Doris Kowaltowski comenta sobre a importância de uma arquitetura escolar bem planejada para o desempenho dos alunos
As questões de desempenho e conforto num ambiente escolar abordam diversos fatores, tais como a qualidade do ar, as condições de ventilação, de comunicação verbal, os níveis de iluminação, a disponibilidade de espaço e os materiais de acabamento.
Colégio Miguel de Cervantes, SP. Arquitetura escolar humanizada e sustentável. (Foto: ACR Arquitetura)
“Os elementos construtivos podem ser avaliados em relação às patologias e às questões de manutenção e higiene. Ambientes escolares são ricos em informações e podem ter avaliações em relação à satisfação dos usuários e à aprendizagem dos alunos, medindo-se a produtividade do ambiente”, é o que conta Doris Kowaltowski, professora de Arquitetura da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp, no livro Arquitetura escolar.
Um dos meios de avaliar o ambiente escolar é por meio de opiniões e observações com base em metodologias específicas de Avaliação Pós-Ocupação (APO).
Preferências
Alunos alfabetizados indicam suas preferências por algumas atividades escolares, como a Educação Física, e também acham que a escola é lugar para amizades e relacionamentos sociais.
“Na visão dos alunos, os pontos positivos da escola concentram-se principalmente em atividades escolares, relações pessoais, locais externos e lazer, enquanto os pontos negativos da escola são problemas de cunho pessoal, como falta de limpeza e disciplina. Problemas de conforto em geral não são percebidos por eles”, afirma Doris.
Desejos
Muitas pesquisas de avaliação do ambiente escolar utilizam o desenho para conhecer os desejos das crianças. No Brasil, os estudos mostram que as crianças se dividem em três categorias: as que podem ser consideradas em situação de risco social (por exemplo, crianças de rua), as de escolas públicas e as de escolas particulares.
“As crianças de rua sentem falta de parques e brinquedos, as crianças da escola pública desenham muitas crianças, vegetação e brinquedos, e as crianças de escolas particulares desenham sítios e parques temáticos, ou seja, o lugar de brincar é esporádico”, afirma a arquiteta.
Ao final, podemos concluir que as avaliações dos alunos revelam grande riqueza e diversidade de informações. Os alunos alfabetizados representam os objetivos da escola pelas atividades sociais e escolares em primeiro lugar, e o ambiente físico aparece pouco nas suas considerações. Já as crianças em fase de alfabetização mostram nos desenhos anseios e interferências, muitas vezes além do alcance e contexto de uma pesquisa sobre o ambiente construído.
Para saber mais
Em tempos de crise na educação e de padrões insatisfatórios de desempenho escolar no Brasil, a arquiteta e pesquisadora Doris Kowaltowski traz à tona o dissenso sobre a real interferência de diferentes áreas de conhecimento na educação.
Em Arquitetura escolar – o projeto do ambiente de ensino, ela apresenta uma relação fundamental entre aprendizado e arquitetura, defendendo que a qualidade do desempenho escolar é influenciada pelo edifício e suas instalações. Adquira aqui seu exemplar em nossa livraria.