Por que usar radares imageadores?

O sensoriamento remoto emprega radares que podem ser agrupados em três categorias: radares imageadores, altímetros ou escaterômetros. A altitude de um objeto é determinada, em aplicações muito específicas, pelos radares altímetros, enquanto os escaterômetros são utilizados para determinar a velocidade do vento sobre uma área da superfície do mar, por exemplo. 

Já os radares imageadores são empregados na maioria das aplicações com sensores remotos nas micro-ondas. O uso desse tipo de radar, que se utiliza do espectro das micro-ondas, é relativamente recente no que diz respeito ao sensoriamento remoto. A utilização do espectro óptico por meio de fotografias aéreas já era comum há mais de um século, no entanto, as imagens obtidas de radares aeroportados só começaram a ser empregadas operacionalmente a partir da década de 1960. 

Até que o uso de radares imageadores fosse adotado com mais frequência e popularizado, foi um longo caminho. Até 1978, os sensores passivos, de espectro óptico, predominavam no campo do sensoriamento remoto orbital. Com a chegada dos radares de características específicas, como frequência, resolução, incidência e polarização, os usuários viram-se em uma situação em que o uso de dados cuja geração era desconhecida provocava certo desconforto.

Dessa forma, os dados gerados a partir de radares imageadores deixavam de ser utilizados, ou então eram utilizados, mas como se sua origem fosse de sensores ópticos. Atualmente, com o uso cada vez mais frequente de dados interferométricos e polarimétricos, que geram imagens de grande complexidade, essa tendência de negar o uso dos radares de imagem está cada vez mais limitada. 

Imagem de relevos de uma área capturada por radares imageadores.

Radares imageadores são capazes de capturar relevos e movimentações com precisão

Quais as vantagens de usar radares imageadores?

Há algumas respostas válidas para essa pergunta. Imageamentos nas micro-ondas representam a única alternativa em sensoriamento remoto para a obtenção de informações em profundidade de alvos, e essa é apenas uma entre as vantagens para o uso de radares imageadores. Entre elas estão:

Obtenção de dados independentemente das condições climáticas

Radares imageadores possibilitam que os dados sejam obtidos independentemente das condições climáticas. Ou seja, esse tipo de monitoramento permite a penetração em nuvens, brumas e fumaça, tornando esta a maior vantagem de seu uso quando comparado ao sensor óptico.

Sensor ativo independente da energia solar

Outra vantagem do uso dos radares imageadores reside na capacidade que estes possuem de obter dados independentemente da energia solar, ou seja, a obtenção de dados é possível tanto durante o dia, quanto à noite, o que resulta em maior resolução temporal. 

Maior capacidade de penetração nos alvos

Os radares imageadores também têm maior capacidade de penetração nos alvos do que os sensores ópticos. Nestes, a interação energia-matéria é restrita aos mícrons superiores dos alvos, fornecendo uma amostragem composicional de sua superfície. Já nos radares que se utilizam das micro-ondas, a penetração é muito maior, conseguindo, a depender do tipo de alvo a ser analisado e do sensor, informações valiosas de profundidade. 

Imagem capturada do relevo de uma área.

Radares imageadores são capazes de capturar detalhes de determinado alvo com bastante precisão. Fonte: USGS/Unsplash

Outras características dos radares imageadores

Além das vantagens mencionadas a respeito do uso do imageamento com radar, é importante enfatizar outras características importantes desse tipo de ferramenta para monitoramento, tais como:

  • O radar imageador opera em visada lateral e com fonte de emissão e recepção de energia na mesma posição, o que faz com que as imagens de radar apresentem distorções geométricas únicas, com a presença de efeitos típicos de encurtamento de rampa, chamado de foreshortening, inversão de relevo (layover) e sombra de radar; 
  • Imagens de radar exibem um ruído típico devido à natureza da radiação utilizada e ao processamento usado na geração da imagem. Este é chamado de speckle
  • Os movimentos de alvos na cena monitorada são detectados pelas imagens de radar.

Monitoramento DInSAR para mineração e geotecnia aborda usos de radares imageadores

De autoria de Waldir Renato Paradella, José Claudio Mura e Fabio Furlan Gama, Monitoramento DInSAR para mineração e geotecnia foi elaborado com o propósito de apresentar o potencial do uso dos dados orbitais em SAR combinados a diversas outras técnicas à comunidade de pesquisadores do campo da geotecnia e áreas correlatas. 

Segundo os autores, o livro foi preparado pensando naqueles que possuem algum ou nenhum conhecimento em sensoriamento remoto, mas que desejam compreender melhor a aplicação desse tipo de tecnologia na mineração e em outras áreas que envolvem o monitoramento de movimentos no terreno. 

Capa de Monitoramento DInSAR para Mineração e Geotecnia.

Com diversas imagens que buscam exemplificar a teoria apresentada em cada capítulo, a obra pretende promover fácil acesso ao conhecimento dessa tecnologia emergente e cada vez mais necessária. 

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