Principal método de explotação a céu aberto na Europa, na lavra por tiras o estéril é lançado diretamente em áreas adjacentes já lavradas
A mineração a céu aberto em sua forma mais simples foi o primeiro método de lavra de carvão. Utilizando picaretas e pás, os mineiros mais antigos escavavam o carvão exposto à superfície ou em afloramentos.
Até o início do século XX quase toda a produção de grande escala desse minério valia-se de métodos de lavra subterrânea. Desde então, as práticas de lavra a céu aberto com o uso de grandes equipamentos cresceram enormemente. Nos Estados Unidos, a mineração a céu aberto lavra carvão a mais de 70 m de profundidade e é responsável por mais de 60% da produção desse minério no país.
A lavra por tiras (open cast, em inglês) é o principal método de explotação a céu aberto empregado em jazidas de carvão na Europa, nos Estados Unidos e em outros países mineradores desse material. A metodologia é similar à da lavra por bancos, exceto por um único e crucial aspecto: o estéril não é transportado para ser depositado em pilhas, mas sim lançado diretamente em áreas adjacentes já lavradas.
Nesse método, o estéril é geralmente removido por grandes equipamentos, tais como shovels e draglines ou mineradores contínuos (Imagem: Divulgação)
O manuseio do material é efetuado em uma operação conjugada de escavação e transporte denominada casting em inglês. O capeamento de cobertura da jazida pode ser transportado para fora da mina por correias transportadoras e então depositado fora das áreas lavradas, ou, alternativamente, ser feito por meio de dois estágios: um por casting e outro por caminhões, sendo o solo superficial estocado e preservado para reabilitações posteriores.
A operação conjugada de escavação e transporte é o que distingue esse método, tornando-o o de mais alta produtividade e o de mais baixo custo entre aqueles mais utilizados. Tal qual aquela por bancadas, a lavra por tiras é classificada como um método de grande escala e de produção em massa, e, juntamente com a primeira, é o mais popular método a céu aberto. Mais da metade da produção de carvão nos Estados Unidos é realizada por esse método.
Entretanto, não é somente a troca dos caminhões pela operação conjugada que torna o método tão atrativo. O depósito do estéril nas áreas recém-lavradas reduz ao mínimo as distâncias médias de transporte desse material, além de a concentração das atividades em uma área restrita favorecer o processo de reabilitação, que poderá iniciar-se imediatamente após a lavra.
É o método mais adequado para jazidas de certos minérios específicos, como bauxita, carvão e xisto betuminoso (Imagem: Revista Alumínio)
Assim, o fator-chave que sustenta a alta produtividade do método é a produção do equipamento que escava as tiras, ou seja, que faz o decapeamento. Ao utilizar os maiores equipamentos de movimentação de terra do mundo nesse tipo de lavra, a altíssima produtividade fica garantida.
O uso desses equipamentos gigantescos limita o número de frentes de lavra, não sendo incomum a produção se tornar altamente dependente de um único equipamento, que, se parar, por defeitos mecânicos, manutenção preventiva, fenômenos climáticos ou qualquer outro motivo, ocasionará perdas importantes de produção.
Uma vantagem desse método é que o corte é aberto por um período muito curto, o que permite a manutenção de um ângulo da face do talude superior do banco (highwall) mais aprumado. Os bancos provisórios no estéril também terão uma pequena “vida útil” e poderão ser mantidos com um ângulo igual ao de repouso natural do material estéril, uma vez que a recomposição topográfica é feita logo a posteriori.
Diferentemente da lavra por bancos, o mesmo equipamento não pode ser usualmente adotado para a remoção do capeamento e a lavra. A remoção do capeamento requer equipamentos de escavação específicos, de grande produção, enquanto a lavra do carvão ou de outro minério é conduzida com equipamentos convencionais de carregamento e transporte. Além disso, as diferenças de material no capeamento (solo ou rocha fraturada) e na lavra (geralmente carvão detonado ou não) requerem diferentes equipamentos para manuseio.
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Capa do livro “Lavra de minas”, publicação da Editora Oficina de Textos