De que maneira a interferência antrópica afeta nossas condições naturais? O Professor José C. Stevaux dá sua explicação sobre esse polêmico assunto
Pantanal é um dos biomas que mais sofre com a interferência antrópica (Fonte: Pixabay/LP_Photography)
Grandes populações, economia em desenvolvimento, crescimento caótico de áreas urbanas e forte aumento na demanda de água e energia são problemas comuns a todos os países da América do Sul, onde, por sua vez, estão localizados muitos dos grandes rios e dos leques aluviais existentes no planeta.
Contudo, a estratégia de gerenciamento e magnitude dos recursos fluviais é totalmente diferente daquela das regiões temperadas. O Brasil, por exemplo, é um dos maiores produtores agrícolas do mundo em razão de um gerenciamento bastante efetivo da água de superfície e subterrânea.
Porém, a brutal interferência antrópica nos sistemas fluviais brasileiros afeta as condições naturais dos rios de várias maneiras.
“O tamanho do sistema fluvial é que irá definir a escala temporal e espacial de um impacto ou de uma alteração, seja ela natural ou antropogênica. Recentemente, eu e o Prof. Latrubesse nos reunimos com uma equipe de 16 especialistas em vários temas amazônicos, discutimos o impacto dos represamentos atuais e fizemos inferências às futuras barragens. Vemos, então, que numa escala “amazônica”, os impactos são de ordem regional e mesmo global, com mudanças climáticas regionais e com possíveis alterações até nas atividades pesqueiras no Golfo do México”, explica o Prof. José C. Stevaux, mestre e doutor em Geologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Minimizando a interferência antrópica
Sobre se a perturbação do homem em relação ao meio ambiente pode ser evitada ou pelo menos amenizada por meio de um melhor preparo, permitindo assim que o local afetado não sofra com tantas modificações, o Prof. Stevaux é bastante enfático:
“Nunca tivemos quase 8 bilhões de pessoas vivendo ao mesmo tempo na Terra. É de se esperar que os recursos naturais para essa imensa população sejam cada vez mais explorados. No entanto, o uso dos recursos naturais, mais precisamente dos hídricos, deve incluir não apenas técnicas e métodos de preservação e proteção, mas também toda uma política de desenvolvimento econômico e demográfico”.
Para saber mais
Geomorfologia fluvial, escrita por José Stevaux e Edgardo Manual Latrubesse, integra a coleção básicos em Geografia, oferecendo uma sólida introdução aos processos fluviais e às morfologias derivadas, ressaltando sua importância no gerenciamento, preservação e recuperação dos rios.