Beneficiamento a seco no tratamento de minérios tem ganhado notoriedade após a tragédia ocorrida na cidade de Brumadinho (MG) em 25 de janeiro de 2019. Mas você sabe como funciona esse tipo de mineração?
1/4 das barragens de rejeitos de minério com alto risco são da Vale (Fonte: Veja)
O cenário em Brumadinho, município brasileiro no Estado de Minas Gerais, é assustador. Centenas de pessoas mortas. Outras centenas desaparecidas e alguns poucos sobreviventes. Em meio ao caos que se instalou por lá, as pessoas parecem ter chegado num consenso: era uma tragédia anunciada. E um dos principais motivos está relacionado à escolha do tipo de barragem.
Ricardo Salles (Ministro do Meio Ambiente) disse que o modelo de barragem a montante, como o usado pela Vale em Brumadinho (MG), é “antigo” e “superado”, e que “havendo alternativa técnica, não tem por que manter algo superado, algo antigo e que tem um risco inerente, que é esse modelo de barragem, sobretudo essa construída a montante, que mostrou a fragilidade“.
O ministro defendeu ainda uma substituição rápida do modelo a montante pelo modelo a seco nos casos em que “for possível”. Vamos então entender como funciona esse método de beneficiamento de minério.
Sistema dry ou a seco
No processo a seco, a água é dispensada e, após a britagem e o peneiramento, o material já está pronto para o mercado. Além dos ganhos ambientais, já que a seco não é necessário construção de barragem, nem captação de água do meio ambiente, existe um ganho real na produtividade e uma enorme economia de recursos: menos energia, menos etapas de produção, menos equipamentos e uma operação muito mais simples e segura para todos.
Além disso, no beneficiamento a úmido sempre há perda de material, que é arrastado pela água e bombeado para enormes barragens de rejeito. Já a seco, 100% da massa é recuperada e comercializada. A mineração a seco, no entanto, não pode ser aplicada a todos os minérios, pois algum deles apresentam baixo teor e necessitam de processos de concentração, o que requer o uso de produtos químicos para a separação do material, sendo normalmente necessário o uso da água.
As jazidas de ferro de Minas Gerais, por exemplo, possuem um teor menor que o exigido pelo mercado, portanto é necessária uma concentração do minério por meio de produtos químicos que reagem em presença de água para separar o material sem valor econômico(rejeito) do minério. Em Carajás-PA, o minério de ferro atende naturalmente às exigências do mercado por ter um teor naturalmente alto, sendo assim, não necessita de concentração por meio químico e consequentemente não produz rejeito líquido ou pastoso e nem há necessidade de barragens.
Para saber mais
Conheça a coleção Teoria e prática do Tratamento de Minérios, organizada por Arthur Pinto Chaves:
1. Bombeamento de polpa e classificação – 5ª edição
2. Desaguamento, espessamento e filtragem – 4ª edição
3. Britagem, peneiramento e moagem – 5ª edição
4. A Flotação no Brasil – 3ª edição