O trabalho da engenharia genética nos cultivares brasileiros tem, há muitas décadas, apresentado resultados positivos e contribuições para a produção de diversos tipos de alimentos. O melhoramento de maçãs é um excelente exemplo da aplicação dessa ciência.
Muitos atribuem a Pero Vaz de Caminha a famosa expressão “em se plantando, tudo dá” para se referir à fertilidade do solo no Brasil. Embora não tenha sido exatamente isso o que o documento escrito em 1500 para relatar as descobertas no novo mundo diz, o autor sugere que, de fato, as terras encontradas por aqui eram férteis o bastante para fazer brotar tudo o que se plantasse nela.
Em se plantando tudo dá? Tecnologia do melhoramento de plantas tornou essa frase realmente possível. Fonte: Jake Gard/Unsplash
Hoje, no entanto, sabemos que as diversas categorias vegetais dependem de uma série de fatores, principalmente clima e solo adequados, para florescer. Por muito tempo, diversas espécies de frutas, legumes e verduras só podiam ser consumidas no Brasil se fossem importadas de outros países, o que encarecia os produtos.
É este o caso da maçã. Por muito tempo, a fruta era importada, e foi somente com o melhoramento de maçãs, por meio da tecnologia de beneficiamento genético, que ela passou a ser cultivada e comercializada no Brasil. Neste artigo, falaremos sobre como uma das frutas mais populares no País chegou à mesa dos brasileiros.
História do melhoramento de maçãs no Brasil
O trabalho de melhoramento de maçãs no Brasil começou entre as décadas de 1930 e 1940, desenvolvido pelo agricultor paulista Albino Bruckner, que, a partir de 1.000 sementes da fruta importadas da Europa, selecionou um cultivar ao qual deu o nome de Brasil, posteriormente batizado de Bruckner do Brasil.
Até a década de 1980, as maçãs consumidas no Brasil ainda eram importadas de outros países, sobretudo da Argentina, o que encarecia os produtos, impossibilitando o consumo pela maior parte das famílias.
O trabalho de melhoramento de maçãs de Albino Bruckner permitiu que a fruta fosse cultivada, comercializada e consumida no Brasil. Fonte: Javier Balseiro/Unsplash
Com o desenvolvimento da tecnologia de beneficiamento, o melhoramento de maçãs se tornou possível e se popularizou. Hoje, as variedades dessa fruta consumidas no País são um excelente exemplo da contribuição do melhoramento genético de plantas.
As maçãs produzidas em cultivares com a tecnologia do melhoramento possuem excelente qualidade nutricional, além de durabilidade e resistência às diferenças climáticas dos locais originais do cultivo desta espécie.
Melhoramento em outras espécies agronômicas
Além do melhoramento de maçãs, diversas outras espécies agronômicas são exemplos de sucesso da aplicação dessa tecnologia nos cultivares brasileiros. Entre elas, podemos mencionar:
- Milho;
- Soja;
- Feijão;
- Arroz;
- Aveia;
- Algodão;
- Girassol.
Itens básicos do cardápio diário da dieta brasileira, como o arroz, são produto do melhoramento genético de espécies. Fonte: Pierre Bamin/Unsplash
Segundo a obra Melhoramento de plantas, de Aluízio Borém, Roberto Fristche-Neto e Glauco Miranda, diversas instituições públicas e privadas têm se dedicado ao melhoramento genético de plantas e obtido avanços notáveis nesta área.
Novo livro da Ofitexto trata do melhoramento de maçãs e outras espécies
A oitava edição de Melhoramento de plantas chegou à livraria técnica Ofitexto e apresenta em detalhes os estudos desenvolvidos no meio científico nacional e internacional a respeito do melhoramento de espécies vegetais diversas.
Com o propósito de ser referência aos profissionais dedicados ao melhoramento de plantas e incentivo aos jovens melhoristas, a nova edição do livro conta com capítulos atualizados à luz dos novos estudos a respeito da tecnologia genética, bem como novos paradigmas nos campos científico e econômico.