A erosão e seus agentes

Veja a seguir quais são os principais tipos de erosão, conforme os agentes que atuam!

Erosão é o conjunto de processos que promovem a retirada e o transporte do material produzido pelo intemperismo, ocasionando o desgaste do relevo; conheça alguns dos principais agentes que causam esse processo.

Erosão pluvial

É aquela provocada pela água das chuvas. A água é um dos principais agentes erosivos; sua ação é lenta, mas pode ser acelerada quando encontra o solo desprovido de vegetação, como nas áreas desmatadas.

Se o terreno tem muita vegetação, o impacto da chuva é atenuado porque as plantas diminuem a velocidade da água que escorre pelo solo. As raízes, por sua vez, dão mais resistência à estrutura do solo e aquelas já mortas funcionam como canais, favorecendo a infiltração da água.

Sem vegetação, o solo fica saturado em água mais rapidamente e, como consequência, ela passa a fluir pela superfície, deixando de se infiltrar. Tudo isso fica agravado se o solo for arenoso, em vez de argiloso.

Imagem do vulcão Bromo, na ilha de Java, coberto por vegetação rala. Esse vulcão foi formado pela erosão por água da chuva, um de seus principais agentes.

Erosão pluvial Ravinas no vulcão Bromo, ilha de Java (Fonte: G1)

O fluxo de água pela superfície leva à formação de ravinas, como na imagem acima, e quanto mais água houver, mais acelerado será o ravinamento, de modo que ele aumenta à medida que a água avança morro abaixo.

Outro tipo de erosão pluvial é a erosão remontante, que abre, no solo, sulcos que podem atingir grandes dimensões e que crescem morro acima (daí o nome), ao contrário do ravinamento. Esses sulcos recebem o nome de boçorocas (ou voçorocas) e começam a se formar quando o ravinamento atinge o lençol freático. Daí em diante, progridem de modo muito difícil de controlar, pois não dependem mais da ocorrência de chuvas para aumentar de tamanho.

Erosão fluvial

É aquela causada por rios, perenes ou temporários. É semelhante à erosão pluvial, mas em escala maior e em regime permanente ou pelo menos mais prolongado que a erosão pluvial.

Imagem de um rio cortando as montanhas do Grand Canyon

Erosão fluvial Grand Canyon, Colorado (EUA)

 Erosão marinha (abrasão)

A água do mar provoca erosão através da ação das ondas, das correntes marítimas, das marés e das correntes de turbidez. Seu trabalho é reforçado pela presença de areia e silte em suspensão. A cidade de Olinda, em Pernambuco, é um local em que a erosão marinha tem agido de modo preocupante, com o mar avançando sobre a cidade.

Imagem de uma estrutura rochosa ao horizonte em uma praia, com ondas e pedras espalhadas.

Erosão marinha La Portada, Chile (Fonte: Wikipedia Commons)

As correntes marinhas transportam grandes volumes de sedimentos de uma área para a outra. A ação das correntes de turbidez não é percebida, porque elas atuam entre a plataforma continental e o talude continental.

Erosão glacial

É a erosão provocada pelas geleiras (também chamadas de glaciares). A água, que se acumula nas cavidades das rochas no verão, congela quando chega o inverno, sofrendo dilatação. Isso pressiona as paredes dos poros, rompendo a rocha. A cada ano, o processo se repete, desagregando, aos poucos, a rocha.

Imagem de um pedaço de geleira caindo na Antártida. O gelo é um dos principais agentes de erosão de rochas.

Erosão glacial na Antártida (Fonte: Cultura mix.com)

Essas massas de gelo deslocam-se muito lentamente, mas têm uma enorme capacidade de transporte, podendo carregar blocos de rocha do tamanho de uma casa. Quando derretem, geram depósitos sedimentares muito heterogêneos, chamados de morenas ou morainas.

Erosão eólica

É aquela decorrente da ação do vento. Ocorre em regiões áridas e secas, onde existe areia solta, capaz de ser transportada pelo vento, que a joga contra as rochas, desgastando-as e dando origem, muitas vezes, a formas bizarras, como se vê na figura abaixo:

Imagem de uma rocha de base fina e topo largo em um solo de areia, causado pela erosão eólica.

Erosão eólica no Salar de Uyuni, Bolívia (Fonte: Wikipedia Commons)

Outra feição típica do ambiente desértico são os ventifactos, blocos de rocha de tamanhos variados que aparecem soltos no chão e que exibem faces planas formadas pelo impacto contínuo da areia. Eles são úteis porque a posição dessas faces indica a direção preferencial dos ventos no local.

Os grãos de areia podem ser levados a distâncias enormes por suspensão e já se constatou a presença de areias provenientes da África na Amazônia brasileira. A suspensão forma grandes depósitos arenosos, chamados de loess, e é responsável também pelas tempestades de areia.

Ao contrário do que pensam muitas pessoas, não foi a erosão eólica, e sim a chuva, que formou as estranhas feições que tanto atraem os turistas em Vila Velha, no Paraná.

Erosão antrópica

É a erosão causada pela ação do ser humano. Em geral não tem grande influência, porque sua ação é de duração muito curta, Mas nossa capacidade de remover grandes massas de terra ou de rocha é cada vez maior, então a erosão antrópica tende a ser cada vez mais significativa.

O plantio sem levar em conta o regime de escoamento das águas naturais pode provocar ravinamento e formação de boçorocas. A ocupação de áreas impróprias para a construção de moradias, como morros de alta declividade, gera escorregamentos de solo, com danos materiais e mortes. A impermeabilização de superfícies, como a pavimentação de ruas, impede que a água da chuva se infiltre e favorece as inundações em áreas urbanas.

Foto de um ventifacto de granito.

Ventifacto de granito medindo 37 × 46 × 71 cm, Sweetwater County, Wyoming, EUA (Foto: USGS, em Dicionário Livre de Geociências)

Deve-se ter em mente também que a ação humana, embora de pequena expressão, pode ser o início de um grande processo erosivo. Assim, o desmatamento na Amazônia pode facilmente levar a área desmatada a uma desertificação, porque o solo daquela região é muito arenoso e pouco espesso. A vegetação só é exuberante porque se desenvolve sobre restos orgânicos da própria mata, e eles desaparecem rapidamente quando há o desmatamento.


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Deste rico material oferecido pela instituição, reproduzimos um dos artigos escrito pelo Geólogo Pércio de Moraes Branco, também autor do livro Dicionário de Mineralogia e Gemologiae acrescentamos algumas imagens relevantes para ilustrar o assunto e dividir com os nossos leitores este importante passo da CPRM em direção a uma melhor divulgação do conhecimento científico brasileiro.