Confira as características de um rio mais importantes para a manutenção da biota aquática, composta por diversos grupos
Rios são sistemas de transporte de matéria orgânica e inorgânica. A contribuição de material alóctone torna o fluxo de energia dependente, em grande parte, dessa contribuição de restos orgânicos e inorgânicos de vegetação, outros organismos, material em suspensão fino e areia. A produção primária autóctone é mantida, em grande parte, por perifíton, macrófitas aquáticas e fitoplâncton, este localizado em áreas de remanso e baixa circulação. A matéria orgânica transformada nos rios por larvas de insetos aquáticos, peixes e bactérias desloca-se em “espirais de nutrientes” a jusante.
As características dos rios são a deriva – da qual depende a sobrevivência de muitos organismos, especialmente insetos – e a zonação. Discutem-se as várias propostas de zonação e o conceito do continuum do rio.
Os rios são submetidos permanentemente aos impactos das atividades humanas, que têm vários níveis de magnitude, desde a construção de canais e o desmatamento das muitas galerias até a descarga de metais pesados, herbicidas, pesticidas e de um grande número de substâncias orgânicas que se dissolvem na água.
A biota aquática dos rios esta submetida a um conjunto de fatores que tem fundamental importância em sua estrutura e função. Um dos principais fatores que definem o ambiente físico e químico dos rios e riachos é a corrente. Portanto, podem-se listar:
1. Velocidade da corrente e forças físicas associadas
A velocidade da corrente afeta a deposição de partículas, transporta alimentos e desloca os organismos. Adaptações morfológicas ocorrem na fauna e na flora de rios, com relação à corrente. As forcas hidrodinâmicas afetam os organismos de varias formas. O regime da corrente é extremamente variável.
Transporte de materiais por um curso de água (Fonte: retirado do artigo “Ocupação Antrópica e problemas de ordenamento – Bacias hidrográficas” do Portal E-Portifólio)
2. Fluxo na água e próximo aos sedimentos
Laminar, turbulento ou de transição. O processo pelo qual um fluxo laminar tornar-se turbulento é conhecido como transição laminar-turbulenta. Este é um processo extremamente complexo que na atualidade ainda não é completamente compreendido. No entanto, com o resultado de décadas de intensa investigação, certas características tornaram-se gradualmente claras, e sabe-se que o processo prossegue através de uma série de etapas.
a) Escoamento laminar: é definido como aquele no qual o fluido se move em camadas, ou lâminas, uma camada escorregando sobre a adjacente, havendo somente troca de quantidade de movimento molecular. Qualquer tendência para instabilidade e turbulência é amortecida por forças viscosas de cisalhamento que dificultam o movimento relativo entre as camadas adjacentes do fluido.
b) Escoamento turbulento: é aquele no qual as partículas apresentam movimento caótico macroscópico, isto é, a velocidade apresenta componentes transversais ao movimento geral do conjunto ao fluido. O escoamento turbulento apresenta também as seguintes características importantes:
- Irregularidade
- Difusividade
- Altos números de Reynolds
- Flutuações tridimensionais (vorticidade)
- Dissipação de energia
(Fonte: retirado do artigo “Shark-skin surfaces for fluid-drag reduction in turbulent flow: a review”)
3. Substratos
Tipo e qualidade do substrato: areia, seixos, matéria argilosa fina, pedras, sedimento rochoso, substratos orgânicos (troncos, folhas) e inorgânicos. O substrato influencia a abundância e a diversidade de organismos.
4. Temperatura da água
A temperatura da água nos sistemas lóticos varia diária e estacionalmente, devido a fatores como clima, altitude, tipo e extensão da mata ripária e contribuição das águas subterrâneas. Essa temperatura estabelece limites à distribuição geográfica e à fisiologia dos organismos, influenciando a sua reprodução, sobrevivência e ciclo de vida.
5. Oxigênio dissolvido
A concentração de oxigênio dissolvido tem papel fundamental na distribuição, sobrevivência e fisiologia da fauna e flora lóticas. A decomposição de massas de vegetação ou a descarga de matéria orgânica residual (esgoto, por exemplo) alteram substancialmente a diversidade e a biomassa. Fauna ictíica de rios, riachos ou grandes rios, localizada após grandes quedas de água, está adaptada à sobrevivência a concentrações mais elevadas de oxigênio dissolvido na água (até 120% de saturação).
Variação da CBO e do oxigênio dissolvido após a descarga de um efluente num curso de água (Fonte: http://biologiaesl.wordpress.com)
Para saber mais
Este artigo foi baseado no livro Limnologia, de autoria de José Galizia Tundisi e Takako Matsumura Tundisi. A obra sintetiza o conhecimento científico acumulado sobre a história da Limnologia; a água como substrato; a origem dos lagos; a biota aquática e seus principais mecanismos de interações com fatores físicos e químicos; a diversidade e a distribuição geográfica.
Os autores analisam e detalham os mecanismos de funcionamento dos principais sistemas aquáticos continentais, sua dinâmica, variabilidade e caracterização: lagos, represas, áreas alagadas, lagos salinos, estuários e lagoas costeiras.