Menor consumo de insumos, maior sustentabilidade, agilidade na tomada de decisões, facilidade de gestão e por consequência maior lucratividade. É isso que apontam os especialistas em Agricultura Digital. Um caminho sem volta para quem quer se manter competitivo no setor.
A 2ª edição do livro Agricultura Digital aborda a revolução da Agricultura 4.0, sendo um guia completo sobre as implicações na produção, coleta de análises e a otimização de processos. A obra ainda traz um glossário com alguns dos termos mais importantes e até um estudo de caso real da aplicação do sistema. O Comunitexto conversou com um dos organizadores da obra, Professor Aluízio Borém. Confira!
Comunitexto (CT): Como surgiu a ideia do livro? Foi uma necessidade do mercado?
Aluízio Borém (AB): Em 2019, durante um treinamento nos EUA, ao visitar o Vale do Silício, em São Francisco, percebemos que as empresas estavam promovendo a transformação digital, que inclusive já chegou para várias outras áreas. Entendemos que agora é o momento do Agro, por isso convidamos especialistas para que pudéssemos, em uma única obra, reunir informações variadas para alunos, produtores e profissionais do setor.
CT: Quem mais participa do livro?
AB: São vários autores da Unicamp, Esalq/USP, da UFV, da Fatec e temos também representantes da indústria, o que deu um bom equilíbrio. Eu e Daniel Marçal de Queiroz, Domingos Sávio M. Valente e Francisco de Assis de Carvalho Pinto organizamos a obra.
CT: Sobre o sistema de localização por satélites, como funciona?
AB: O sistema de geolocalização, bastante utilizado hoje na agricultura, é baseado em uma rede de satélites que estão distribuídos ao redor do planeta Terra em diferentes órbitas. Esses satélites emitem sinais que são percebidos pelos sensores, e isso permite que as coordenadas exatas do local, como latitude, longitude e altitude, possam ser claramente identificadas. Isso é muito importante porque cada solo, cada talhão, cada gleba é diferente. Com as informações recebidas, é possível marcar as regiões com diferenças mais marcantes e ali aplicar tratamentos com medidas corretivas, de acordo com a necessidade. Isso, inclusive, gera economia para o produtor, que só vai aplicar o que realmente é necessário.
CT: Qual a importância da análise da variabilidade espacial e temporal?
AB: São peculiaridades da agricultura. A espacial diz respeito à variação de cada propriedade: da parte mais alta para a parte mais baixa, ou da mais seca para a mais úmida. A temporal diz respeito às mudanças nas condições de um determinado ponto ao longo do tempo. Uma lavoura de soja, por exemplo, passa até 120 dias no campo, e as condições daquele sítio vão mudando ao longo do tempo, com mais umidade, menos umidade, mais ou menos pragas. Com essas informações o produtor sabe como trabalhar cada área maximizando a produtividade.
CT: Agora destacando o agronegócio, como as imagens e o sensoriamento remoto são aplicados?
AB: Ele pode ser feito através de satélites, drones e outros sensores, e as imagens captadas podem ser transformadas em informações relativas à incidência de pragas, plantas daninhas e deficiências nutricionais.
CT: Também é possível, no caso da pecuária, acompanhar os animais a pasto?
AB: Sim, a Pecuária Digital, ou Zootecnia Digital, possibilita monitorar os rebanhos e também a alimentação. Avaliar desde o suporte das pastagens até quantos animais por hectare é possível utilizar.
CT: As áreas irrigadas também podem ser feitas com manejo digital?
AB: A maioria dos sistemas de irrigação utiliza um sistema de aplicação com uma quantidade de água uniforme. Nós sabemos que, em determinadas áreas com relevos diferentes, a água pode escorrer e até ficar empoçada nas partes mais baixas. Com a Irrigação Digital é possível aplicar mais ou menos água de acordo com a necessidade do solo. Economia de energia, menos desperdício de água e maximização da produtividade.
CT: A aplicação de drones na lavoura precisa seguir uma legislação, existem regras?
AB: O uso de drones requer que o operador passe por treinamento e siga a legislação em vigor. Não é apenas comprar e sair usando os equipamentos, existem riscos.
CT: No livro tem algum estudo de caso?
AB: A propriedade em que foi aplicada a Agricultura Digital tem lavouras de soja, milho e algodão. Ela começou do zero e chegou à conclusão de que melhorou a gestão; agora o grupo está aplicando em outras propriedades. É bem interessante porque o livro mostra todas as etapas, como foi a implantação, os resultados.
CT: Como ter acesso à agricultura digital?
A.B.: O livro Agricultura digital é apenas o começo para o produtor. Depois de se informar, entender como funciona, ele pode estabelecer as prioridades e buscar ajuda técnica e de consultores. Os profissionais tanto podem atender à propriedade como também dar cursos para os funcionários. Para os estudantes, é importante para quando deixarem as Universidades estarem aptos a trabalhar com o sistema e poder aplicar nas suas atividades.
CT: Para finalizar, a agricultura digital é um caminho quase que obrigatório para quem quer se manter competitivo e melhorar a produção e a gestão?
AB: Somente com a Agricultura Digital, o uso de sensores, a robótica, telemetria e muitas outras ferramentas o produtor vai conseguir competir nesse mercado. Se ele não se adequar, ele vai acabar sendo excluído do sistema, porque a Agricultura Digital permite maior lucratividade, menor consumo de insumos e maior sustentabilidade.
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