Os tipos de materiais naturais que podem ser utilizados em barragens (obra de barramento), podem ser distinguidos em:
- Material pétreo;
- Material arenoso;
- Material terroso.
As fontes de obtenção desses materiais são basicamente duas: escavações da própria obra e áreas de empréstimo. Muitos projetos de barragens exigem escavações consideráveis, sejam no solo ou em rocha, ora com o propósito de atingir uma fundação mais resistente, ora para alcançar níveis mais profundos para o escoamento da água, como ao longo de canais.
A abertura de túneis também propicia a obtenção de um grande volume de materiais, principalmente pétreos. Em todos esses casos, é necessário, ainda em fase de projeto, realizar os ensaios de campo e de laboratório adequados aos tipos de material que será escavado durante a construção das barragens, a fim de pesquisar a possível aplicabilidade desses materiais na construção da obra projetada.
(Fonte: Instituto Minere)
Essa prática encontra, entre outras, as seguintes justificativas:
- Elimina ou reduz a formação de depósitos ou bota‑fora dos materiais escavados, que representam sérios impactos ambientais;
- Elimina a recuperação de áreas degradadas pela escavação de áreas de empréstimo, o que também significa impactos ambientais significativos;
- Elimina os custos de desapropriação das áreas de empréstimo;
- Elimina os custos com a construção, manutenção e desapropriação de acessos para as áreas de empréstimo;
- Elimina os custos de transporte dos materiais provenientes de áreas de empréstimo.
Materiais rochosos
É muito comum os materiais rochosos apresentarem trechos alterados e trechos de excelente sanidade. Nesses casos, pode‑se perfeitamente utilizar o material alterado no corpo da barragem “envelopado” pelo material de boa sanidade, constituindo as chamadas “zonas random”, que podem assumir variadas posições no interior do maciço barrável.
Quando, porém, a quantidade ou a qualidade dos materiais escavados não atender de forma alguma às necessidades previstas para a obra, apela-se para as áreas de empréstimo, seja para suprir todas essas necessidades, seja para complementar a utilização dos materiais escavados. Nesse caso, as áreas de empréstimo incluem as pedreiras para materiais pétreos ou as jazidas para materiais terrosos e arenosos.
Pesquisa das áreas de empréstimo
Na pesquisa das áreas de empréstimo, deve‑ se ter em mente que o transporte do material é o fator que mais onera a sua utilização, razão pela qual deve-se inicialmente concentrar todos os esforços para não ultrapassar o raio de 2 km da obra na localização dessas áreas. Dentro desse raio, a pesquisa desses materiais deve observar atentamente às seguintes condicionantes:
- distância da obra;
- geologia local;
- topografia;
- condições de explorabilidade;
- condições de acesso;
- características do material;
- volumes disponíveis;
- custos de desapropriação;
- aspectos ambientais.
Somente após verificada a impossibilidade de atender às necessidades da obra com empréstimos situados nesse raio de influência, deve-se partir para pesquisar áreas mais distantes, usando os mesmos critérios de pesquisa para restringir a localização dessas áreas ao raio de 5 km.
Finalmente, na impossibilidade do atendimento dessa última condição, extrapola-se a pesquisa com base em uma fotointerpretação geológica a áreas mais distantes.
Saiba mais sobre barragens
As barragens de terra e enrocamento (BTEs) têm sido obras de destaque desde a Antiguidade, do Império Romano aos povos pré-colombianos. Barragens de terra e enrocamento, por Sandro Salvador Sandroni e Guido Guidicini, traça esse interessante histórico da Engenharia Geotécnica de barragens, pontuando sua evolução em tempos pré-Mecânica dos Solos, para em seguida aprofundar-se nos principais conceitos geotécnicos das BTEs, ilustrados com exemplos de obras e acidentes.
Confira a degustação da obra clicando aqui.
Capa do livro “Barragens de terra e enrocamento”, publicação da Editora Oficina de Textos