Professor José C. Stevaux fala sobre o conteúdo de Geomorfologia fluvial e a parceria com o Dr. Edgardo M. Latrubesse
(Foto: Divulgação)
Nos reunimos esse mês com o Professor José Cândido Stevaux, mestre e doutor em Geologia pela Universidade de São Paulo (USP) para um bate-papo, onde ele contou um pouco sobre o livro Geomorfologia fluvial, a parceria de longa data com o Dr. Latrubesse e o que os leitores podem esperar da obra.
Confira a seguir:
Comunitexto (CT): O conteúdo de Geomorfologia fluvial aborda diversas questões básicas, como evolução do conhecimento hidrológico, usando uma linguagem mais didática. Essa iniciativa foi tomada por conta de uma carência na área ou falta de conteúdo atualizado?
Profº Stevaux: Sim, mas também numa tentativa de devolver à sociedade todo um conhecimento gerado em três décadas de trabalhos “fluviais”. Como é mencionado no prefácio, os pouco livros de que dispúnhamos utilizavam os conceitos e métodos desenvolvidos pelos grandes fluviólogos dos Estados Unidos, Europa (Inglaterra e França, principalmente) e Austrália. Começamos, então, a trabalhar intensamente com rios e com colegas da América do Sul, Índia, China e África. É essa experiência que tentamos sintetizar em nosso livro.
CT: Como funcionou a parceria entre você e o Dr. Latrubesse?
Profº Stevaux: Conheço o Edgardo há décadas e com ele percorri desde a ideia até o produto final. Uma vez, presos por horas no aeroporto de Bombaim, resolvemos esboçar o que seria um livro de Geomorfologia Fluvial “tropicalista”. Gostamos tanto do que fizemos que prometemos nos encontrar (naquela época o Edgardo morava em La Plata e eu me dividia entre a Universidade de Maringá e Universidade de Guarulhos) assim que o primeiro de nós pudesse passar um tempo na terra do outro. Pouco tempo depois, num período sabático, consegui ficar seis meses em La Plata e iniciamos o projeto (que ainda levaria quase uma década para ser finalizado).
CT: O que os leitores podem esperar da obra?
Profº Stevaux: Primeiramente um incentivo. Lembro-me de meus primeiros trabalhos, quando tentava usar as equações mostradas no fantástico livro Fluvial Processes in Geomorfology (o qual chamo de a “Bíblia do geomorfólogo”) e me sentia insatisfeito com os resultados. Fui conversar com meu professor e depois colega da Unesp, Antônio Christofoletti, autor do pioneiro Geomorfologia Fluvial. Ele dizia, “pena que ninguém aqui no Brasil quer trabalhar no intuito de termos as equações adaptadas à nossa geomorfologia”. O que passamos no livro é “está vendo como nossos rios são diferentes? Vamos trabalhar nisso!”. Tentamos também incluir, ainda que de forma generalizada, temas mais específicos como inundações, barragens, intervenções antrópicas e relações ecológicas.
Para saber mais
Confira o livro de José Stevaux e Edgardo Manuel Latrubesse, Geomorfologia fluvial. A obra aborda a evolução do conhecimento hidrológico e seus conceitos, a bacia de drenagem e os canais de escoamento. Explica o fluxo de água, o processo de erosão e o transporte de sedimentos pelo canal e apresenta a morfologia dos canais, a planície de inundação e as causas e natureza das metamorfoses fluviais.