Projeto de alvenarias não estruturais

Alguns pontos críticos devem observados durante a elaboração do projeto de alvenarias não estruturais e a execução da obra, conferindo a cada subsistema o correto desempenho, minimizando a ocorrência de problemas

Foto de um pedreiro inserindo um bloco de alvenaria em uma parede.

(Imagem: divulgação)

por Cristiana Furlan Caporrino

O processo construtivo mais tradicional de edificações é aquele com estruturas em concreto armado com vedações em alvenaria. A utilização de mão de obra desqualificada e a baixa mecanização nos canteiros de obra resultam em elevados índices de desperdícios de mão de obra, materiais, tempo e recursos energéticos, proporcionando ainda poluição e consequente degradação ambiental. Deve-se, portanto, buscar a racionalização do processo, com a aplicação dos princípios de construtibilidade, desempenho e garantia de qualidade.

Para tanto, são necessárias ações como: detalhamento em projeto de forma clara, para que seja bem interpretado pela equipe de execução; comunicação entre áreas técnicas, principalmente executiva e projetista; implementação de técnicas construtivas adequadas às condições de cada empreendimento; qualificação e treinamento das equipes de execução e projeto; melhoria na normalização; controle de qualidade; alinhamento com suprimentos; e rigoroso gerenciamento de obra e projeto.

O projeto deve ser concebido tendo em vista: vãos verticais e horizontais da estrutura com a modulação da alvenaria, evitando o corte de blocos; modulação da alvenaria com as aberturas para esquadrias de portas e janelas; posicionamento das instalações em função das características da alvenaria, viabilizando a passagem dos dutos pelos componentes; especificação de todos os materiais de construção necessários, incluindo traços indicativos de argamassas de assentamento e encunhamento; memorial descritivo da construção; forma de locação das paredes; execução dos cantos; escoramentos provisórios ante a ação dos ventos; forma de fixação de marcos e contramarcos; necessidade de cintas ou pilaretes de reforço para paredes com grandes dimensões; e detalhes construtivos de ligações com pilares.

Para tanto, todas as disciplinas têm de estar criteriosamente compatibilizadas, e tal processo deve ser iniciado na fase de projeto conceitual, evoluindo até a finalização da execução. Também é importante considerar em projeto que as lâminas de água sejam deslocadas rapidamente das fachadas; para tal, podem-se adotar detalhes construtivos como beirais e pingadeiras, entre outros.

Algumas outras recomendações devem ser seguidas, tais como: a espessura das paredes externas não deve ser inferior a 14 cm, e estas devem ser revestidas; o projeto arquitetônico deve contemplar detalhes que controlem o fluxo de água; uma adequada instalação de rufos deve ser realizada nos encontros de alvenarias externas paralelas, pois são importantes para evitar a infiltração de água pelo topo das alvenarias; todas as juntas devem ser tratadas adequadamente com selantes elastoméricos; e o sistema de impermeabilização adequado deve ser escolhido para alvenarias em contato com pisos laváveis, para platibandas em terraços ou varandas e para vigas baldrames e fundações.


Para saber mais

Está disponível o livro Patologias em alvenarias – 2ª edição. A obra descreve de forma clara e didática as patologias e suas causas mais comuns, bem ilustradas por esquemas e fotos de casos reais, não descuidando ainda dos revestimentos argamassados.

Capa de Patologia em alvenarias.