Sustentabilidade na construção civil: afinal, em que pé estamos?

A sustentabilidade vem ganhando importância em diversos setores de nossa sociedade, e na construção civil não é diferente. O tema resíduos na construção civil (RCC) deixou de ser uma possibilidade e passou, nos últimos anos, a ser uma prática no mercado.

Sustentabilidade na construção civil: foto de resíduos, pedaços de tijolo.

(Fonte: IPT)

Para o autor do livro Resíduos de construção civil, André Nagalli, embora a preocupação com as questões ambientais tenha se iniciado há algumas décadas, inicialmente se restringia a um grupo pequeno; essa “percepção coletiva” só passou a ter grande escala a partir das décadas de 1980 e 1990.

Na construção civil, principalmente no Brasil, o tema sustentabilidade passou a ganhar força apenas neste século. Com certeza, a principal alavanca desse processo foi a Resolução Conama nº 307, de 2002, que não só buscou classificar os resíduos de construção e de demolição, mas também atribuiu responsabilidades às partes envolvidas.

Ainda segundo o engenheiro, sua efetividade é ainda limitada, pois sua aplicação mostra-se ainda muito dependente dos esforços e interesses dos órgãos municipais. Nota-se que, onde as administrações municipais envidam esforços no sentido de dar cumprimento à legislação existente e a complementam, os agentes envolvidos engajam-se nesse processo de busca por obras ambientalmente melhores. E essa sustentabilidade passa pela questão dos resíduos.

Um dos pontos que dificulta a disseminação dessa “cultura ambiental” no Brasil é que o setor da construção civil é tradicionalmente conduzido por mão de obra com pouca educação formal, o que demanda das construtoras grandes investimentos em capacitação e treinamentos voltados à educação ambiental.

Soma-se a isso o fato de os gestores do processo e de obras, que hoje possuem seus 40 a 70 anos, não terem sido educados em um sistema educacional que contemplava a questão da sustentabilidade.

Nesse sentido, considerando que as primeiras gerações “educadas para a sustentabilidade” passam a alcançar cargos de liderança, além de diversos outros aspectos legais e administrativos, a tendência é que nas próximas décadas a sustentabilidade, e consequentemente a questão dos resíduos de construção, passe a ser considerada em todas as grandes obras dos grandes centros.

Para o engenheiro André Nagalli, o principal desafio será disseminar essa cultura nos pequenos centros e pequenas obras, onde a falta de recursos costuma ser obstáculo para incorporação de tais práticas.


Para saber mais

O livro Resíduos de construção civil buscou aprofundar e ampliar essa discussão. Essa importante obra apresenta uma abordagem prática e exercícios ao longo dos capítulos que facilitam a compreensão e o estudo do conteúdo. O grande diferencial dessa publicação é o registro da experiência teórico-prática brasileira. Parte importante da bibliografia de que o Brasil dispõe atualmente é importada ou traduzida de outras realidades/países, em outros contextos e processos construtivos. Outro referencial bastante utilizado atualmente são as cartilhas.

Capa de Resíduos de construção civil.