Ensaios de campo e suas aplicações à Engenharia de Fundações, de autoria de Fernando Schnaid, ganhará após 12 anos a sua segunda edição, totalmente atualizada. Entre as novidades, temos Edgar Odebrecht como coautor, que nos fala em entrevista exclusiva sobre os destaques desta edição.
Professor Edgar Odebrecht é coautor na nova edição de Ensaios de campo (Fonte: Udesc)
Comunitexto (CT): Boa tarde, professor Edgar, tudo bem? Para começar, gostaríamos de saber quais são as principais diferenças entre a primeira e a segunda edição de Ensaios de campo.
Edgar Odebrecht (EO): A primeira edição é bastante… não posso dizer teórica, por se tratar da aplicação da engenharia, mas ela não abordava práticas e procedimentos. Então, por exemplo, eu posso ter um belo equipamento, mas se eu não tenho um procedimento forte acabo fazendo um ensaio ruim. Posso ter um equipamento sobre o qual tenho um domínio, pode não ser o mais sofisticado, mas se tenho um procedimento bom, isso me permite fazer um ensaio direito. Então, esse livro introduziu todos os tipos de ensaios, equipamentos e procedimentos, o que a primeira versão não fazia.
Outra coisa que nos demandou bastante tempo foram as referências bibliográficas e os dados de resultados e de experiência prática de engenharia, pois a grande maioria era internacional. Além disso, apresento no livro qual é a tendência da prática brasileira de engenharia.
São esses três pontos as principais diferenças de uma edição para outra: equipamento, procedimento e a coletânea de dados da prática brasileira.
CT: Em relação a 12 anos atrás, há muito mais dados de Piezocone hoje na engenharia nacional, certo? Já existe uma base de dados suficiente para usar somente o Piezocone?
EO: Por exemplo, para solos moles, projeto de aterros, recalques, aterros sobre solos moles e parâmetros de resistência, o Piezocone está bom. Agora, em dimensionamento de estacas, o SPT continua sendo o carro-chefe. O que vai começar no Brasil agora é o SPT mecanizado, que é uma tendência. Nós abordamos um pouco no livro. Já existem pessoas aplicando-o, pois usa o mesmo ensaio de campo. Quem vai ter acesso a esses equipamentos são as empresas um pouco mais consolidadas, e isso vai evitar o que acontece de vez em quando com SPT, que é inventar resultados. Mas o livro não aborda esse aspecto, e sim o da boa prática.
CT: Quem comprou a primeira edição pode comprar a segunda, certo? Já que se trata de abordagens diferentes e complementares sobre o assunto de ensaios de campo.
EO: Sim, afinal, são mais de 12 anos de práticas de engenharia que se passaram desde o lançamento do primeiro livro. A segunda edição é super atualizada, sendo seu último dado de primeiro de agosto de 2012. A engenharia evolui bastante no Brasil, o que está atraindo pessoas de fora do País. Eu consigo perceber que a engenharia deles, em termos de Geotecnia, está bem abaixo da nossa, com práticas inclusive incompatíveis com as necessidades; eles não têm muito conhecimento.
Eu entendo que o aspecto de prática e equipamento é uma novidade para a engenharia, e a leitura do livro será muito importante.
CT: O que impulsionou a escrita da segunda edição do livro? Partiu de vocês, de uma necessidade do mercado, como foi?
EO: Bom, um livro que tem mais de 10 anos precisa ser atualizado, certo? E o Fernando (outro autor do livro), tinha consciência de que era necessário se atualizar. Um livro de engenharia sempre tem que ser atualizado. Eu fui pra um congresso de cone com o Fernando nos EUA, e eu mostrei os dados que eu tinha para dar palestras, com gráficos, tabelas e afins, e ele disse assim: “Edgar, você não quer ser coautor?”.
No fundo, nós realmente refizemos o livro. Há poucos textos iguais, então, trata-se de uma edição muito diferente da primeira. Eu e o Fernando gostamos disso, de escrever, de se dedicar, e dá muito trabalho fazer tudo isso.
CT: Essas novas tecnologias impulsionam o trabalho de vocês e novas práticas de engenharia? Ou a tecnologia em si não evolui tanto?
EO: Os equipamentos em si evoluíram muito, não tão rápido quanto a informática, mas evoluíram. Antigamente tínhamos equipamentos mecânicos, e hoje temos equipamentos digitais (eles já existiam, em pequena quantidade, mas eram muito delicados, por conta da sensibilidade do equipamento às condições de tempo e clima). A base do equipamento não passou por grandes modificações, mas é mais avançado tecnologicamente, além de ser mais preciso.
CT: Para encerrar nossa entrevista, conte-nos um pouco sobre o que você tem feito ultimamente na engenharia.
EO: Uma parte à qual tenho me dedicado é aterros de rejeitos de mineração, então, trabalho muito com isso. Além disso, estamos fazendo a campanha de duplicação da BR 470, que são somente solos moles. Estamos trabalhando também no projeto da BR 116, que liga o Rio de Janeiro a Campos. Bom, acho que é isso.
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A segunda edição de Ensaios de campo e suas aplicações à Engenharia de Fundações está disponível!