A Editora Oficina de Textos lançou no mês de setembro o livro Mecânica dos solos: introdução à Engenharia Geotécnica (volume 2), de autoria de Manuel de Matos Fernandes. A obra serve como referência para estudantes no estudo da teoria e dos métodos de concepção e projeto de obras e estruturas geotécnicas, e como manual de apoio para profissionais de Engenharia.
O livro foi lançado no Cobramseg de 2014. Não menos oportuno, já que nosso autor foi o grande homenageado na Conferência Pacheco Silva.
Convidamos o engenheiro para falar um pouco mais do seu livro e sobre a sua participação no Cobramseg.
Comunitexto (CT): O que o motivou a escrever o livro Mecânica dos solos: introdução à Engenharia Geotécnica?
Manuel de Matos Fernandes (MMF): Há quase 30 anos sou responsável pelo ensino da Mecânica dos Solos na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. A maior motivação foi escrever um livro que ajudasse os estudantes.
O livro reflete a forma como exponho e desenvolvo os raciocínios e as discussões nas aulas. Reflete também, naturalmente, a experiência como profissional ligado ao projeto de obras geotécnicas.
CT: Qual é o principal objetivo da obra e quais são seus maiores destaques?
MMF: Como menciono no prefácio da edição portuguesa, procurei com este livro atingir dois objetivos. O primeiro é ajudar os estudantes que se iniciam nas teorias e metodologias necessárias para projetar as obras geotécnicas. O segundo objetivo é que este livro cumpra também o papel de um manual de apoio à prática profissional da Engenharia Geotécnica.
Quanto aos destaques, eu diria que o que acabei de escrever é porventura o maior deles! Isto é, combinar num mesmo livro a pedagogia necessária a quem se inicia no estudo dessas matérias, com a profundidade e a informação detalhada que um profissional espera de um primeiro manual. Sublinho o termo “primeiro”, porque a Geotecnia é hoje um campo vastíssimo, logo, muitos assuntos não são contemplados no livro.
Destacaria também, como temas menos tratados na literatura geotécnica brasileira, os problemas associados à ação dos sismos e, ainda, a abordagem ao código europeu de projeto geotécnico, o Eurocódigo 7.
CT: Apesar de ser nomeado como “volume 2”, este livro é considerado uma obra autônoma. Poderia falar mais sobre essa questão?
MMF: Como explico no meu prefácio da edição brasileira, embora seja publicado como volume 2, este livro pode ser considerado uma obra autônoma, que o leitor familiarizado com os conceitos e princípios básicos da Mecânica dos Solos não terá dificuldade em acompanhar.
O volume 1, também publicado pela Oficina de Textos, trata precisamente daqueles conceitos e princípios da Mecânica dos Solos, tendo, pois, um cariz mais teórico. Por razões de adaptação dos livros à realidade brasileira, o volume 2 ficou concluído mais cedo e pôde ser lançado no Cobramseg.
CT: Qual foi o cuidado dedicado a esta obra para a versão brasileira?
MMF: A edição portuguesa contemplava já um número significativo de referências a contribuições brasileiras, que procurei estender nesta obra. Por outro lado, o texto foi adaptado de modo a respeitar os termos técnicos em uso no Brasil.
CT: Qual sua perspectiva para o mercado editorial geotécnico brasileiro?
MMF: A ele reconheço grande pujança e qualidade. Admito que as perspectivas de grande incremento da atividade de construção de obras públicas no Brasil sejam favoráveis para esse mercado.
CT: O Congresso Luso-Brasileiro de Geotecnia já é uma tradição da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica). Ele acontece a cada dois anos, no Brasil e em Portugal, alternadamente. Qual é a importância desses encontros para a área?
MMF: O Congresso Luso-Brasileiro é uma tradição conjunta da ABMS e também da Sociedade Portuguesa de Geotecnia. A proximidade entre as duas associações é muito antiga e resulta, antes de mais, da grande proximidade afetiva entre os dois povos, com razões muito mais profundas do que a partilha da língua.
As comunidades geotécnicas do Brasil e de Portugal têm reconhecida qualidade, são influentes a nível internacional e têm muita gente jovem bem preparada. Os Congressos Luso-Brasileiros são uma oportunidade de troca de experiências entre as duas comunidades, suscitando também interesse de geotécnicos de outros países.
CT: A Conferência Pacheco Silva o homenageou, no Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos (Cobramseg) deste ano. Como foi ter recebido esse honroso convite?
MMF: Recebi o convite com total surpresa. Considero-o imerecido, só explicável pela grande generosidade e amizade que muitos ilustres membros da comunidade geotécnica brasileira me têm dedicado.
Manuel de Matos Fernandes é Doutor em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Foi responsável pelo desenvolvimento de equipe de ensino e pesquisa na área de Geotecnia na FEUP, onde é Professor Catedrático desde 1999. Atualmente é Diretor do Departamento de Engenharia Civil e Coordenador Científico do Centro de Estudos da Construção (CEC). Em 2013 recebeu da FEUP o Prêmio de Excelência Pedagógica. Também atuou como consultor em diversos países, como Portugal, Angola, Moçambique, México, Peru e Uruguai.
Saiba mais sobre mecânica dos solos
Aliando uma abordagem didática ao rigor técnico, Mecânica dos solos: introdução à Engenharia Geotécnica (volume 2) serve como referência no estudo da teoria e dos métodos de concepção e projeto de obras e estruturas geotécnicas para estudantes e como manual de apoio para profissionais de Engenharia.
O livro chega recheado com menções à realidade brasileira, sem abdicar dos temas da atualidade europeia, além de adotar referências e nomenclatura adaptadas à atualidade técnica do nosso País.
Confira a degustação da obra aqui.
Capa do livro “Mecânica dos solos: introdução à engenharia geotécnica – Vol. 2”, publicação da Editora Oficina de Textos