Ao falarmos de geoecologia das paisagens são entidades geoecológicas, no sentido de que constituem um objeto com dimensão definida na superfície terrestre e possuem ritmo e desenvolvimento dependentes das leis da física.
Essas características dependem da dinâmica interna e externa do planeta, bem como dos movimentos orbitais e das relações cósmicas ao longo do tempo geológico.
Contudo, as paisagens podem ser (e são) humanizadas por diferentes conjuntos culturais ao longo da história da sociedade, o que lhes confere um novo caráter sem excluir sua dependência das leis da Física.
Esse novo caráter, cultural, possui manifestações materiais e imateriais e afeta o funcionamento geoecológico e as decisões sobre seu destino. Como indivíduos geográficos, as paisagens agregam elementos e processos com diferentes naturezas, dimensões e durações que, relacionando-se numa determinada área da superfície terrestre, dão origem a uma unidade visível.
Essa unidade visível provoca e se relaciona com o espírito humano, tornando-se sujeita às ações e decisões dos indivíduos e da sociedade conforme seus interesses variados. Nesse sentido geográfico, as paisagens são unidades geoecológicas resultantes da interação complexa de processos naturais e culturais.
Chapada do Araripe em Pernambuco (Fonte: Wikimedia Commons)
Elas podem se originar, existir e desaparecer sem a interferência humana, mas sua representação não é independente da cultura. Desse modo, a sociedade cria discursos sobre a paisagem, que podem ser utilizados de modos diversos para propósitos variados.
Nesse contexto, a sociedade busca sua realização tentando adequar seus interesses aos recursos disponíveis na paisagem. Muitas vezes essa relação é conflitante, gerando consequências indesejadas, e daí a importância da Geoecologia como ferramenta de suporte à decisão sobre o uso das paisagens.
Saiba mais sobre geoecologia
O reconhecimento e o mapeamento de uma paisagem é fundamental para o planejamento de um território, pois subsidia decisões pautadas no conhecimento da diversidade local.
A cartografia de paisagens, é, portanto, de fundamental importância para a gestão e planejamento ambiental dessas áreas, pois fornece uma visão integrada dos elementos e processos do ambiente.
De autoria de Lucas Costa de Souza Cavalcanti, Cartografia de paisagens – 2ª ed. apresenta ao leitor de forma clara, concisa e didática o conceito de paisagem trabalhado pela geografia, os princípios metodológicos para a classificação de paisagens e as técnicas de representação e de observação em campo.
Ademais, são discutidas, de modo mais aprofundado, questões específicas sobre a identificação e a taxonomia das paisagens. Original e autêntico, o autor traz fotos e exemplos do seu cotidiano, com as belas paisagens do semiárido pernambucano.
A obra é recomendada para estudantes de graduação e pós-graduação em geografia, além de ecologistas, biólogos e geólogos.
Confira a degustação da obra aqui.
Capa do livro “Cartografia de paisagens – 2ª ed.”, publicado em 2018 pela Editora Oficina de Textos
Sobre o autor
Lucas Costa de Souza Cavalcanti é doutor em Geografia e professor adjunto na Universidade Federal de Pernambuco, onde coordena o Grupo de Pesquisa em Geossistemas e Paisagem, por meio do qual tem procurado divulgar a temática da Cartografia de Paisagens.