Conceitos em Ecologia da Paisagem

Ecologia da paisagem: imagem de desmatamento em área de floresta, com o desenho representando um pulmão.

Ecologia da Paisagem tem um papel importante nas tomadas de decisões sobre as áreas a serem priorizadas para conservação e restauração. Essa ciência busca entender como processos ecológicos são influenciados pelos padrões da paisagem, composta por mosaicos heterogêneos, estudando as maneiras como as espécies se concentram, dispersam, e interagem nessa escala.

Nesses estudos são levantados os fatores determinantes da permanência das espécies, destacando aqueles que aumentam as ameaças a elas. Por englobar ecossistemas nativos e aqueles gerados pelo homem, fornecem subsídios importantes para o planejamento integrado, que objetiva conciliar a conservação da biodiversidade às atividades humanas.

Parâmetros espaciais

Enquanto em paisagens com alta proporção de floresta, a perda de hábitat é o fator mais importante para determinar a riqueza de espécies, em paisagens altamente fragmentadas, com menos de 30% de remanescentes, o tamanho e grau de isolamento dos fragmentos são os parâmetros mais relevantes para a manutenção da biodiversidade.

O tamanho influencia na probabilidade de extinção local das espécies, os fragmentos maiores têm a capacidade de abrigar populações maiores e, portanto, menos sujeitas às estocasticidades ambientais e demográficas.

Os fragmentos maiores levam vantagem por apresentar maior heterogeneidade, maior quantidade de recursos, maiores chances de receber migrantes e por possuir áreas centrais maiores menos suscetíveis ao efeito de borda.

Por outro lado, o grau de isolamento está relacionado às chances de os remanescentes serem (re)colonizados, influenciando na probabilidade de extinção local e na perda de variabilidade genética e dos fenômenos deletérios por endocruzamento.

Além da distância entre os remanescentes, o isolamento depende também do tipo de matriz (áreas de não hábitat), da capacidade das espécies em atravessar as áreas de borda e de se mover pela matriz.

Outros elementos que têm recebido especial atenção são os corredores e os stepping stones, como formas de aumentar a conectividade da paisagem. Ou seja, influenciam no isolamento efetivo das populações, auxiliando os indivíduos a se movimentarem entre os fragmentos.

Parâmetros temporais

Além desses parâmetros espaciais, para o entendimento do efeito da fragmentação sobre a biodiversidade em uma paisagem, temos que considerar também aspectos temporais. Em muitos casos, há um tempo de latência entre a modificação da paisagem e a perda efetiva das espécies, criando-se um débito ecológico que, muitas vezes, é representado pela espécies mais sensíveis e/ou ameaçadas.

A análise da dinâmica da paisagem é relevante porque indica que não basta olhar apenas para o padrão atual de diversidade, visto que, se o processo de fragmentação for recente, muitas dessas espécies podem não permanecer na paisagem num futuro próximo, quando a comunidade se estabilizar e se conformar à estrutura da paisagem atual.

Dessa forma, o estudo do processo histórico da modificação da paisagem pode ajudar a prever as perdas futuras, a fim de que se possa atuar para que elas não aconteçam.


Para saber mais

Para conhecer mais sobre este conceito e entender mais sobre os estudos e práticas mais atuais na aplicação de SIG em projetos de conservação adquira o livro Conservação da biodiversidade com SIG.

Capa de Conservação da biodiversidade com SIG.

O livro aborda alguns dos temas mais importantes na área, como avaliação de componentes e ameaças à biodiversidade; priorização de áreas para a conservação da biodiversidade; restauração florestal e projetos de emissões evitadas por desmatamento e degradação florestal (REDD); desenvolvimento de aplicativos e ferramentas para gestão da biodiversidade; e mapeamentos participativos em comunidades locais e indígenas.