A segunda edição do livro Rochas ígneas e metamórficas, publicada pela Editora Oficina de Textos, é uma obra única, tanto no cenário nacional, quanto no internacional da petrografia. Rico em imagens do acervo pessoal do autor, impressas em cores e em excelente qualidade, o livro apresenta diversos exemplos de aplicação de materiais pétreos na arquitetura e em monumentos em conhecidos em todo o mundo.
Essa obra busca, por meio de uma linguagem direta e simples, preencher uma lacuna na literatura de geologia ao tratar da petrografia microscópica das rochas e da petrografia macroscópica das degradações.
O autor de Rochas ígneas e metamórficas, Antônio Gilberto Costa, conversou com o Comunitexto a respeito da obra. Confira!
Comunitexto (CT): Qual foi sua motivação inicial para escrever o livro?
Antônio Gilberto Costa (AGC): De início, a motivação foi, e de certa forma continua sendo, a ausência de material em português tratando da petrografia microscópica para rochas ígneas e metamórficas.
No mercado brasileiro, encontram-se excelentes obras em inglês e português, mas sempre tratando da parte teórica (petrogênese) e nada voltadas para a parte de identificação das rochas.
Poucas tratam da petrografia macroscópica, mas esta não é adequada para a identificação, por exemplo, das rochas ígneas e metamórficas. Ou seja: identificação correta, somente com as informações microscópicas.
CT: Qual o grande destaque do livro?
AGC: Além do fato de ser uma obra em português e trazendo exemplos brasileiros, entendo que o grande destaque está na petrografia das degradações. O assunto não é tratado em nenhuma outra obra do meu conhecimento (no Brasil ou fora dele).
No exterior se encontram algumas obras sobre petrografia microscópica e raros glossários ou apostilas sobre degradações (mas nunca juntos).
CT: Quais são as novidades que a nova edição apresenta ao leitor?
AGC: A novidade é a conexão entre a petrografia de rochas (microscópica) e a petrografia macroscópica das degradações. Após adquirir conhecimentos sobre as rochas, o interessado poderá entender o porquê das degradações das pedras (extensão etc.).
Um geólogo (estudante) poderá se deter nos primeiros quatro capítulos e não se interessar pelos dois últimos. Um conservador (arquiteto ou engenheiro civil) poderá se interessar pelos dois últimos e terá nos quatro primeiros informações suficientes para entender as degradações.
Mas nada impede que geólogos também se interessem pelos dois últimos capítulos. No momento, faz-se um esforço para demonstrar aos geólogos e estudantes de Geologia que existe “vida geológica” nas aplicações de materiais pétreos e no estudo das degradações, entre outros.
De modo geral, “nós” e o mercado de trabalho passamos a falsa ideia de que só importa o ferro, o ouro, o carvão, os recursos hídricos etc.
A indústria da construção civil e de materiais, por exemplo, necessita desse apoio do geólogo, pois é ele que entende das rochas, e elas são aplicadas em diferentes condições. Mas geólogos veem esses materiais aplicados como sendo de “segunda classe”, e as empresas de extração e de beneficiamento só recentemente abriram-se para contratar geólogos.
CT: Qual foi sua motivação para acrescentar os dois novos capítulos?
AGC: Disponibilidade e necessidade no mercado de trabalho de profissionais atuando de forma interdisciplinar. Na indústria da construção envolvendo a utilização da pedra (contemporânea ou histórica), o geólogo deveria fazer a caracterização e produzir diagnósticos de degradações apoiando, por exemplo, o trabalho do conservador. Ou ele poderia, com suas informações, ajudar arquitetos e engenheiros na escolha de materiais pétreos a serem aplicados com o menor risco de inadequações.
Quantos materiais foram aplicados (no passado e no presente) de forma inadequada por falta desse conhecimento geológico? Inúmeros! Resultados disso: degradação de rochas e deterioração de monumentos e outras edificações.
Exemplo de aplicação de materiais pétreos. (Imagem presente no livro Rochas ígneas e metamórficas. Todos os direitos reservados.)
CT: No livro, é utilizado o termo “degradação” de rochas e não “patologia”. Existe algum motivo específico para o uso do termo nesta área? Existe alguma diferença entre a aplicação dos termos?
AGC: No passado, com muita frequência descreveram-se ou identificaram-se problemas das rochas aplicadas (das pedras) como sendo patologias (doenças), como na medicina! Atualmente, existe um certo consenso, a partir de uma proposta do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS – International Council of Monuments and Sites), em tratar essas “doenças” como degradações, e, se elas causam problemas para as edificações, isso significa deterioração (danos) dessas edificações em diferentes sentidos e escalas.
CT: A quem a obra se destina?
AGC: Geólogos, com certeza, pela parte da identificação das rochas, mas também arquitetos, conservadores, engenheiros (civis e materiais), pela parte aplicada.
Livro tem imagens que ilustram e exemplificam o conteúdo abordado pelo autor
Além dos estudos inéditos de Costa, Rochas ígneas e metamórficas é um livro carregado de fotografias retiradas do acervo pessoal do autor. Estas cumprem com a função de exemplificar toda a teoria abordada na obra, de modo a tornar o conhecimento visível e aplicável para o leitor.
Confira a degustação da obra clicando aqui.
Capa do livro “Rochas ígneas e metamórficas: petrografia, aplicações e degradação – 2ª ed.”, publicado em 2021 pela Editora Oficina de Textos