Nas usinas, é sempre necessária a formação de estoques de matéria‑prima, de produto acabado ou, ainda, estocagem de produtos intermediários, por alguma das seguintes razões:
- Formação de reservas para a operação na época de chuvas, paradas previstas ou de emergência da mina.
- Pulmão entre operações de períodos ou vazões diferentes (por exemplo, entre usina de concentração operando três turnos diários e mina e britagem primária operando apenas um).
- Aguardar a chegada do meio de transporte (trem ou navio, por exemplo) para poder embarcar.
- A necessidade de homogeneizar o material que alimenta determinadas unidades, para evitar flutuações das características da alimentação e consequentes perdas de controle do processo, é uma exigência cada vez mais frequente da operação industrial.
A estocagem, genericamente, pode ser efetuada de três maneiras: em vagões ferroviários, em silos e em pilhas.
A estocagem em vagões ferroviários não é prática usual no Brasil, embora seja comum nos EUA, especialmente com carvão para uso térmico. Ela é praticada principalmente em pontos de transbordo, para evitar a movimentação do carvão do vagão para uma pilha e da pilha para outro vagão: evitam‑se dois tombos do material! Isso significa custos, degradação do carvão, geração de poeiras e sujeira.
A imobilização de capital nessa prática é grande: a par com o capital imobilizado no terreno (da mesma ordem ou maior que em pilhas), existe o capital representado pelos vagões e ramais ferroviários, mais o lucro cessante decorrente da paralisação dos vagões. Assim, só se justifica por prazos relativamente curtos.
Entretanto, o custo operacional é praticamente nulo, bem como os efeitos do manuseio (degradação, segregação e perdas) sobre o minério estocado, de modo que deveria merecer maior atenção, especialmente no caso de matérias‑primas minerais que não demandam homogeneização. Naturalmente, a bitola das vias férreas tem que ser a mesma.
A estocagem em silos se aplica a quantidades moderadas para o consumo de, no máximo, alguns dias. É, pois, no campo da mineração, o caso característico é de estoques intermediários ou de estoques de material em processamento durante o beneficiamento.
A estocagem em pilhas é o método mais utilizado na mineração. Deve‑se ter em mente que estocar em pilhas exige regras e critérios e tem limitações sérias quanto, por exemplo, à perecibilidade do material e à granulometria (para evitar perdas pela ação do calor, do vento e da chuva, além da contaminação por outros materiais), que impedem a sua utilização, ou exigem cuidados especiais no projeto do pátio, ou, ainda, forçam providências complementares (pilhas cobertas, por exemplo).
A grande vantagem sobre os outros processos é a de permitir a estocagem de grandes quantidades, por longos períodos de tempo e a custo relativamente baixo. É claro que condições especiais exigem soluções especiais: por exemplo, o empilhamento de fertilizantes solúveis é feito em pilhas – dentro de armazéns cobertos.
As pilhas podem ter os formatos mais variáveis, dependendo das características do material e das disponibilidades de espaço e equipamento: cônicas, prismáticas, prismas de seção trapezoidal, prismas com eixo circular ou semicircular etc.
A altura da pilha dependerá da degradação mecânica do material sob o peso das camadas sobrejacentes, das características do solo em que se apoia a pilha e do equipamento disponível.
Para saber mais
Para saber mais deste assunto confira o livro, Manuseio de sólidos granulados organizado por Arthur Pinto Chaves. Esta obra é o 5º volume da coleção Teoria e Prática do tratamento de minérios.
Manuseio de sólidos granulados aborda de forma didática os principais temas relacionados ao manuseio e estocagem de sólidos granulados, como estocagem em pilhas e silos, alimentadores, transportadores de correia, amostragem e disposição de rejeitos. Repleto de ilustrações e exercícios resolvidos, esta é uma referência essencial para acadêmicos, estudantes e profissionais das áreas Mineração e Metalurgia.