Lançamento da Oficina de Textos, a obra “Clima das regiões brasileiras e variabilidade climática” atualiza informações e organiza os estudos sobre variabilidade climática no País
A rotina de estudantes e pesquisadores da área de climatologia no Brasil era bem mais árdua no passado não muito distante. Artigos, pesquisas e descobertas sobre o tema estavam espalhadas pelas bibliotecas e pela internet. Para suprir a carência por obras de referência, os professores Iracema F. Albuquerque Cavalcanti e Nelson Jesuz Ferreira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com outros pesquisadores, elaboraram um livro que reuniu os conhecimentos sobre o clima e as variabilidades climáticas nas regiões brasileiras de forma completa e organizada.
O livro Clima das regiões brasileiras e variabilidade climática, recentemente lançado pela Oficina de Textos, é uma versão revisada e atualizada de parte da obra Tempo e Clima no Brasil, lançada pela mesma editora em 2009 e que se tornou referência para estudantes e pesquisadores das áreas de meteorologia e climatologia.
O lançamento dá grande destaque ao estudo do clima em cada região e à variabilidade climática que afeta a América do Sul em diferentes períodos temporais. Outra obra, dedicada ao tempo, também está sendo elaborada.
Clima nas regiões do Brasil
De acordo com Iracema F. A. Cavalcanti, é preciso estudar o clima considerando os sistemas meteorológicos que atuam em cada região, além do fator da região geográfica. “Antigamente se falava em clima temperado, tropical, de latitudes médias, por exemplo”, diz. “Mas hoje os fatores que provocam a variabilidade desses climas são os nossos objetos principais de estudos”.
Quanto à grande variação de clima no país, a professora dá o exemplo da região Nordeste, onde o sistema atuante nos meses do outono é a Zona de Convergência Intertropical, responsável por trazer chuvas à região. Esse sistema se desloca para sul nessa época e para norte nas outras estações do ano. “Por isso é comum algumas regiões ficarem totalmente secas em alguns períodos do ano, enquanto em outros, as regiões podem ser afetadas por mais chuva e nebulosidade”.
“Quanto à região Norte, temos a floresta Amazônica, que produz muita umidade e, consequentemente, chuva e nebulosidade quase o ano todo ”, diz. “Mas há também deslocamento da chuva e de nebulosidade para norte, durante uma parte do ano, e variabilidade do clima mesmo dentro da região”.
Já as regiões Sudeste e o Centro-Oeste ficam nas chamadas “regiões de transição” e são afetadas por outros sistemas, como sistemas frontais, que também atuam na região Sul, e que variam no decorrer das estações. “Por isso os sistemas que atuam nessas diferentes regiões vão caracterizar as diferenças climáticas de cada lugar”, esclarece.
Fenômenos que implicam variabilidade climática
Eventos que atuam de forma remota, ou seja, que acontecem em outras regiões da atmosfera, mas que afetam os sistemas atuantes no Brasil também impactam o clima no País.
Um exemplo é o El Niño, fenômeno atmosférico que interfere na temperatura das águas do Oceano Pacífico e que impacta o regime de chuvas e a umidade em vários países, incluindo o Brasil.
Apesar de conhecido, o El Niño possui suas complexidades, como explica a autora. “Neste livro apresentamos que não existe apenas um tipo de El Niño”, conta. “E esses tipos podem agir de maneiras diversas e produzir consequências diferentes. Este é um tópico bem recente e, para os interessados na área, é um tema que deve ser conhecido e estudado”.
Em entrevista à equipe de comunicação da Oficina de Textos, Iracema F. A. Cavalcanti, professora de Climatologia Dinâmica no Inpe, dá mais detalhes sobre o novo livro neste vídeo. Assista:
