Mapa de Produtividade: ferramenta para a Agricultura de Precisão

Como o mapa de produtividade é utilizado na Agricultura de Precisão, e quais são os seus usos dentro dela.

Para prática da Mapa de Produtividade na Agricultura de Precisão , é necessário identificar a variabilidade espacial existente nas lavouras. Para tal, são utilizados os mapas de produtividade, que trazem dados completos e verídicos para visualização a variabilidade nos cultivos.

O mapeamento da produtividade tem por objetivo o controle da produtividade e custo da lavoura, com foco em produzir mais, gastando menos, mostrando exatamente o que houve após a aplicação de determinada gestão no solo.

Mapa de produtividade de trigo e diferentes causadores da variabilidade

Mapa de produtividade de trigo e diferentes causadores da variabilidade.
(Fonte: Reprodução/Retirado do livro “Agricultura de Precisão”. Todos os direitos reservados.)

Com base nas informações do mapa de produtividade, que representa a resposta da cultura ao manejo, pode-se investigar as causas da variabilidade dentro de uma mesma lavoura, gerindo-a da forma mais conveniente possível.

Um mapa de produtividade materializa o efeito da gestão de um determinado cultivo e, com isso, possibilita a busca dos causadores de tal variabilidade dentro de uma lavoura tida como homogênea.

Evolução da coleta dos dados de produtividade

A obtenção dos dados de produtividade ocorre através de mensuração ou estimação da quantidade de um determinado produto que está sendo colhido.

Apesar da tecnologia ser definitiva nas medições estáticas de armazéns ou indústrias, este tipo de mensuração em campo e embarcado em colhedoras, com condições dinâmicas, é uma dificuldade recente, e que exige o controle de maior número de variáveis.

Na antiguidade, os produtores tinham total controle e conhecimento da variabilidade que havia nas lavouras, pois, a colheita nas pequenas áreas agrícolas ocorria de forma manual, facilitando a indicação das regiões com produtividades contrastantes. Apenas entre os anos de 1960 e 1970 esses dados começaram a ser perdidos, devido o aumento das áreas cultivadas, devido a Revolução Verde.

A estimativa de produtividade do fluxo de grãos através de colhedoras de cereais ocorreu apenas em 1980, e desde então não parou mais, tendo vários produtos disponibilizados no mercado mundial, a fim de que outros consigam gerar dados para a obtenção de mapas de produtividade

Principais usos do mapa de produtividade

Fora a investigação de variabilidade das lavouras, três principais usos podem ser atribuídos aos mapas de produtividade, sendo eles:

  • Compreensão das relações causa e efeito, ou seja, buscar entender por que a produtividade está sendo prejudicada ou favorecida em determinado ponto.
  • Reposição de nutrientes baseada na exportação pela colheita ou o refinamento das equações de recomendações de fertilizantes em taxas variáveis.
  • Auxílio à delimitação de regiões com produtividades marcadamente contrastantes, as quais podem passar a ser conduzidas de forma diferenciada.

Recomendação de fertilizantes com base em informações espacializadas

Outro fim, um pouco mais simples, é a utilização das informações espacializadas da produção para basear as recomendações de fertilizantes. Uma forma de utilizar esse dado é por meio da reposição da quantidade de nutrientes exportados na colheita anterior.

Essa aplicação é especialmente importante quando se pensa na recomendação de nitrogênio, uma vez que as análises de solo de rotina brasileiras não trazem informações confiáveis sobre a disponibilidade desse elemento no solo.

Os mapas de produtividade também são úteis para refinar as recomendações de aplicação de fertilizantes, uma vez que a maioria dos procedimentos e métodos de recomendação leva em conta a produtividade esperada e a disponibilidade dos nutrientes no solo.

Dessa forma, a produtividade esperada pode ser eficientemente estabelecida de acordo com a variabilidade na produção na safra anterior, possibilitando a estimativa de produtividade para cada porção da lavoura.

Baixa produtividade

Vários fatores podem estar associados às regiões de baixa produtividade: pode ser constatado que há problemas de fertilidade que precisam ser corrigidos; que há ataque localizado de determinada praga ou doença; problemas com plantas daninhas; má drenagem; compactação do solo; falhas de equipamentos ou operadores etc.

Em todos esses casos, os mapas de produtividade podem direcionar o agricultor para os problemas pontuais, identificando as regiões com produtividade baixa. A partir daí, cabe ao agricultor investigar as causas da queda na produtividade nessas regiões, por meio de análise de solo ou planta, inspeção ou qualquer outra estratégia.

No entanto, muitas vezes as variações na produtividade dentro de um talhão são intrínsecas à área cultivada, causadas por fatores imutáveis, ou então à de difícil alteração pelos tratamentos agronômicos, como a existência de diferentes tipos de solo e relevo.


Independentemente do uso pretendido, só é possível conhecer a variabilidade da área quando se tem um confiável conjunto de dados e, para isso, não basta o mapeamento de apenas uma safra; é necessário integrar informações de diferentes safras, suscetíveis a contrastantes variações climáticas e, se possível, variadas culturas.

Essa necessidade de grande quantidade de dados pode ser listada como mais uma razão pela qual os agricultores não adotam tal prática, pois é um investimento em médio prazo que demanda bom controle da qualidade na coleta dos dados ao longo dos anos.

Unidade de Gestão Diferenciada

Uma vez identificado que a causa da baixa produtividade são alguns dos fatores não passíveis de modificação pelo homem, como diferentes tipos de solo e relevos, o agricultor pode trabalhar com essa informação, gerenciando de forma diferenciada essas áreas, ou seja, basear as estratégias de gestão assumindo as desuniformidades existentes na lavoura.

Dessa maneira, pode-se fazer uso de adubações e de preparo do solo diferenciados, utilização de diferentes cultivares, entre várias outras ações direcionadas conforme o potencial produtivo de cada região da lavoura.


Esse tipo de gestão é conhecido como unidade de gestão diferenciada, e é tratada com detalhes no capítulo 7 do livro Agricultura de Precisão.

Monitor de produtividade

Apesar da facilidade que as máquinas disponibilizam, é primordial que seja feito um tratamento preliminar antes dos dados virarem mapas, pois, erros podem ocorrer devido sua limitação, e uma decisão não pode ser tomada se o mapa apresentar erros. Estas falhas não devem desacreditar os dados gerados, mas sim, gerar mais atenção antes de visualizar o mapa em mãos.

Componentes básicos de um monitor de produtividade de grãos

Componentes básicos de um monitor de produtividade de grãos: (A) sensor de umidade de grãos; (B) sensor de fluxo de grãos; (C) receptor GNSS; (D) computador de bordo; (E) sensor de levante da plataforma; (F) sensor de velocidade.
(Fonte: Reprodução/Retirado do livro “Agricultura de precisão”. Todos os direitos reservados.)

Ademais, é relevante utilizar outras ferramentas fora a colhedora de grãos, pois, a produtividade pode expor variabilidade temporal, quando a produção é diferente entre as safras, e seu comportamento espacial é inclusive distinto de outras culturas. Portanto, fora outro equipamento, é vantajoso utilizar mapas de produtividade de diversas safras, com condições cultivo particulares.

Colheita mecanizada na Agricultura de Precisão

Segundo o professor José Paulo Molin, para a elaboração do mapa de colheita e de produtividade na colheita mecanizada, é o equipamento que está na colhedora ─ na máquina que colhe ─ seja de que cultura for, que mede quanto está sendo colhido.

No colhedor de grãos, por exemplo, há um sensor que mede quantos grãos passam, a vazão por unidade de tempo, e a unidade daquele grão ─ uma grande vantagem da colhedora. Em conjunto, há um GPS, o qual diz em que posição se está, e então, temos o mapa de colheita.

Tudo isso é feito de forma automatizada, a máquina já sai de fábrica com essa tecnologia. Se eu tenho uma máquina mais velha, basta comprar um kit e instalar na colhedora, que este equipamento também fará o mapa de colheita.

Mesmo a tecnologia existindo desde 1990 e 1995 no Brasil, outras culturas ainda não possuem o mapa de produtividade, como é o caso da colheita de laranja, que ainda é colhida de forma totalmente manual no Brasil.

Ainda que possua inúmeras vantagens e dados variados, esta é uma ferramenta pouca utilizada, tanto nacionalmente, quanto internacionalmente, seja por incompreensão para analisar os dados, seja pela qualidade baixa do resultado gerado, e de como isso será tratado.

Para mais informações sobre o trajeto da agricultura de precisão, acesse nossa matéria: Trajetória da Agricultura de Precisão.

Saiba mais sobre as ferramentas da Agricultura de Precisão

Parte desta matéria foi retirada do livro “Agricultura de Precisão“, de José Paulo Molin, Lucas Rios do Amaral e André Freitas Colaço, uma obra importante que introduz o leitor na agricultura de precisão, assim como suas tecnologias e ferramentas. A obra apresenta a aplicação desta técnica não apenas em lavouras de grande extensão com operação mecanizada, mas também em pequenas propriedades. Para saber mais sobre a obra clique aqui!

Capa do livro "Agricultura de Precisão", publicado em 2015 pela Editora Oficina de Textos

Capa do livro “Agricultura de Precisão”, publicado em 2015 pela Editora Oficina de Textos