Afinal, a relação custo-benefício dos piscinões é positiva?

O Professor Aluísio Canholi, especialista em drenagem urbana, comenta o assunto, mas já adianta que se trata de uma questão bastante complexa

As chuvas castigam severamente algumas cidades, devido à falta de planejamento adequado para recebê-la. Enchentes se tornam frequentes e trazem com elas muita destruição e várias doenças. Uma forma de evitar essas tragédias são os piscinões, responsáveis por garantir o correto escoamento da água.

Vista aérea da obra do Piscinão do Paço, em São Bernardo do Campo. Trata-se de uma escavação em formato de polígono no meio da cidade, com uma rodovia passando em volta.

As obras do Piscinão do Paço, em São Bernardo do Campo, tiveram início em 2013, mas, entre várias paralisações, só foi retomada neste ano (Foto: Prefeitura de SBC)

Mas será que todo o investimento desses gigantes armazenadores de água vale a pena? Segundo Aluísio Canholi, Diretor da Hidrostudio Engenharia, empresa especializada em projetos de drenagem urbana, essa é uma questão bastante complexa, principalmente porque existem dois aspectos bem relevantes que devem ser levados em conta.

“O primeiro é que já é muito difícil você fazer uma avaliação puramente econômica de uma obra de drenagem urbana, pois não é uma tarefa simples atender aos benefícios e monetizá-los. Existe toda uma escola por trás disso para calcular, por exemplo, quanto custa a hora parada do ônibus, inundação de vias, quanto custa o atraso de viagens, então com isso você pode mensurar os benefícios de uma intervenção para uma obra de drenagem urbana”, conta Aluísio, que destrincha o assunto no livro Drenagem urbana e controle de enchentes – 2ª ed.

Desapropriações

Um segundo aspecto que encarece a construção dos piscinões está relacionado à desapropriação.

“Quando você tem uma área densamente ocupada, como uma área de centro urbano, temos que lidar com a questão dos terrenos e do custo deles, o que pode trazer um insumo bastante caro devido às problemáticas que envolvem esse processo”.

Viabilidade dos piscinões

“Nos nossos estudos ele tem se mostrado viável dentro dessa ótica não só de custo-benefício, como também quando você coloca na esfera dos benefícios ambientais, porque qualquer ampliação de capacidade de um córrego ou de uma galeria urbana não só temos os custos elevados mastambém temos bastante cavucação de interferências, e isso costuma ter um preço muito elevado”, explica o professor.

Então, quando você entra com essa solução de reservação, que é quando você reduz as vazões, muitas vezes você dispensa esse reforço de capacidade e abertura de valas, e isso termina sendo uma solução mais viável do ponto de vista econômico.


Para saber mais

Drenagem urbana e controle de enchentes é uma contribuição técnica ímpar no campo da drenagem das grandes cidades. Introduz novos conceitos de projeto, revê o conceito clássico da Engenharia Sanitária de dimensionar obras hidráulicas e propõe novas medidas estruturais não convencionais para a drenagem das grandes cidades.

Esta nova edição apresenta consideráveis revisões e atualizações. Novos e interessantes estudos e projetos de contenção de enchentes, além da complementação e atualização da parte metodológica, principalmente ao que se refere aos estudos hidrológicos, às novas medidas sustentáveis de controle de poluição difusa e enchentes e também aos estudos de viabilidade econômica das obras de drenagem urbana.