Vivemos um momento de valorização e preocupação com o meio ambiente, principalmente após a realização da 1ª Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia. A partir desse evento, um novo segmento de atividade turística surgiu, denominado ecoturismo, com o objetivo de conjugar o turismo com a identificação, a proteção e a preservação do patrimônio cultural e natural da Terra.
Porém, essa modalidade turística tem enfatizado apenas a fauna e flora e os recursos hídricos naturais, desconsiderando os demais aspectos físicos, como as estruturas geológicas e as feições geomorfológicas.
Conservar o patrimônio geológico é manter viva a memória do planeta para as futuras gerações, e garantir ao conhecimento científico uma fonte de pesquisas e respostas sobre eventos passados e sobre os possíveis eventos futuros é importante e imprescindível.
Com base nessa ideia, novas formas de turismo visando a conservação deste patrimônio já começaram a se desenvolver, como o geoturismo.
Segundo Raphael de Carvalho Aranha, autor do livro Geografia aplicada ao turismo, lançado pela editora Oficina de Textos em parceria com o geógrafo Antonio Guerra, “as relações entre geologia e turismo podem ser consideradas, ao mesmo tempo, explícitas e implícitas. Cabe expor que a prática turística, neste caso, está associada a um desejo de conhecer novos lugares, vivenciar outras culturas, admirar paisagens, entre outras motivações”.
A estrutura da paisagem física
Para o turismo, a paisagem é vista como um atrativo que é eminentemente observado, vivido e sentido. Nesse sentido, podemos atribuir-lhe valores na forma de um produto importante cuja expressão sobre a sua percepção se dá através da morfologia resultante das diferentes formas de ocupação e configuração de um território, ao longo do tempo.
A geologia pode ser considerada a base, a estrutura da paisagem física, compondo, portanto, o substrato aonde a atividade turística irá se desenvolver. Nesse sentido, as respostas da geologia refletem no relevo, que é capaz de condicionar a atividade turística: pode-se, portanto, entender o papel indireto da geologia como o locus ou o sítio onde a atividade turística ocorre.
Nesse caso, ressalta-se como exemplo o comportamento da geologia nas formas do relevo. Estas condicionam o traçado de determinada rodovia, interferindo na relação distância/tempo entre dois destinos.
A distância linear entre a cidade do Rio de Janeiro e a cidade serrana de Petrópolis, lar de veraneio da família imperial brasileira no século XIX e que, ainda hoje, abriga grande número de patrimônios arquitetônicos daquela época, é de menos de 50 quilômetros.
Entretanto, a necessidade de ultrapassar a escarpa da Serra do Mar, a partir da capital fluminense, faz com que o trajeto tenha aproximadamente 100 quilômetros e dure cerca de uma hora.
Como outro exemplo da influência indireta da geologia na atração de turistas pode-se destacar a cidade histórica de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais. Fundada no século XVII pelos bandeirantes, a cidade, que cresceu em torno da exploração mineral, foi berço de diversos movimentos políticos e culturais e atualmente, depois da exaustão dos valiosos minérios que dão nome à cidade, é um importante polo de turismo histórico-cultural da região Sudeste do Brasil.
Saiba mais sobre geologia e turismo
O livro Geografia aplicada ao turismo, organizado por Raphael de Carvalho A. e Antonio José T. Guerra, demonstra a aplicabilidade da Geografia no Turismo, capacitando turismólogos a aplicar adequadamente seus objetos de estudo em suas áreas de trabalho.
A obra apresenta uma abordagem ampla e integradora das ciências sociais e ambientais, numa perspectiva interdisciplinar, evidenciando a aplicabilidade da climatologia, geologia, geomorfologia, biogeografia, cartografia, geopolítica e cultura no Turismo, auxiliando esses profissionais a planejarem suas atividades turísticas, em escalas locais e regionais.
A bibliografia apresentada também possibilita aos leitores se aprofundar em algum tema abordado no livro.
Confira a degustação do exemplar clicando aqui.
Acesse também a nossa matéria sobre os conceitos de geoturismo, geodiversidade e geoconservação!
Capa do livro “Geografia aplicada ao turismo”, publicação da Editora Oficina de Textos