Projeto de UHE: localização do vertedouro

O vertedouro exige uma estrutura de concreto. Nas barragens de concreto, frequentemente ele é incorporado ao barramento principal, mas esse é um aspecto particular. A localização e os tipos podem variar sobremaneira de arranjo para arranjo:

  • Se o vertedouro for incorporado ao eixo de barramento e a barragem for de terra/enrocamento, normalmente a estrutura vertente forma uma barragem à gravidade com perfil tipo Creager, com dissipação de energia em: salto de esqui (p. ex., UHE Tucuruí – ELN, e UHE Jaguara – Cemig) ou em ressalto hidráulico por meio de uma bacia de dissipação (UHE Balbina).
  • Se a barragem é de concreto, o vertedouro pode ser sobre a barragem, com controle de comportas e dissipação em salto de esqui, como o de Karakaya (Turquia) e o da UHE Mossyrock (EUA); ou em jatos cruzados, a exemplo da UHE Cahora-Bassa, em Moçambique; ou sem controle de comportas, com dissipação parcial em degraus (RS), como o da UHE Dona Francisca. No caso de Karakaya, a concha da calha do vertedouro é o teto da casa de força.
Foto do vertedouro da UHE Tucuruí, com água jorrando das comportas da barragem.

Vertedouro da UHE Tucuruí. Vista lateral da casa de força para o vertedouro, com a barragem de enrocamento e terra ao fundo (Fonte: Revista Eletronorte, 1998)

Muitas vezes, o vertedouro é lateral, como na UHE Monjolinho (RS), com restituição em canal, ou como na UHE Hoover, com restituição lateral seguida de túnel. Utilizam-se também vertedouros tulipa (morning glory), como nas UHEs Paraitinga e Euclides da Cunha e na PCH Colino.

Foto do vertedouro da UHE Monjolinho.

UHE Monjolinho, vertedouro lateral (side spillway) na margem direita, sem controle de comportas, com comprimento de 210 m e capacidade de vazão de 6.755 m³/s (Fonte: CBDB)

Imagem do vertedouro da UHE Karakaya, com uma bandeira da Turquia pendurada em sua lateral.

Vista lateral da UHE Karakaya. Vertedouro em salto de esqui para Q = 18.000 m³/s (Fonte: United States Department of Agriculture, 2005)

A usina tem queda bruta de 141 m. O arranjo é de derivação com tomada d’água e casa de força afastada do barramento principal. Em muitos casos, o vertedouro é em calha nas ombreiras (spillway chute), como nas usinas de Itaipu, Barra Grande, Itá, Foz do Areia, Emborcação, Campos Novos, Nova Ponte, Serra da Mesa, entre outros. Cabe destacar que esses três últimos têm grande parte da calha sobre o maciço rochoso.

A UHE Sobradinho, no Rio São Francisco, tem dois vertedouros: um de superfície, com comportas e bacia de dissipação, e outro de fundo, com dissipação numa soleira terminal e na rocha a jusante. O vertedouro de fundo foi utilizado para deixar passar água durante a construção para manter a geração de energia na usina de Paulo Afonso, a jusante.


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