O livro “Soja: do plantio à colheita” traz dicas importantes para melhor utilização do solo e rentabilidade da safra
Foi dada a largada do plantio da safra de soja 22/23. De acordo com dados da Conab, devemos plantar uma área de 42 milhões de 400 mil hectares, e a produção deve ultrapassar 150 milhões de toneladas. O nosso maior concorrente, os Estados Unidos, deve plantar 35 milhões e 700 mil hectares, sendo a produção estimada por lá de 123 milhões de toneladas.
Desde a safra 19/20 somos os maiores produtores de soja do mundo e, para continuar com esse título, investimos cada vez mais em tecnologia. De acordo com especialistas do setor, o solo é o principal insumo do produtor e é com ele que devem começar os primeiros cuidados.
Soja: do plantio à colheita apresenta a evolução da produção e a importância econômica da oleaginosa para o país. Organizado por Aluízio Borém, Felipe Silva, Tuneo Sediyama e Gil Camara, o livro aborda toda essa cadeia produtiva do grão, e traz importantes relatos como preparo do solo e plantio, época de semeadura e população de plantas, adubação, rotação e sucessão, irrigação e colheita.
Também explica os métodos para manejo de pragas, doenças e plantas daninhas e traz informações sobre como fazer a gestão das propriedades e dicas de comercialização.
A obra é fundamental para ajudar na produção sustentável brasileira. De acordo com o relatório de Monitoramento de Cobertura e Uso da Terra, do IBGE, a área agrícola no país é equivalente a 7,6% do território nacional. Áreas protegidas e preservadas totalizam 423 milhões de hectares ou 49,8% do território.
Soja: do plantio à colheita é um manual de informações fundamentais para que o produtor possa obter mais produtividade e rentabilidade de forma sustentável.
Com isso em vista, o Comunitexto entrevistou André Bezerra, autor de um dos capítulos do livro e também pesquisador da Fundação MS. Confira abaixo!
Comunitexto (CT): O livro é um manual de boas práticas? O que o leitor vai encontrar nele?
André Bezerra (AB): O livro foi primeiro lançado em 2015 e no ano passado teve uma atualização. Foi lançada uma nova edição com novas tecnologias de soja, respeitando as boas práticas, com informações para a produção de uma soja sustentável do ponto de vista ambiental e econômico. Ficamos muito orgulhosos de colocar à disposição da comunidade científica e do público em geral um conteúdo atualizado com uma linguagem muito clara e muita prática.
CT: Qual o futuro da sustentabilidade da soja brasileira?
AB: Hoje a soja brasileira é um modelo de sustentabilidade agrícola. Nos últimos anos, aumentamos a produção sem utilizar áreas de florestas. O cultivo da soja tem avançado principalmente em áreas de degradação em pastagens. Um grande exemplo. Também fazemos o uso racional de insumos e estamos investindo em insumos biológicos. As perspectivas são as melhores possíveis.
CT: Manejo e cuidados com o solo são essenciais para boa produtividade e rentabilidade?
AB: O solo hoje é o principal insumo que o produtor tem. O modelo de agricultura que o Brasil utiliza atualmente, e que é exemplo para todo o mundo, é o de plantio direto, o qual preconiza o revolvimento mínimo do solo, a adoção de práticas conservacionistas, uso de curva de nível, cobertura permanente, rotação de culturas, entre outras práticas. Tudo isso contribui para um sistema que minimiza os impactos ao meio ambiente e também a contaminação de águas.
CT: Quais as principais dicas?
AB: Fazer um plantio direto bem feito. Fazer o preparo do solo para corrigir a acidez, a química do solo. Fazer as manutenções de calagem e gessagem. O importante é diversificar, fazer a rotação de culturas, usando todos os pilares do plantio direto.
CT: O Brasil está há algumas safras se consolidando como o maior produtor de soja do mundo. Devemos continuar à frente?
AB: O Brasil, comparado com os EUA, tem muita disponibilidade de áreas e, o melhor de tudo, são áreas autorizadas, que estão com pastagens e podem ser utilizadas sem causar danos ao meio ambiente.
CT: Uma boa gestão da propriedade é fundamental; para isso, é preciso investir em tecnologia?
AB: Desde o início da pandemia nós tivemos a limitação de alguns insumos básicos. Houve uma alta generalizada de preços e isso refletiu consideravelmente no preço dos insumos e na operação da fazenda. Os custos de uma lavoura de soja mais que dobrou em comparação há quatro anos.
O produtor e a sua equipe precisam se profissionalizar na área de gestão, utilizar tecnologia que barateia o custo e otimiza os recursos. A ideia é produzir mais gastando menos; um exemplo é o uso da agricultura de precisão, que é uma ótima ferramenta.
CT: Temos produção em diversas regiões do País, com solo e clima muito diferentes. Como o produtor deve trabalhar a lavoura para conseguir bons resultados?
AB: Nós temos uma grande variabilidade de solo e de clima. Hoje há o conceito de ambiente de produção, que inclui todas as particularidades, e o produtor tem que trabalhar dentro desse ambiente de produção. Dentro da propriedade, por exemplo, existem áreas com maior teto produtivo, teto produtivo médio e teto produtivo baixo. É preciso investir de acordo com as necessidades, mas não fazer investimento em demasia.
Gostou da entrevista?
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