Três utilizações de drones que podem favorecer a construção civil

Em nova edição do livro “Gestão de custos de obra: conceitos, boas práticas e recomendações”, o Professor Aldo D. Mattos trata a utilização de drones na construção civil.

Tenho visto com satisfação a utilização cada vez mais intensa de drones em obras brasileiras. Para quem não sabe, drone quer dizer zangão (macho da abelha) em inglês. Tem quem prefira a sigla VANT (veículo aéreo não tripulado), mas vamos usar mesmo drone.

Apesar de ver drones nos canteiros de obra, eu ainda percebo uma utilização mais recreativa do que propriamente técnica, ou seja, em minha opinião eles ainda estão sendo subutilizados sob o ponto de vista de sua capacidade de engenharia.

A seguir, recomendo algumas formas de utilização de drones ─ não vou mencionar fotografias para fins de campanha publicitária, antes de um prédio ser lançado, porque isso é da área de marketing.

Reunião de partida

Reunião de partida ou de abertura (ou kick-off meeting) é a reunião inicial da obra, lá no início, quando contratante e contratado ainda estão otimistas, confiantes e amigos.

Para mim, essa reunião, que muita gente nem se preocupa em fazer, reveste-se de grande importância porque serve de alinhamento geral, permite esclarecimentos antes dos serviços de campo começarem e ilustra bastante a posição do canteiro de obras, das frentes de serviço, de locais de descarte etc.

Em obras de infraestrutura, mais do que em prediais, essa reunião deveria ser obrigatória. Em um de meus clientes do setor rodoviário, testamos enriquecer a reunião de partida com um sobrevoo de drone projetado no telão (figura abaixo).

O efeito tem sido notável: os setores de produção, operação, meio ambiente e segurança do trabalho se beneficiam bastante da filmagem. As pessoas apontam para a tela, tiram dúvida, dão zoom etc.

Foto aérea de uma construção civil tirada por drones, mostrando canteiro de obras, APP e escavação em rocha.

Foto de drone usada em uma reunião de partida (Imagem retirada do livro “Gestão de custos de obra”, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados)

Levantamento de quantitativos para medição

Obras que envolvem movimento de terra requerem mensalmente a cubagem dos volumes de corte e aterro. Essa tarefa é geralmente feita por equipes de topografia. Meu pensamento é que o drone pode substituir em parte essas equipes em grandes trechos abertos e contínuos.

Para tanto, é necessário dispor de um plano de voo prévio, com definição de coordenadas, traçado, altura e aspectos ópticos que se repitam rigorosamente a cada voo.

Assim, pode-se traçar as curvas de nível do terreno e, mês após mês, superpor as figuras para cálculo de volumes, conforme figura abaixo.

Medição de volume em uma imagem de topografia de uma região.

Medição de volumes com drones (Imagem retirada do livro “Gestão de custos de obra”, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados)

Uma pergunta que sempre me fazem: o drone é tão preciso quanto a estação total topográfica no cálculo de volumes? A resposta é não, mas o que proponho é que a cada três ou quatro meses seja feita uma medição topográfica de solo, mais precisa, para refinar o cálculo. Nos meses intermediários o drone atende bem.

Inspeção de serviços de drones na construção civil

Embora os drones já venham sendo usados corriqueiramente para mapeamento de locais de difícil acesso e para recebimento de serviços, existe a funcionalidade de acoplar a eles uma câmera termográfica para detecção remota de umidade (figura abaixo).

Imagem aérea termográfica de uma obra tirada por um drone.

Imagem com câmera termográfica (Imagem retirada do livro “Gestão de custos de obra”, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados)

A vantagem é ser possível identificar anomalias em linhas de transmissão, telhados de fábrica e longos trechos de tubulação, em tempo real e sem a necessidade de locomoção de pessoas.


Essa matéria foi retirada do oitavo capítulo do livro Gestão de custos de obra, de Aldo Dórea Mattos, publicado pela Editora Oficina de Textos, o qual aborda algumas das formas que os drones podem favorecer a construção civil.

Foto de Aldo Mattos, homem branco, de meia idade, barba rala e cabelo grisalho. Ele veste um terno cinza e sorri para a câmera.

Aldo Dórea Mattos é Engenheiro Civil e Advogado (UFBA), consultor de planejamento e gerenciamento de obras para diversas empresas públicas e privadas e autor dos livros Como preparar orçamentos de obras, Planejamento e controle de obras e Gestão de custos de obra.


Saiba mais sobre drones na construção civil

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Capa do livro "Gestão de custos de obra - 2ª ed.", publicação da Editora Oficina de Textos

Capa do livro “Gestão de custos de obra – 2ª ed.”, publicação da Editora Oficina de Textos