Barragens: caso histórico de acidente em Teton

Ao se falar de acidente com barragens internacionais, um dos primeiros que nos vêm à mente é o da ruptura da barragem de Teton, nos Estados Unidos, em junho de 1976. Ela era constituída por uma barragem de terra com 90 m de altura máxima e empregava um solo classificado como silte de origem eólica – solo reconhecido como altamente suscetível ao processo de erosão interna (piping) –, sem que fossem tomados em seu projeto os devidos cuidados.

Foto da falha de um dos mais famosos acidentes em barragens.

Falha catastrófica em 5 de junho de 1976 (Fonte: Wikimedia Commons)

Segundo João Francisco Alves Silveira, autor do livro Instrumentação e segurança de barragens de terra e enrocamento, publicado pela Oficina de Textos, “parece incrível, mas uma barragem desse porte estava sendo projetada sem nenhum instrumento de auscultação, o que por si só constitui uma falha grave, conforme confirmado pelo board (quadro) de consultores que analisaram o acidente”.

“Pela minha experiência de 40 anos atuando na área de instrumentação, afirmaria que, se a barragem de Teton tivesse sido bem instrumentada, particularmente na região da trincheira de vedação localizada em sua ombreira direita, com a íntima participação dos técnicos de Geologia de Engenharia, teria sido possível o diagnóstico prévio desse acidente com vários dias, talvez semanas de antecedência“, diz o autor.

Diagrama de fotos detalhando as fases do acidente da barragem de Teton.

Evolução da ruptura na barragem de Teton (Fonte: Gestão de riscos e segurança de barragens, de A. Veiga Pinto, para o 3º Simpósio de Segurança de Barragens e Riscos Associados, nov. 2008)

Ainda segundo o engenheiro, em razão desse diagnóstico antecipado sobre a ocorrência do processo de erosão interna, a ruptura da barragem poderia ter sido evitada, por exemplo, por meio da paralisação do enchimento do reservatório ou até de seu rebaixamento. Caso o mesmo não tivesse sido antecipado dentro de um prazo maior, para se evitar sua ruptura, provavelmente teria havido tempo para um alerta a jusante mais antecipado, evitando-se, desse modo, as vítimas fatais.

A ruptura da barragem de Teton implicou a morte de cerca de 10 pessoas, e o total de vítimas não foi maior porque ainda houve tempo de se enviar um alerta a jusante via estação de rádio, que fez com que muitas pessoas deixassem suas casas e se dirigissem para locais mais altos e afastados da calha do rio.

Veja aqui um vídeo com mais informações sobre este acidente.


Para saber mais

O livro Instrumentação e segurança de barragens de terra e enrocamento aborda toda a informação fragmentada publicada em artigos ou guardada em relatórios técnicos sobre os principais procedimentos para garantir a conservação e a estabilidade de barragens.

A obra também relata a experiência e tecnologia brasileiras, consolidadas ao longo das últimas décadas, com a construção da infraestrutura hidroenergética do País. O autor João Francisco Alves Silveira não só participou desse processo, tendo colaborado em diversas das barragens arroladas nos casos históricos do livro, como vem desenvolvendo metodologias de gestão da segurança das barragens – tema particularmente sensível quando nosso parque de geração começa a contar com barragens antigas.

Trata-se de um livro de referência para todos aqueles que se dedicam a projetar, instrumentar, construir e analisar o desempenho de barragens.

Foto do livro Instrumentação e segurança de barragens de terra e enrocamento, que ensina como evitar acidentes em barragens.