Segundo o livro Meteorologia prática, de Artur Gonçalves Ferreira, ao se atingir a saturação, pode haver a formação de gotas de água líquida ou cristais de gelo. As gotas de água estão associadas ao processo de condensação e podem existir na atmosfera na forma de nevoeiro, neblina ou nuvem, como também ocorrer sobre uma superfície, sendo o caso do orvalho ou geada.
Núcleos de condensação na atmosfera
Da mesma forma que o orvalho e a geada necessitam de uma superfície para se formarem, gotas de nuvem precisam de pequenas partículas sobre as quais o vapor d’água possa se condensar. Sabe-se que o ar das grandes cidades é bastante poluído, sendo constituído de vários gases e material particulado, denominados poluentes. Entretanto, mesmo em locais aparentemente limpos, há uma boa quantidade de partículas no ar.
Várias delas servem como superfícies para a condensação do vapor atmosférico e, por isso, são chamadas de núcleos de condensação. Sem essas partículas, a umidade relativa deveria ser superior a 100% para que a condensação se iniciasse.
Apesar de o gelo derreter a 0 °C, a água na atmosfera normalmente não congela a essa temperatura. Se a saturação ocorre a temperaturas entre 0 °C e –4 °C, o excesso de vapor d’água condensa-se, formando água super-resfriada, ou seja, água abaixo de 0 °C, mas ainda na fase líquida.
Na atmosfera, o gelo não se forma nesse intervalo de temperatura. Da mesma forma que para formar gotas de água líquida são necessários núcleos de condensação e umidade relativa próxima de 100%, a formação de cristais de gelo requer a existência de núcleos de gelo.
Em temperaturas menores do que –4 °C, a probabilidade de formar gelo aumenta, e, para o intervalo entre –10 °C e –40 °C, a saturação pode levar à formação tanto de cristais de gelo quanto de gotas de água super-resfriadas. Para temperaturas menores do que –40 °C haverá apenas a formação de cristais de gelo, com ou sem a presença de núcleos de gelo.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) adota as seguintes definições para os tipos de condensação na atmosfera:
• Chuva: é o resultado da condensação na atmosfera que cai em direção ao solo, quando o peso das gotas supera as correntes verticais de ar. Normalmente, sua quantidade é medida, nos pluviômetros, como a altura da precipitação em milímetros (1 mm = 1 L de água de chuva numa área de 1 m²).
• Chuvisco ou garoa: precipitação bastante uniforme composta exclusivamente de gotas d’água muito pequenas (diâmetro menor do que 0,5 mm), muito próximas umas das outras e que parecem quase flutuar no ar.
• Granizo: precipitação que se origina de nuvens convectivas, como cumulonimbus, e que cai em forma de bolas ou pedaços irregulares de gelo, com formatos e tamanhos diferentes. Pedaços com diâmetro de 5 mm ou mais são considerados granizo, enquanto pedaços menores são classificados como bolas de gelo, bolas de neve ou granizo mole. Bolas isoladas são chamadas de pedras. No METAR, um código meteorológico usado em aeroportos, granizo é referido como “GR”, e granizo pequeno ou bolas de neve, como “GS”.
• Neve: precipitação de cristais de gelo translúcidos e brancos, em geral em forma hexagonal e complexamente ramificados, formados diretamente pelo congelamento do vapor d’água na atmosfera. É produzida frequentemente por nuvens do tipo stratus, mas também pode se originar das nuvens do tipo cumulus. Normalmente, os cristais são agrupados em flocos de neve. É informada como “SN” no METAR.
• Névoa: conjunto de microscópicas gotículas de água suspensas na atmosfera. Não reduz a visibilidade como o nevoeiro e, frequentemente, é confundida com chuvisco.
• Nevoeiro: massa de minúsculas, porém visíveis, gotículas de água suspensas na atmosfera, próximas ou junto à superfície da Terra, que reduzem a visibilidade horizontal para menos de 1.000 m. É formado quando a temperatura e o ponto de condensação do ar se tornam os mesmos – ou quase os mesmos – e suficientes núcleos de condensação estão presentes. É referido como “FG” no METAR.
Abaixo, fotos de algumas formas de condensação citadas anteriormente.
Imagem retirada do livro Meteorologia: noções básicas, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados.
Meteorologia prática está disponível para compra na livraria técnica da Ofitexto.
Capa do livro “Meteorologia prática”, publicação da Editora Oficina de Textos
Meteorologia prática aborda temas como radiação solar, temperatura, umidade do ar, estabilidade e pressão atmosférica, ventos, observação da atmosfera, padrão global dos ventos, modelos conceituais, poluição atmosférica e classificação climática, tudo numa linguagem direta e clara, amplamente ilustrado e com exemplos específicos de tempo e clima no Brasil.