Vegetação × radiação eletromagnética

Pensar no processo de interação entre a radiação eletromagnética e a vegetação nos faz recordar que os vegetais realizam fotossíntese, processo fundamentado na absorção da radiação eletromagnética por parte dos pigmentos fotossintetizantes como as clorofilas, xantofilas e carotenos.

Sabemos que essa absorção não ocorre indistintamente ao longo de todo o espectro eletromagnético, mas especificamente na região do visível (0,4 mm a 0,72 mm). Sabemos ainda que, de todos os órgãos existentes em uma planta, as folhas são os que têm como função principal viabilizar a interação com a radiação eletromagnética especificamente nessa região espectral. Além disso, o que mais seria relevante saber quando se considera a aplicação de técnicas de sensoriamento remoto no estudo da vegetação?

Foto expandida de uma folha, com suas veias, receptáculo da radiação eletromagnética.

(Fonte: Pxfuel)

Para responder a essa pergunta, devemos primeiramente considerar que existem várias escalas de trabalho possíveis, as quais permitem o estudo de partes de uma planta, de uma planta inteira e de conjuntos de plantas. A adoção de uma escala específica exigirá um determinado nível de conhecimento, tanto sobre a vegetação em si como sobre todo o instrumental disponível para viabilizar o estudo pretendido.

Consideremos primeiramente o estudo de uma única folha extraída de uma determinada planta. Assim como acontece com qualquer objeto sobre o qual incida certa quantidade de radiação eletromagnética, três são os fenômenos que descrevem o processo de interação em questão. São eles: a reflexão, a transmissão e a absorção. Simplificadamente, as frações espectrais da radiação incidente que serão refletidas, transmitidas e absorvidas dependerão das características físico‑químicas de um objeto.

Com as folhas, o mesmo raciocínio pode ser aplicado. O processo de interação entre a radiação eletromagnética referente ao espectro óptico e uma folha é dependente de fatores químicos (pigmentos fotossintetizantes e água) e estruturais (organização dos tecidos da folha), e pode ser analisado sob os pontos de vista da absorção, da transmissão e da reflexão da radiação.

A análise conjunta desses três fenômenos compõe aquilo que denominamos como o estudo do comportamento espectral da vegetação, que envolve principalmente o estudo dos fatores influentes na reflexão da radiação por folhas isoladas e por dosséis vegetais, que são os conjuntos de plantas de uma mesma fisionomia, como, por exemplo, o dossel florestal, o dossel de cana‑de‑açúcar,  o dossel de gramíneas etc.


Para saber mais

Ao passar dos anos a cobertura vegetal no Brasil diminuiu, mostrando a necessidade de realizar mapeamentos da cobertura vegetal, desta forma o sensoriamento remoto aplicado a vegetação aprofundou-se a obter estas informações. Dentre essas informações consegue-se obter parâmetros biofísicos da vegetação como a biomassa ou o índice de área foliar.

No livro Sensoriamento remoto da vegetação aparece os principais conceitos relacionados à área, como comportamento espectral da plantas, técnicas de processamento de imagens, modelos de mistura espectral e índices de vegetações.

Capa de Sensoriamento remeto da vegetação.