Livro apresenta avanços tecnológicos da agricultura de precisão

Os autores do livro “Agricultura de Precisão” falam sobre a origem da obra e temas abordados nesse grande marco da literatura agronômica.

Autores do livro “Agricultura de Precisão” falam dos destaques da obra e importância para a área

A agricultura moderna mecanizou o campo e ampliou a produtividade com o cultivo em larga escala – mas utilizava técnicas de correção do solo, semeadura, adubação, entre diversas outras, também em larga escala, tratando todo o terreno de maneira padronizada.

Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos estão transformando essa realidade: eles trouxeram a possibilidade de entender os detalhes e potenciais de cada pequeno trecho da propriedade para o uso racional de insumos, oferecendo benefícios ambientais e econômicos.

Para facilitar o trabalho de engenheiros agrônomos e produtores rurais de todo o país, José Paulo Molin, Lucas Rios do Amaral e André Freitas Colaço elaboraram Agricultura de Precisão, um livro que explica conceitos e tecnologias utilizados nessa perspectiva tão atual da agricultura.

Saiba um pouco mais sobre esta obra na entrevista.

Comunitexto (CT): Como surgiu a ideia de escrever este livro?

José Paulo Molin: Nós somos vinculados ao Laboratório de Agricultura de Precisão (LAP) da Esalq/USP, em Piracicaba. Fazemos parte de um grupo de pesquisadores que trabalha com esse tema desde que ele chegou ao Brasil – na verdade a USP ajudou a fomentar o tema no Brasil. Essa história começou em 1995, e no ano seguinte já houve um evento sobre o assunto, o Simpósio sobre Agricultura de Precisão.

Lançamento do Agricultura de Precisão em Piracicaba.
Da esquerda para a direita: Lucas Rios, André Colaço e José Paulo Molin.

Lançamento do livro Agricultura de Precisão na ESALQ – Piracicaba.
Da esq. para a dir.: Lucas Rios, André Colaço e José Paulo Molin.

Essa abordagem vem sendo construída desde aquela época; e como estamos continuamente estudando, pesquisando, trabalhando com o tema, decidimos escrever um livro-texto para consolidar esse conhecimento. Começamos esse projeto em 2013, nos reunimos em três autores para construir uma abordagem bastante completa – inclusive com alguns pontos polêmicos, porque há pesquisadores da comunidade internacional que consideram que algumas coisas do livro podem ser consideradas agricultura de precisão e outras não, mas nós incluímos todas elas.

CT: E para quem a obra é voltada?

JPM: O público é amplo. Este livro busca cobrir uma lacuna na literatura especializada: sempre que as pessoas falam de agricultura de precisão há um incômodo, porque não temos material em português para citar, mencionar ou para consultar. Existem alguns artigos dispersos, mas este é o primeiro livro-texto em língua portuguesa sobre agricultura de precisão.

André Freitas Colaço: Existe uma expectativa na comunidade acadêmica sobre esse material, e também no mercado. Há muita carência de informação sobre os produtos oferecidos. Indústria, importadores, prestadores de serviço, todos eles são potenciais leitores. E nós procuramos explicar os termos e as ferramentas de maneira acessível – então não é uma linguagem proibitiva. Pessoas de fora da academia também conseguem compreender o texto. No segmento da agricultura, do agronegócio, ele pode ser compreendido por todos.

CT: E quais são os pontos fortes do livro Agricultura de Precisão?

JPM: Um dos destaques é o texto abrangente, o que quer dizer que nós conceituamos todos os aspectos considerados importantes sobre a agricultura de precisão, e também que apresentamos as ferramentas associadas. O livro vai a um nível de detalhe intermediário em relação a essas ferramentas. Por exemplo, GNSS, GPS: existem livros sobre GPS em português, mas não para essa comunidade; então os estudantes, pesquisadores e profissionais ligados à agricultura vão poder ler este capítulo e se aprofundar, se informar sobre o que existe e o que está por vir nessa área.

São coisas que têm pouco a ver com agricultura – são ferramentas de uso de toda a comunidade global –, mas que, quando chegam na agricultura, falta uma literatura com abordagem adaptada pra nós. Essa foi a nossa preocupação, fazer uma abordagem das ferramentas num nivel intermediário.

Quando eu digo intermediário, isso significa não ir ao nível das outras comunidades.  Comunidade dos GPS tem livros extremamente técnicos, nós nos colocamos como usuários, essa é a descrição, esse é o grau de aprofundamento que utilizamos para descrever essas ferramentas como GPS, softwares, sensores, geoestatística (que é uma disciplina que não é da agricultura, mas que tem interfaces com a agricultura de precisão). Nós usamos um vocabulário adaptado, fazendo conexões com o grande tema da agricultura de precisão.

AFC: Outro destaque, como já dissemos, é que estre é o primeiro livro-texto sobre agricultura de precisão em língua portuguesa. Só isso já tem um significado importante para a área. Existem pessoas ávidas por encontrar um ponto de partida para começar a ler e estudar esse assunto, e nós estamos oferecendo esse ponto de partida.

Sobre os autores

José Paulo Molin é graduado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Pelotas, com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas e PhD também em Engenharia Agrícola pela University of Nebraska-Lincoln. É professor da Universidade de São Paulo (USP), onde atua no ensino de graduação e pós-graduação. Pesquisa a interface entre a agricultura de precisão e as máquinas e os implementos agrícolas, especialmente aquelas com sensores, variabilidade espacial, mapas de produtividade, GNSS, aplicação localizada de insumos, semeadura, adubação e colheita.

Lucas Rios do Amaral é graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de São Carlos, com mestrado e doutorado em Fitotecnia pela USP. É professor da Universidade Estadual de Campinas, onde atua nos níveis de graduação e pós-graduação. Suas pesquisas são voltadas à agricultura de precisão, principalmente para o uso e desenvolvimento de sensores proximais de solos e plantas e aplicação de geotecnologias para a gestão das culturas agrícolas.

André Freitas Colaço é engenheiro agrônomo, mestre em Engenharia de Sistemas Agrícolas pela USP e doutorando pela mesma instituição. Atua na área de agricultura de precisão desde 2006, com experiência em produção vegetal, mecanização e sensoriamento remoto. Realiza pesquisas nas áreas de mapeamento da variabilidade espacial, aplicação localizada de insumos e sensores. Tem participação ativa em eventos científicos nacionais e internacionais em torno do tema e vivência em instituições de renome nos EUA e Europa.

Saiba mais sobre o livro pioneiro na Agricultura de Precisão

O livro Agricultura de Precisão foi lançado em 2015 pela editora Oficina de Textos.

Ele introduz o leitor a essa promissora perspectiva atual da agricultura, que alia tecnologias e ferramentas modernas à análise de dados e tomada de decisões, e vem se mostrando cada vez mais determinante para o aumento da produtividade e a redução de custos não apenas em lavouras de grande extensão com operação mecanizada, mas até mesmo em pequenas propriedades.

Para mais detalhes sobre a Agricultura de Precisão, incluindo sua trajetória, acesse a matéria deste link!