.0 ele produz alimentos para 150 pessoas.
Na presente década está em curso uma nova revolução, a agricultura 4.0. Além de uso mais intensivo de produtos biológicos, a ampliação com novas espécies em domesticação na produção de alimentos e a digitalização da agricultura com automação por sensores e robótica.
A meta com as novas tecnologias é alimentar 10 bilhões de pessoas até 2030.


A seguir apresenta-se algumas contribuições tecnológicas desenvolvidas pelos cientistas da EMBRAPA, rumo à meta de alimentar o Mundo.
Robô usa luz para diagnóstico precoce de nematóides em algodão e soja
Apelidado de LumiBot, o robô é um protótipo que une robótica, fotônica e inteligência artificial para identificar a presença de nematóides em soja e algodão. Estas culturas foram escolhidas por sua enorme importância ao País.
Estima-se que a perda anual por ataque de nematoides é superior a R$ 4 bilhões na cultura do algodoeiro e mais de R$ 27 bilhões na soja.
O robô ilumina e fotografa ao mesmo tempo as folhas das plantas de algodão e soja em 7 segundos. Ele usa a técnica de imagem de fluorescência para avaliar mudanças metabólicas das plantas causadas por estresses bióticos e abióticos.
Com o diagnóstico precoce e o mapeamento da infestação é possível aplicar defensivos químicos somente nas regiões infestadas, gerando economia e mais sustentabilidade.
Os resultados do protótipo são promissores com uma percentagem de acerto acima de 80%.

A próxima etapa do estudo será o desenvolvimento de um equipamento para operação em campo, como, por exemplo, adaptar o aparato óptico em um veículo agrícola do tipo pulverizador gafanhoto ou veículo rover.
Programa Balde Cheio
O programa Balde Cheio, da Embrapa, é um programa de capacitação nas fazendas. consiste em aplicar tecnologias e conceitos de forma customizada, como sanidade animal, bem-estar, gerenciamento da propriedade, manejo intensivo de pastagens, estruturação de rebanhos, eficiência na reprodução e preservação ambiental.
O programa mostra que nas fazendas onde foi implantado, a produtividade anual é de quase quatro vezes, por hectare ao ano, em relação à média geral brasileira. A produção de leite média brasileira é de menos de 100 litros por dia.
No programa, a maioria produz mais de 200 litros/dia (cerca de 75% dos participantes). Ou seja, dá para produzir mais e ganhar dinheiro.
O método é baseado em cinco elementos-chave:
- anotações zootécnicas e econômicas;
- adaptação à complexidade e procura de inovações pela recombinação de tecnologias;
- testes e experimentação no âmbito da fazenda;
- rede para troca de informações e práticas; e,
- ritmo cadenciado de introdução da tecnologia, levando em conta a necessidade, o nível e a situação de cada produtor.
Segundo o coordenador do Balde Cheio, André Novo, “além do impacto social e familiar, ele promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas, protege mananciais, foca na saúde e no conforto animal e garante o cumprimento da legislação ambiental”

O programa Balde Cheio, da Embrapa, foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) entre as melhores práticas e abordagens inovadoras do mundo que promovem a segurança alimentar, o desenvolvimento sustentável e a transformação dos sistemas agroalimentares.
A Cerimônia Global foi realizada na sede da FAO, em Roma, na Itália, na quarta-feira, 15 de outubro de 2025.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) para um solo saudável
Segundo o pesquisador Alberto Bernardi, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), o solo é primordial para garantir a segurança alimentar no Planeta. Ele destaca que os modelos integrados promovem um solo mais saudável.
“As propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos melhoram nesses modelos sustentáveis. Essas alterações observadas estão ligadas à quantidade e qualidade do carbono orgânico. As pesquisas da Embrapa comprovam que esses solos acumulam maior quantidade de carbono, e que a estabilidade dessa matéria orgânica é maior do que nos sistemas convencionais”.
O cientista explica que um solo de melhor qualidade conduz a altas produtividades das culturas e melhora o vigor da pastagem oferecida aos animais, resultando em maior produção e renda.

O retorno do investimento feito pelos produtores que adotam sistemas integrados de produção como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é maior do que daqueles que utilizam sistemas exclusivos de lavoura ou pecuária.
Em reportagem publicada em 19/7/2016, já se consolidavam os resultados obtidos ao longo de uma década em diferentes fazendas, demonstrando de forma incontestável que os sistemas ILPF são mais lucrativas que culturas solteiras.
A constatação da melhoria da saúde do solo nestes sistemas só reforça que sua implantação e manutenção é uma decisão de ganha-ganha.

Agricultura Espacial
A exploração humana fora da Terra apresenta muitos desafios que exigem soluções complexas, segundo o engenheiro da Nasa, Ivair Gontijo. Para ele os principais desafios incluem a sobrevivência humana em ambientes extraterrestres.
Para isso, é indispensável a produção de alimentos e de oxigênio. “Além das necessidades básicas de suporte à vida, a exploração de longo prazo, como uma viagem a Marte, que leva de seis a nove meses, enfrenta questões tecnológicas e médicas”.
A comunidade científica mundial tem buscado soluções para esses desafios, visando a missões futuras e à habitação permanente na Lua e, posteriormente, em Marte, permitindo viagens e estadias mais longas.
De acordo com Alessandra Fávero, a solução dos problemas de adaptação em um ambiente inóspito pode contribuir para resolver também os desafios enfrentados na Terra em relação às mudanças climáticas. A mesma ideia é compartilhada por Gontijo. “Realizar pesquisas e descobrir novas variedades de plantas, talvez novas espécies ou animais que sobrevivam em um ambiente extremo, como o marciano, onde a quantidade de CO2 na atmosfera é muito grande, serão de grande utilidade para mitigar as mudanças climáticas”.

O evento ocorreu de 14 a 16 de outubro, no Parque de Inovação Tecnológica São José dos Campos (PIT).