As origem do magma

As rochas podem ser fundidas tanto experimentalmente como no interior da Terra, mas qual a origem do magma no interior da Terra?

Vários indicadores podem ser usados para nos indicar em qual profundidade um magma que alcança a superfície teve sua origem. Podemos usar estudos remotos, como os sinais sísmicos, para determinar onde o magma se move em profundidade e também para delimitar áreas onde ele é gerado, porque certos sinais sísmicos diminuem quando atravessam zonas parcialmente fundidas e não penetram em líquidos.

Imagem de magma líquido com origem de um vulcão, saindo em um jato.

(Fonte: Pixabay)

Os vulcões proporcionam uma janela para o interior da Terra e é por meio de seus produtos (lavas, púmices e cinzas) que as origens do magma são entendidas. As lavas derramadas na superfície muitas vezes contêm cristais que se formaram em profundidade e podem conter também fragmentos de outras rochas que foram arrancados durante a ascensão do magma, denominados xenólitos.

Esses xenólitos podem fornecer informações sobre a profundidade que o magma atravessou e sobre seu caminho até a superfície. A composição química da lava e os tipos de gases exalados pelo vulcão também podem fornecer pistas da profundidade de formação do magma.

Kimberlitos

Esses são formados por magmas gerados em grande profundidade, sendo que o mais famoso está localizado em Kimberley, na África do Sul. São especiais porque podem conter diamantes e outros minerais formados em altas pressões. Esses minerais se cristalizam em profundidades de 150 km a 450 km.

Foto de um kimberlito

Kimberlito é vulgarmente conhecido como a rocha que contêm diamantes (Fonte: Wikimedia Commons)

Em magmas mais comuns, gerados em profundidades menores, a determinação da profundidade de formação é mais difícil devido à ausência de minerais indicadores, como o diamante. Nesses magmas, cristais comuns podem muitas vezes fornecer informações sobre a profundidade que o magma foi gerado.

Zoneamento químico no cristal

Observações do interior desses cristais revelam como eles cresceram. Esse crescimento é demonstrado por diferenças de composição química do núcleo para a borda do cristal, semelhantes aos anéis de crescimento em troncos de árvores. Como os anéis de crescimento da árvore nos contam sobre o ambiente no qual a árvore cresceu, o zoneamento químico no cristal nos conta acerca das condições do magma durante sua cristalização.

Duas imagens, uma de zoneamento de um cristal e outra de uma árvore.

Zoneamento em um cristal e em uma árvore. O zoneamento em um cristal é semelhante aos anéis de crescimento de uma árvore. Cada faixa mostra o crescimento progressivo do mineral e da árvore e pode fornecer informações valiosas sobre seu histórico (Imagem retirada do livro Introdução à vulcanologiaEd. Oficina de Textos.) Todos os direitos reservados.

Primeiramente, observamos os cristais maiores da rocha que foram os primeiros a cristalizar no magma, ainda em profundidade. Eles nos auxiliam a construir um quadro que mostra a origem do magma e sua trajetória através da crosta e podem aprisionar gotas de magma em seu caminho para a superfície.

Essas inclusões líquidas representam o magma inicial e sua composição química também pode auxiliar na determinação da profundidade da fusão. Esses dados revelam que a maioria dos magmas se forma na Terra entre 50 km e 200 km de profundidade. Essa profundidade é relativamente rasa se pensarmos no tamanho do planeta, e isso está diretamente relacionado ao sistema de tectônica de placas que opera na porção externa da Terra.


Para saber mais

Para se aventurar ainda mais pelo fascinante mundo dos vulcões, veja em nossa livraria técnica o livro Introdução à Vulcanologia. Nele, o cientista Dougal Jerram responde a questões como: O que são os vulcões? Como os vulcões se relacionam com as placas tectônicas e o movimento de continentes? Como eles afetam o clima da terra? É possível prever erupções?