Ao pensar na Caatinga, muita gente lembra apenas das imagens de solos rachados e de seca implacável. Mas esse bioma exclusivamente brasileiro abriga uma rica diversidade de paisagens, fauna, flora e povos, e é fundamental para a biodiversidade de todo o planeta. Abriga espécies que não existem em nenhum outro lugar do mundo – 33% da vegetação e 15% da fauna da Caatinga só podem ser encontrados ali.

A arara-azul-de-lear é uma ave endêmica de uma região da Caatinga Nordeste da Bahia (Foto: Reprodução/Fábio Nunes/Ibama)
Presente nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais, a Caatinga ocupa 10% do território nacional, uma área de aproximadamente 850 mil km².

Mapa demonstrativo do uso e ocupação do solo da Caatinga (2020), produzida pelo projeto conduzido pelo CEPAN e Laboratório de Ecologia Aplicada da UFPE. O mapa mostra toda a abrangência da Caatinga e as cores verdes representam o que ainda resta de formações florestais no bioma atualmente.
A resiliência é uma característica muito presente na Caatinga. A vegetação dali enfrenta longos períodos de seca e, ao menor sinal de chuva, já floresce. O povo da Caatinga traz a mesma característica. Quem vive ali faz diferentes usos da vegetação nativa, que acaba sendo fundamental para a segurança alimentar da região, além de gerar emprego e renda para a população.
Além da importância para a biodiversidade mundial, a Caatinga é fundamental para o equilíbrio econômico e social da região. Mesmo assim, o desmatamento já atinge mais de 40% da área de Caatinga no Brasil. É o terceiro bioma mais desmatado do país, ficando atrás apenas da Mata Atlântica e do Cerrado.

Desmatamento do bioma da Caatinga (Foto: Reprodução/ISPN)
Foi isso que levou o biólogo Danilo Diego de Souza, autor do livro Adaptações de plantas da Caatinga, publicado pela Oficina de Textos, a escrever sobre o tema. Para ele, é fundamental que o brasileiro conheça mais sobre este bioma e entenda a importância de preservá-lo. Na obra, o autor descreve a Caatinga e aborda as condições naturais que permeiam o bioma e os desafios da vegetação local.
O papel da educação na preservação da Caatinga
Professor de Biologia da rede estadual de ensino de Pernambuco, Danilo acredita que a principal ferramenta contra o desmatamento da Caatinga é a educação. Para ele, é essencial sensibilizar e conscientizar as crianças e jovens sobre a importância desse bioma de forma a garantir que as gerações futuras cuidem bem dele.
Nesse sentido, Danilo desenvolve uma série de projetos com os estudantes da região, que incluem trabalhos de campo, apresentação da Caatinga e seus desafios e trabalhos de conscientização sobre o papel de cada um na preservação ambiental.
Políticas públicas
Para preservar e evitar o desmatamento desenfreado, é fundamental também que haja políticas públicas voltadas para a Caatinga.
É um desafio muito grande, um trabalho árduo. Aqueles que nos representam no Congresso olham pouco para a Caatinga.
Precisamos de representantes que levantem a bandeira ambiental e lutem tanto pela Caatinga quanto pelos outros biomas brasileiros. É preciso entender que, ao agredir a natureza, estamos agredindo a nós mesmos, já que dependemos dela.
Confira a entrevista do autor ao Comunitexto.
Saiba mais sobre a preservação da Caatinga
O livro apresenta a Caatinga, suas condições naturais, diferentes paisagens e desafios para a vegetação. Aborda as adaptações morfoanatômicas e fisiológicas desenvolvidas pelas plantas para regular o excesso de luz, controlar a transpiração, armazenar água e nutrientes, proteger-se do estresse oxidativo e garantir sua perpetuação por meio de especificidades em sua floração e sementes.
Ao esclarecer esses mecanismos adaptativos, a obra auxilia na compreensão do delicado equilíbrio entre os fatores ambientais do clima semiárido e a evolução das plantas da Caatinga.
Confira o sumário da obra aqui.
Capa do livro “Adaptações de plantas da Caatinga”, publicação da Editora Oficina de Textos