Sistemas agroflorestais: o êxodo de volta – do urbano ao rural

A pandemia acelerou um fenômeno que vem ocorrendo há menos de uma década: o êxodo urbano, ou migração de pessoas de grandes centros urbanos, frequentemente qualificadas academicamente, para o campo, para uma vida rural, agregando uma atividade afim e adotando como estilo de vida os sistemas agroflorestais.

Com o home office e a descoberta de que o trabalho pode ser feito remotamente, sem maiores inconvenientes, muitos foram buscar mais ar, espaço e natureza durante o isolamento social, mudando-se para sítios, chácaras ou, simplesmente, casas com um terreno maior.

Cultivar jardins e hortas virou um hobby. Alguns trocaram radicalmente de atividade, voltando-se para agricultura consciente, e outros estão entre os dois grupos.

O conceito que vem conquistando corações e mentes é o de sistemas agroflorestais. É praticar agricultura à sombra da floresta, uma atividade conservacionista e sustentável, pois proporciona melhor produtividade: alia o melhor de dois mundos, floresta em pé e produção agrícola mais proveitosa.

Notas para os novos sistemas agroflorestais

Embrapa já testou e divulgou os bons resultados obtidos com o sistemas agroflorestais, e conclui: “são cada vez mais reconhecidos como uma abordagem promissora e útil para a gestão de recursos naturais, combinando objetivos de produção agrícola e desenvolvimento sustentável com maiores benefícios ambientais do que os sistemas de cultivo menos diversificados”. 

A sinergia obtida nesses sistemas ultrapassa em todos os aspectos os resultados de cada um separadamente. A Embrapa oferece uma planilha que auxilia a avaliação de um projeto agroflorestal que se queira implantar nos biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa, Pantanal. 

cacau é um excelente exemplo de sucesso nos sistemas agroflorestais. No Paraná, é plantado junto com outras culturas de árvores, palmeiras ou frutas, como ocorre em seu bioma de origem, a floresta Amazônica, para gerar sombra, nutrientes, água, entre outros recursos. O sistema agroflorestal também protege o cacaueiro de ataque de insetos e pragas, o que permite reduzir o uso de insumos. 

Na região sul da Bahia, a lavoura cacaueira é tradicional. O cacau-Cabruca é um sistema agroflorestal implantado no sub-bosque, de forma descontínua, circundado por vegetação natural. Esse sistema conserva, como nenhum outro cultivo agrícola, a qualidade dos solos em padrões próximos aos de uma floresta natural, bem como nascentes e pequenos cursos de água. Por manter as relações ecológicas com as florestas remanescentes, é sustentável, e tem garantido a conservação de remanescentes florestais da Mata Atlântica. 

E, claro, quem não gosta de chocolate?


Tudo a ver

Para recompor a floresta, siga passo a passo o livro Restauração florestal, publicado pela Oficina de Textos. De autoria de Pedro Henrique S. Brancalion, Ricardo Ribeiro Rodrigues e Sergius Gandolfi, a obra responde à crescente demanda de recuperação ambiental e fornece diretrizes conceituais e práticas para definir e implantar as ações de restauração mais adequadas em termos ecológicos, operacionais e de custos.

Além disso, monitora e avalia os resultados obtidos, seguindo a legislação ambiental mais recente, alia com visão multidisciplinar e pertinência conceitos da Ecologia, Botânica, Silvicultura, Ciências dos Solos, Economia e Ciências Sociais.

Capa de Restauração florestal.

Disponível na livraria Ofitexto!