Fernando Flávio Marques de Almeida, grande referência da Geologia, faleceu no último 2 de agosto, deixando um grande legado para a comunidade científica brasileira, em especial, o livro Geologia do Brasil, lançado no mês de maio deste ano.
O geólogo Uma homenagem à Fernando Flávio Marques de Almeida (Fonte: Wikimedia Commons)
Fernando Almeida nasceu em 1916, no Rio de Janeiro, mas estudou em São Paulo, graduando-se em Engenharia Civil na Escola Politécnica, unidade na qual permaneceu durante 35 anos. Até 1969, esteve em regime de tempo parcial, o que lhe permitiu ingressar e atuar em outros órgãos, como no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Depois desta data, assumiu regime de dedicação integral à docência e pesquisa. Aposentou-se em 1974. Em 1978, recebeu da Poli o título de professor emérito. O professor tem em sua lista de contribuições mais de 300 livros.
Segundo matéria da Folha de São Paulo, Fernando recebeu em 2013 uma bela homenagem de seus colegas: um mineral descoberto no interior da Bahia foi batizado de “Almeidaita” – em referência ao sobrenome do geólogo. Muitos são os seus admiradores, e, dada a sua importância, convidamos o professor Celso Dal Ré Carneiro, um dos organizadores da obra Geologia do Brasil, para contar um pouco da sua experiência e convívio com o cientista.
Almeidaita, nomeada em homenagem ao Prof. Fernando Flávio Marques de Almeida
Comunitexto (CT): Qual é a importância da obra e atuação de Fernando de Almeida para o desenvolvimento da Geologia no Brasil?
Celso Dal Ré Carneiro (CDRC): O Professor Paulo Cesar Soares escreveu um e-mail há alguns dias, quando do falecimento do Professor Fernando de Almeida, e expôs aquilo que todos sabem: Fernando Flávio Marques de Almeida esteve sempre à frente de seu tempo.
Veja este trecho mais longo que extraí das palavras de Paulo:
“Já pesquisador, com outros colegas, investigamos a divisão do Botucatu; FFMA já a havia percebido. Depois, mapeamos a divisão do Bauru; FFMA já a havia discutido, dividido e denominado, por exemplo, Formação Marília.
Então investigamos e mapeamos a divisão do Grupo Itararé em São Paulo; mas FFMA já havia o dividido em cinco formações, examinando os testemunhos de um poço do CNP e a quadrícula de Piracicaba. Levantamos as formações superficiais associadas às paleossuperfícies no centro sul do Brasil; FFMA já as havia reconhecido e denominado.
Investigamos a divisão em sequências sensu Sloss, nas bacias do Paraná, Amazonas e Parnaíba; lá estavam as pegadas do mestre. Passamos a mapear e estudar o Pré-Cambriano do Sul de Minas; as grandes unidades já haviam sido definidas por FFMA (e por Ebert).
Um amplo projeto para o Pantanal, uma bacia interior atual; lá FFMA já havia trilhado e revelado ideias inovadoras, incluindo sua formação Xaraiés. Investigamos as paleossuperfícies no Paraná; FFMA já as havia dividido e denominado”.
CT: Você trabalhou ao lado do geólogo Fernando desde que se formou na USP, primeiro como seu assistente e depois no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) por 18 anos. O que poderia dizer de mais relevante neste tempo de convívio com o Pesquisador?
CDRC: O IPT foi importantíssimo para o Professor Fernando. Ele teve ali seu primeiro e também seu último emprego formal. Ao se desligar, em 1995, já tinha ultrapassado os 70 anos de idade, mas não tinha perdido um micronésio de sua lucidez.
Durante esses 18 anos finais de trabalho no IPT, o Professor orientou pesquisas, participou ativamente de projetos, foi ao campo inúmeras vezes e elaborou trabalhos de enorme importância científica – alguns dos quais serviram de base para essa edição de Geologia do Brasil.
Fontes: Site da USP e Jornal Folha de SP (currículo e curiosidade), Fabre Minerales (foto Almeidata).