A demanda por madeira é uma realidade e, em vez de cortar florestas nativas e muitas vezes desmatar áreas de preservação, o Brasil tem investido na produção de florestas de eucalipto.
(Fonte: Embrapa)
De acordo com o Relatório Anual 2021 da Indústria Brasileira de Árvores, desenvolvido em parceria com o IBRE/FGV, é plantado no País 1 milhão de árvores por dia para fins comerciais. Em 2020, tivemos um faturamento de 116 bilhões de reais, com 9,55 milhões de hectares.
E ainda temos potencial para muito mais, segundo os especialistas. Muitas regiões do País ainda podem ser exploradas e, além de ajudar o meio ambiente, o plantio de eucalipto é uma importante fonte de renda.
Estudos desenvolvidos pela Embrapa Monitoramento por Satélite comprovam que áreas de eucalipto podem funcionar como redutos de biodiversidade e facilitadoras na restauração das florestas.
A editora Oficina de Textos apresenta a obra Eucalipto: do plantio à colheita, uma edição revisada com informações desde o estudo da área que vai ser plantada até a produção de mudas, passando pelo manejo do solo, plantio e colheita. São novidades técnicas e dicas importantes sobre mercado, atuações e como conseguir uma produção rentável.
A obra reúne capítulos de vários autores e a organização é de Rafael Tassinari Resende, Aluízio Borém e Hélio Garcia Leite.
Abaixo, confira uma entrevista com Rafael, que aborda importantes tópicos e traz um pouco do conteúdo do livro.
Comunitexto (CT): Qual a importância da produção de eucalipto para a sustentabilidade?
Rafael Tassinari Resende (RTR): A demanda por madeira é muito grande e o eucalipto é uma opção importante porque cresce rápido (sete anos em média). Temos seis milhões de hectares de florestas nativas e 9,55 milhões de florestas de eucalipto. As pessoas que plantam eucalipto ajudam a conservar as nossas florestas nativas.
CT: Qual a relevância da produção de eucalipto para a economia? Fins comerciais?
RTR: Sobre a relevância para economia, 4,8% do total de tudo que é produto (não matéria-prima) são exportados pelo Brasil, o que representa quase 12,1 bilhões de reais em tributos, só do eucalipto. Para fins comerciais, temos empresas que plantam para vender ou que fomentam produtores para plantar e vender para eles, ou o próprio produtor pode produzir e vender.
CT: Onde o eucalipto é mais utilizado?
RTR: Celulose para papel, guardanapo, papel higiênico, papel de escritório, madeira e até na produção de móveis. Mas são muitas possibilidades.
CT: Quais as principais regiões produtoras no Brasil?
RTR: Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Maranhão são os maiores produtores, mas no Sul temos também um crescimento forte. Somos o maior produtor de eucalipto do mundo.
CT: Quais as oportunidades de trabalho nessa área?
RTR: Precisamos de profissionais na área de tecnologia, geoprocessamento, engenheiros florestais e agrônomos. Profissionais multidisciplinares para melhorar a produção.
CT: Eucalipto: do plantio à colheita traz as novidades técnicas para essa produção?
RTR: Temos desde capítulos de produção, plantio, melhoramento genético, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que é o que plantar conjugado com outras produções, até chegar a colheita. Trazemos questões atualizadas para o momento atual da produção.
CT: O eucalipto exige um cuidado diferenciado com o solo? Depende de cada região?
RTR: Sim, fazemos três tipos de adubação, antes do plantio, na hora do plantio e depois do plantio, lembrando que são cerca de sete anos para a floresta ficar pronta. Geralmente não precisa de irrigação. Muitos produtores fazem a calagem, que serve para corrigir o PH do solo. O eucalipto, inclusive, é plantado em solo não tão bom porque ele vai bem.
CT: Em relação ao manejo, quais as principais dicas?
RTR: Normalmente faz-se o manejo quando é retirada a floresta. As árvores podem ser plantadas bem próximas e, em determinado momento da lavoura, é interessante retirar as árvores que não estão indo muito bem. No geral, em três anos é feita essa retirada, e esse produto serve para lenha e carvão, o que gera também lucro para o produtor.
CT: O livro também aborda outros aspectos?
RTR: São várias abordagens, tem um capítulo muito interessante sobre os incêndios florestais, pragas, e até a implantação de viveiros de eucaliptos, entre outros.
CT: Existem tipos de eucaliptos diferentes? A obra mostra qual o mais recomendado para cada segmento?
RTR: O eucalipto é um gênero. Alguns são mais cultivados no Brasil de acordo com a região. Cada um é indicado para algum tipo de produção.
CT: Para encerrar, qual dica você daria para quem está pensando em investir nessa produção?
RTR: A dica é pesquisar bem o clone, ver se ele é bem adaptado à região, pensar para quem você vai produzir, se há mercado na região, dá para pensar também na produção de mel. São muitas possibilidades, mas é sempre importante fazer um bom estudo para a implantação da floresta.
Gostou da entrevista?
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