As inovações no tratamento e controle de plantas daninhas são apresentadas em trilogia

Entrevista com Professor Kassio Mendes, sobre o lançamento “Plantas daninhas Vol. 3: avanços tecnológicos” e as inovações na área com uso da Agricultura de Precisão.

Em 2022, Kassio Mendes, Professor Doutor pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP, publicou o primeiro volume da trilogia sobre plantas daninhas, Plantas daninhas v. 1: biologia e manejo, em parceria com diversos especialistas da área. O livro apresenta a biologia e ecofisiologia das plantas daninhas, seu controle por meio da alelopatia, distribuição e diversidade de plantas daninhas e métodos de controle e manejo integrado na agricultura.

No mesmo ano, foi lançado o segundo volume, Plantas daninhas v. 2: herbicidas, organizado por Kassio Mendes e Antonio Alberto da Silva. É o livro mais atual e completo sobre a ciência aplicada de herbicidas, seu comportamento nas plantas daninhas, nas culturas e no solo, além de detalhar seus mecanismos de ação e efetividade em cada cultura.

Por fim, a trilogia foi concluída em 2024 com a publicação de Plantas daninhas v. 3: avanços tecnológicos. A obra explora as temáticas mais recentes dessa área, apresentando as várias tecnologias modernas para controle dessas plantas, sem perder de vista o ideal objetivo do produtor: manter a produtividade da cultura de interesse e controlar a presença das ervas daninhas de maneira mais sustentável.

Confira a entrevista com o autor e organizador sobre essa iniciativa pioneira de reunir em um livro as inovações tecnológicas do mercado para o manejo de plantas daninhas:

Comunitexto (CT): A coleção está completa! Como foi o processo de separar todo esse conhecimento em três volumes?

Kassio Mendes (KM): A separação dos conteúdos foi uma proposta realizada juntamente com a equipe editorial da Oficina de Textos e a diretora Shoshana.

O primeiro volume aborda o tema biologia e manejo, focado na biologia da espécie de planta daninha. No segundo ficou a parte de herbicidas, focada no produto químico. E no terceiro volume, têm-se os avanços tecnológicos, apresentando as novidades do mercado e da ciência, a fim de ajudar o técnico de campo, o agrônomo, todo o pessoal envolvido com a ciência das plantas daninhas na parte de manejo, bem como os profissionais da academia, professores e estudantes de graduação e pós-graduação que atuam nessa parte de avanços tecnológicos.

É uma ciência que evolui bastante, com muitas novidades; por isso um volume específico sobre o tema, e a separação dos tópicos.

Vários profissionais já entraram em contato comigo parabenizando, dizendo que é a obra mais completa publicada atualmente no Brasil.

CT: Qual foi a motivação para escrever esse livro?

KM: A minha motivação em escrever o livro foi a grande dificuldade de conhecimento na área das plantas daninhas. Eu via dificuldade em ensinar os meus alunos, em ter um material didático pronto para ensinar graduação e pós-graduação.

Minha obrigação como professor é compartilhar conhecimento e, para tanto, preciso de uma boa bibliografia.

Assim, entendi que havia a necessidade de publicar um livro que fosse referência a nível nacional ─ e talvez uma tradução em nível internacional também. E hoje é a obra mais completa que nós temos.

A Oficina de Textos foi bastante importante na escrita, organização, divulgação e marketing, e contribuiu muito para poder abrir minha cabeça como escritor, e ajudar a direcionar esses livros.

CT: Quais são as novas tecnologias abordadas no livro?

KM: Uma parte interessante abordada no livro é a mistura de herbicidas: herbicidas com outros pesticidas, fungicidas e inseticidas, para entendermos essa interação. Isso é importante para conhecer também os adjuvantes, como eles funcionam, e os aditivos usados dentro das espécies.

Também há uma nova parte sobre aplicação de taxa variada, a qual ajuda a compreender as aplicações de herbicidas na pré- e pós-emergência das plantas daninhas, com novas tecnologias, pensando na agricultura de precisão, em impactar menos o ambiente e na sustentabilidade.

Em relação à remediação de produtos do ambiente, é pertinente o uso de espécies remediadoras e compostos como carvões, biochar e bonichar.

Então o livro traz o uso desses adubos verdes, que é uma parte bem nova, por exemplo: eventos aprovados pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), eventos transgênicos, como manejar esses eventos, por que eles são transgênicos, resistentes aos herbicidas, dentro das principais culturas. Isso é uma parte muito moderna que não é abordada em outros livros.

Os temas desse último volume completam os demais que já estão disponíveis, e vêm recebendo bons feedbacks.

CT: Essas inovações já estão sendo aplicadas no mercado agrícola brasileiro?

KM: Já existe muita tecnologia no mercado, mas há muita tecnologia que temos e não compreendemos, por falta de um referencial para poder estudar, compartilhar conhecimento e tirar dúvidas.

Apesar de haver algo no campo, não há um agrupamento dessas informações em livros, por exemplo, apenas apresentações. E o livro contribui com esses dados que faltavam, além de organizá-los.

CT: Quais são os principais impactos da utilização de transgênicos resistentes a herbicidas?

KM: Hoje, grande parte da soja, do milho e do algodão cultivado tem transgenia, e uma delas é em relação à resistência aos herbicidas. Então nós temos vários eventos do mercado, os quais são aprovados pela CTNBio.

As transgenias são usadas porque há produtos não seletivos para as culturas. Ou seja, se houver a aplicação desses produtos nas culturas, eles matam. Então as empresas de agroquímicos têm trabalhado com sementes transgênicas, que inserem genes e conferem resistência aos alvos, como a enzima EPSPS, a GS, as auxinas, que irão prover resistência ao herbicida.

Isso simplifica o manejo, tornando possível o uso desses herbicidas, o que auxilia no manejo de plantas daninhas. Obviamente essas culturas podem ser voluntárias, ou tigueras, guaxas, nas culturas em rotação e sucessão.

Portanto, é preciso compreender essas transgenias, a fim de manejar essas culturas, porque elas podem ser daninhas em outras culturas também, o que precisa ser controlado. Isso é muito importante para nós, pois cultiva-se muito no País.

CT: O que é a biorremediação, e qual sua eficiência no combate à toxicidade dos herbicidas nos solos?

KM: A biorremediação é a limpeza dos solos contaminados. Não apenas o solo, mas também a água contaminada com produto químico, como os herbicidas.

Então, o uso de espécies de adubo verde na agricultura é muito relevante, como o feijão de porco, lab-lab, além de outras espécies. A própria braquiária pode ser empregada para remediar os ambientes contaminados.

Essas espécies têm a capacidade de absorver, translocar, metabolizar e degradar na própria rizosfera do solo esses herbicidas que estão no ambiente. O que é excelente, porque não tem problema carryover, e vai impactar menos o ambiente, já que elas estarão livres dessa contaminação.

Assim, não é apenas recomendar herbicida por conta de plantas daninhas, mas considerar o seguinte: se o solo estiver contaminado, como devo remediar? Esse potencial remediador é apresentado no livro, e precisamos conhecer as espécies e sua forma de cultivo. Não apenas espécies, mas também outros compostos orgânicos, como carvões, que são importantes para descontaminar essas áreas.

CT: Quais os benefícios da utilização da agricultura de precisão e ferramentas de sensoriamento remoto no manejo de plantas daninhas?

KM: O principal benefício do uso da AP é a aplicação em taxa variada. Hoje se recomenda o herbicida numa taxa única, mas, se a infestação de plantas daninhas ou o tipo de solo for conhecido, é possível recomendar o herbicida tanto na pré-emergência, diretamente no solo, quanto na pós-emergência, na planta daninha.

Dessa forma, a recomendação é mais assertiva, de tal modo que caia exatamente aquilo que pulveriza e o que é necessário para o controle das plantas daninhas, além de impactar menos o ambiente.

Esses sensores ajudam muito a identificar a planta daninha, e a aplicar somente nela; essa é a modernidade da agricultura atual, e estamos avançando cada vez mais para essas tecnologias.


Saiba mais sobre as inovações no tratamento de plantas daninhas

A ciência aplicada das plantas daninhas está em constante evolução, conforme mais descobertas são feitas acerca dos mecanismos de sobrevivência das plantas que têm o infortúnio de se tornar indesejáveis na produção agrícola.

Capa de "Plantas daninhas - Vol. 3: avanços tecnológicos", publicado em 2024 pela Editora Oficina de Textos

Capa de “Plantas daninhas – Vol. 3: avanços tecnológicos”, publicado em 2024 pela Editora Oficina de Textos

Nesse contexto, Plantas daninhas: avanços tecnológicos explora algumas temáticas mais recentes dessa área, sem perder de vista o objetivo do produtor de manter a produtividade da cultura de interesse e controlar a presença das ervas daninhas de maneira mais sustentável.

Trilogia Plantas Daninhas

Conheça o mais completo e atualizado material sobre plantas daninhas! O lançamento de Kassio Mendes é a conclusão de outros volumes já lançados pela Oficina de Textos, no ano de 2022:

Plantas daninhas v. 1: biologia e manejo

O primeiro título da trilogia define o conceito e a identificação das plantas daninhas, bem como a caracterização das comunidades de plantas a partir da fitossociologia, para obter a composição da vegetação na área cultivada, e os pilares do manejo integrado de plantas daninhas (MIPD), que abrangem garantia de qualidade do produto colhido, sustentabilidade ambiental, econômica e social na produção, e garantia de boa qualidade de vida ao agricultor no que se refere a retorno econômico e segurança no uso de pesticidas.

Capa do livro "Plantas daninhas Vol. 1: biologia e manejo", publicado em 2022 pela Editora Oficina de Textos

Confira a degustação do livro aqui.

Plantas daninhas v. 2: herbicidas

E o segundo volume trabalha o desenvolvimento da resistência das espécies de plantas daninhas a herbicidas, que são a principal ferramenta de manejo utilizada em campo, junto ao controle biológico de plantas daninhas.

Capa do livro "Plantas daninhas Vol. 2: herbicidas", publicado em 2022 pela Editora Oficina de Textos

Clique aqui para acessar a degustação da obra.

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