“Rochas ígneas e metamórficas” é a principal obra em língua portuguesa sobre o tema

Lançada pela Ofitexto, a segunda edição do livro “Rochas ígneas e metamórficas” de Antônio Gilberto Costa traz novo capítulo sobre alteração e degradação de materiais pétreos aplicados

A ausência de livros em língua portuguesa que abordassem em detalhes a caracterização das rochas ígneas e metamórficas foi o que motivou o professor Antônio Gilberto Costa a escrever sobre o tema, há oito anos. Agora em 2021, o autor lançou, pela editora Oficina de Textos, a segunda edição do livro que ocupou uma lacuna importante na bibliografia nacional sobre o assunto.

Além de trazer a descrição petrográfica das rochas ígneas e metamórficas, e apresentar informações macro e microscópicas sobre as características estruturais para a identificação desses tipos de rochas, a obra Rochas ígneas e metamórficas: petrografia, aplicações e degradação aborda a petrografia das degradações e alterações de materiais pétreos de forma completa.

Com a introdução desse novo capítulo, o livro passa a ser uma obra interessante também aos profissionais que trabalham com a preservação de monumentos pétreos e de edificações contemporâneas, além de estudantes, geólogos e profissionais envolvidos com geologia”, declara Antônio Costa.

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Rochas ígneas e metamórficas

A diferença entre rochas ígneas e metamórficas está na sua formação. As rochas ígneas são formadas a partir da cristalização do magma. A cristalização pode ocorrer em contato com a superfície ou no interior da crosta terrestre.

Já as rochas metamórficas são aquelas que se formam no interior da crosta terrestre e que sofrem transformações a partir do envolvimento com outras rochas e em determinadas condições de pressão e temperatura.

Antônio Costa conta que essas rochas estão presentes em todo o mundo. Um exemplo de rocha ígnea que se formou por toda a crosta terrestre são os granitos. Em muitas áreas do Brasil, há a presença de granitos expostos na superfície – ainda que tenham se formado no interior da crosta terrestre. “As rochas expostas se alteram e, em parte, acabam explicando a formação das rochas sedimentares”, esclarece ele. “Ou seja, materiais que resultaram da alteração dessas rochas ígneas serão redistribuídos em diferentes regiões”.

Já as metamórficas, por resultarem de uma transformação, também podem ser encontradas em diferentes partes do mundo. “Existem condições específicas para que aconteça a transformação dessas rochas, mas não existe um lugar único onde elas possam ser encontradas”, afirma o autor.

No entanto, ao contrário das obras em língua estrangeira sobre o tema, o livro de Antônio Gilberto Costa trata da degradação das rochas ígneas e metamórficas ressaltando os casos que acontecem no Brasil.

Em geral, essas rochas não têm nacionalidade, já que podem ser encontradas em todo o mundo”, ressalta o professor. “Mas, quando se trata dos processos de degradação dessas rochas, esse livro se baseia apenas em exemplos nacionais. Isto porque existem diferenças entre os processos que acontecem aqui e os que ocorrem em outros países”.

A carência de obras sobre o tema no Brasil

O professor lembra que as obras que tratam das questões teóricas da petrologia   são mais comuns na bibliografia brasileira em comparação às obras sobre petrografia – que são áreas de estudo diferentes. Além disso, ainda que existam no mercado traduções para o português de livros estrangeiros sobre rochas ígneas e metamórficas, essas obras também são escassas.

A razão para que exista uma carência na produção de obras nacionais sobre a petrografia de rochas ígneas e metamórficas, e especialmente sobre degradação e alteração desses materiais, está na falta de diálogo entre determinadas áreas de conhecimento e as áreas aplicadas, na opinião do professor.

De modo muito geral, a academia não tem uma cultura forte de produção de conteúdo científico que também inclua a aplicação na indústria”, argumenta. “Não é raro que pesquisadores dediquem suas carreiras produzindo trabalhos excelentes sem que, necessariamente, esses trabalhos contribuam para o desenvolvimento do mercado.

Além disso, segundo o professor, há também o fato de ser escasso o número de pesquisadores desenvolvendo trabalhos no Brasil sobre determinadas áreas do conhecimento. “O mesmo se aplica à quantidade de laboratórios dedicados a essas áreas”, disse. “Em geologia, dá para contar com os dedos de uma mão quantas universidades possuem laboratórios especializados”.

Setores da indústria, como o da extração de bens minerais, também poderiam contribuir para que o tema ganhasse mais relevância no país simplesmente atuando em prol do mercado interno. “O setor de rochas ornamentais, por exemplo, movimenta no Brasil um volume muito alto de recursos, principalmente com a exportação desses materiais”, lembra Antônio Costa. “Mas o país ainda não agrega valor a esse bem, considerando o mercado interno. Ainda não estamos em uma situação em que as rochas ígneas e metamórficas são beneficiadas aqui”.

Confira o vídeo da entrevista com o autor:

Sobre o autor

Antônio Gilberto Costa, geólogo pela Universidade Federal de Minas Gerais e Doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Clausthal Zellerfeld, Alemanha, é, desde 1982, professor de Petrologia das Rochas Ígneas e Metamórficas do Curso de Geologia da UFMG. Atualmente, coordena o Laboratório de Caracterização de Rochas com aplicação Industrial – LABTECRochas do CPMTC/UFMG e o Centro de Referência em Cartografia Histórica da UFMG. Foi Diretor do Instituto de Geociências da UFMG, de 1998 a 2006 e do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, de 2013 a 2019, tendo coordenado o curso de Pós-Graduação em Geologia da UFMG, de 2006 a 2012. Saiba mais sobre o autor aqui.